SILVESTRIN ROBERTO
Natural de São Caetano do Sul, mas reside em Porto Alegre.
De
Canção das coisas inanimadas
Porto Alegre: AMEOP – Ame o Poeta Editora, 2004
ISBN 85-98240-03-6
CANÇÃO DAS COISAS INANIMADAS
vou cantar a canção
das coisas inanimadas
pontas das facas
velas singrando o nada
vou cantar a canção
dos olhos arregalados
socos no escuro
rito contra a dor que cala
vou gritar a canção
NÃO DISSE NADA
não disse nada
mas eu sabia o que diria
o que deveria ter sido ouvido
não disse nada
sua boca fechada era tudo
eco mudo em lugar de palavras
não disse nada
negativo de foto não revelada
permaneceu gravada no silêncio
A BUSCA DA POESIA EM BURACOS
a busca da poesia em buracos
cavados no asfalto
no escuro da noite
num lugar do passado
a busca da poesia no poço fundo
onde os homens enterram tudo
a memória dos amigos
a razão dos sorrisos
as cinzas do carnaval
a busca da poesia à punção
golpes de punhal
escarafuchando a fenda
trazendo à tona
expondo ao sol
ISTO TUDO
isto tudo
foi escrito no futuro
quando eu era mais maduro
mais cortês
foi tirado do escuro
escarrado
vomitado de uma vez
foi ditado por um cego
recebido de um morcego
letra ferida com prego
isto tudo não é tudo
eu sei
é só a parte eu nãos sei.
Página publicada em junho de 2008
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