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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

VARGAS NETTO

 

 

Manuel do Nascimento Vargas Netto (São Borja, 1903 — (Rio de Janeiro),(1977)[carece de fontes] foi um poeta, jornalista e radialista brasileiro.

 

Formou-se em Direito. Exerceu o jornalismo em Porto Alegre e no Rio de Janeiro. Foi o poeta regionalista mais expressivo do Rio Grande do Sul.

 

 

 

VARGAS NETTO.  Textos de Luiz Simões Lopes, Mário Kroeff, Raul Bopp, Vianna Moog. Ilustrações de Vladimir Machado.  Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.  45 folhas soltas.  Edição em homenagens a pessoas e entidades ligadas à preservação dos valores tradicionais do Rio Grande do Sul, destacando-se a função do C.T.G. (Centro de Tradições Gaúchas Desgarrados dos Pagos.  Exemplares numerados.  25x35 cm.  Col. (EE)

 

 

FARRAPO

 

Esfarrapado senhor do seu desuno!

Nobre esbanjador da coragem!

Milionário dos impulsos generosos!

Pródigo do amor! Perdulário da fé!

 

Tua carne se esfarrapou como a tua roupa...

Teu sangue rolou como a água da chuva,

Empapando o coração de tua gleba

E fertilizando a liberdade no teu pago!

Mas a tua alma continuou inalterável,

clara e vibrante como uma adaga de prata,

no pulso firme da tua vontade!

 

Vibraste pela glória de ser livre,

pela ventura de ser forte, leal e bom...

Foste tão generoso para a vida de tua ideia

que nunca lhe regateaste a paz do teu rancho

nem a vida do teu corpo!...

 

E morreste, como Deus quis,

no grande leito do campo!

Teu coração deu o último latido

sobre o chão da tua querência...

Face a face com o mesmo céu,

que doirou as tuas vitórias

no velho ouro do sol,

e, depois, te amortalhou naquele veludo imortal

de uma noite profunda do pampa!

 

 

ADAGA

 

Velha adaga de prata, alma de aço,

que autorizaste altaneria e desafio,

toste a continuação atrevida de algum braço...

Mas naquela mão firme

em que tu foste ameaça

nunca mais te agitarás!...

 

          Eras a amiga fiel de horas amargas,

que nas cargas e entreveres te luzias,

a servidora sem descanso e sem fadiga

quando trazias o teu gume afiado

e a ponta como a cara do perigo!...

 

 

 

 

Terias servido ao bem como ao pecado?!...

Mas» como adivinhar adaga nua?!

Pulaste tantas vezes da bainha,

que esta afinal se perdeu de desprezada,

pela incerteza de servir-te ainda!...

 

O S do teu punho é afirmativo

          — prata golpeada que já nem branqueja —

como a inicial de um Sempre ou de um Sim

conjugando o verbo Ser do teu destino

resolutivo e fatalista como um Seja!...

 

 

 

 

VARGAS NETTO.  Joá.  2ª. edição.   Porto Alegre: Edição da Livraria do Globo, 1927.  54 p.  11.5x16.5 cm. “Tendo-se exgotado, em poucos dias, a primeira edição deste livro, limitada a 150 exemplares, para satisfazer a curiosidade publica é feita esta segunda, perfeitamente idêntica à original. Os Editores”.  Col. A.M. 

 

(conservando a ortografia da época)

 

 

J  O  Á

 

Arbusto humilde á beira ao caminho. . .

Joá!

 

Mostra, ás vezes, entre a irónica maldade

                                                 dos espinhos,

as flores e os fructos que elle da.

Os seus fructos encarnados,

como imotas de sangue que gelassem

na ponta de seus braços eriçados,

não tem gosto algum.

E as suas flores alvas,

estrellam a indiferença verde das folhinhas,

sem. perfume nenhum.

Sou como o Joá !

Pois vejo,

ao fim de todo o meu labor,

que só dou flores que não têm perfume

e só dou fructos, que não tem sabor.

 

 

 

A ESQUADRA FARRAPOS

            (Expedição a Laguna)

 

 

        Avançam, pesados, no tranco pausado

        das longas fileiras de juntas de bois,,
em marcha ondulada por sobre os cochilhos,
os lanchões farroupilhas ao rumo do mar....

E por sobre esse verde pampa infinito,
como um mar paralítico, onde a água morreu,
passa a esquadra farrapa, com um só marinheiro,
porque os outros — campeiros — nada sabem fazer!........

Mas a glória é um mistério que o ideal santifica!
E afinal o que é vida, quando o sonho é maior?!...
Nada vale um perigo quando a morte é esquecida!
Vão marchando os gaúchos com lanchões para o mar...

São estranhas carretas, que esses bois vão puxando,
as carreta da glória apinhadas de sonho...
Ali vai a esperança de José Garibaldi
e a maior das audácias dos heroicos pampeanos...

 


HADAD, Jamil Almansur, org.   História poética do Brasil. Seleção e introdução de  Jamil Almansur Hadad.  Linóleos de Livrio Abramo, Manuel Martins e Claudio         Abramo.  São Paulo: Editorial Letras Brasileiras Ltda, 1943.  443 p. ilus. p&b  “História do Brasil narrada pelos poetas. 

HISTORIA DO BRASIL – POEMAS

DEFINIÇÃO TERRITORIAL DO PAÍS  

Foto extraída de: portaldasmissoes.com.br

Conquista das Missões

A princípio eram quatro,
em seguida quarenta,
depois quatrocentos
e afinal mil e tanto...

Conquistavam os Povos das Sete Missões
se heroicas vontades de dois rudes gaúchos,
Ribeiro de Almeida e José Borges do Canto!

Só levaram de auxílio o instinto da terra,
que os vira nascer...
E as Excelências e Altezas ficaram de longe,
tomadas de espantos,
e descrendo da empresa, que simples gaúchos
resolveram fazer!

E não deram auxílio, e ficaram de longe,
as Excelências e Altezas, com as tropas armadas,
que para o combate enviara-as El Rey...

 

Mas os heróis avançaram,
sem pedir cousa alguma na conquista da terra!
E, valendo por todo um exército,
levavam no peito a coragem e o instinto da raçaaaa,
que nasceu para a guerra...

O que era empecilho ao espanhol inimigo,
a chuva, e o frio, e o vento,
e a rudeza da terra, lhes servia de auxílio!
Assim, em menos de um mês,
dois gaúchos fizeram, o que em anos de lutas,
nem Marqueses, nem condes, nem Duques,
conseguiram fazer!...

 

        As Capitais

Sobre a mais alta das colinas
foi o maior dos Sete Povos
com o templo mais belo das Missões:
— S. Miguel, a primeira capital!

Aí culminou o esplendor das povoações,
com as lavouras, com as quintas,
os colégios, os teares, oficina e hospital.

As ruas largas, alinhadas, dividindo os quarteirões,
das casas grandes com alpendres
com colunas e florões...

E as grandes festas religiosa,
pelas ruas enfeitadas, cheias de arcos triunfais
por onde passava a procissão
cantando hinos religiosos
feitos em língua guaraní...

Cristo Nhandejara comí borara acuera y quatiá pirera
Nandemonhangara...

E os sinos ficavam tatalando estalos claros
na manhã moça das missões...

Depois, à tarde, cavalhadas,
para os Mouros serem derrotados
pela lança dos cristãos...

Mas hoje, apenas, disso tudo,
restam as ruinas, cheias de ervas,
da grande igreja que existiu!
E sobre ela, toda a noite,
 o último fiel que reza ali —
parece que anda soluçando, à lua triste das Missões...

S. Luís Gonzaga foi mais tarde capital,
porque a derrota de Sepé
foi o passo inicial da decadência
da formosa redução de S. Miguel.

Mas, onde ser o S. Luís antigamente=te,
resta apenas da pompa que se foi
a lembrança que renova com a gente...

Aí ainda está a cidadezinha de S. Luís
de gente boa e simples com as árvores
e gauchada requeimada com o sol...

S. Francisco de Borja, a minha terra,
Foi a terceira capital das reduções.

Cidade com a terra tão vermelha
que parece feita sobre um coração...
S. Borja dos tesouros escondidos!...

Da cochilha redonda espia as águas
e fica olhando para o Uruguai,
o espelho movediço das trigueiras...

E a noite antiga, redonda espia, pelos laranjais,
ergue os perfumes novos pelo ar,
sobre os cabelos verdes da faceira...
 

              Sepé

José Tiaraiú, o Sepé, chefe guerreiro
def,ndendo o solo amado das Missões,
foi o primeiro dos caudilhos que nasceram
sob a glória deste sol...

Fez perigar as forças vinda de além mar,
com Coronéis e Generais,
o tino guerreiro de Sepé!...

Suas guerrilhas assombravam pela audácia,
os homens fardado, que traziam canhões,
e vinham, de rifles e de espadas, defendidos por
                                                         couraças!

 

O luar vinha brilhando em sua testa
pelas estrelas de muitos generais,
e a grande fé, a lhe cobrir o peito,
era couraça contra o invasor.
Mas o número de armas e dos homens
venceu altivo e forte de Sepé...

E mal sabiam, então, que brotaria,
em gerações de heróis e de caudilhos,
o sangue tapejara derramado
Na cochilha do azar de Coiboaté...

 

                         (Gado Chucro)

 

Sepé Tiaraju: Lider Guarani

Foto extraída de fronteiramissoes.com.br

*

 

 

 

 

 

 

 

Página ampliada em outubro de 2021

 

Página publicada em agosto de 2012

 


 

 

 
 
 
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