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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

RONALD AUGUSTO

 

 

Ronald Augusto,Rio Grande (RS), 1961. Poeta, músico, editor e crítico de poesia. Autor de, entre outros,Homem ao Rubro (1983), Vá de valha (1992), Confissões Aplicadas, Ed. Ameopoema, 2004, e No Assoalho Duro, Ed. Éblis, 2007. 

Blog do autor: http://poesia-pau.blogspot.com/

 

De

NO ASSOALHO DURO

Porto Alegre: Editora Ébilis, 2007

 

 

wu t´i

 

duro assistir a movimentos que não os dela

                                      imaginá-los nem pensar

                            uma flor que cai no ombro do vento

a larva de seda desentranha-se fio a fio

                                      fria aretefinalização

drapeja o lume em gotas ascendentes

                                               coração encarvoado

fluido no olho do espelho o error

                                      nuvem borrando o tempo

noite de palavras secretadas

                                      a lua rola ao seu degelo

parece distante o Moro do Engenho Velho

                                      digo-me:

                                         ainda não mandei notícia 

 

maio 1991 

 

outra fera alegórica

 

a vaca cor de barro

eu vinha de longe em longe

quando ela me viu

achei no seu olho de boi

um ameaço

 

havia uma bifurcação

por onde enfiar a esperança

e o temor

ao pé de mim a cada passo

suas bostas

 

antes deste empate

eu ouvia os sapos

cada coaxar era um buraco

esponjoso de onde um som

de água opaca 

 

 

no assoalho duro

 

me aproximo de tombar em sono suave

em bairros os cachorros latem

digo: cantam de galo no terreiro

à tarde esperam sobre esporas altaneiros

os galos a que me referi acima

ciscam em consideração às galinhas

também não sobra muito para o caderno

hão passado verão outono inverno

e muito está aqui enfeixado

e tudo mais que passou por apagado

já esse posfácio não sai fácil

feito os outros de bem outro hábito

escrever sem prévio rascunho

assim levado a reboque do próprio punho

não me é um bem como antes fora

faço papel de tolo jogral fora de hora

querendo levar a cabo missão sem solda e soldo

água em cuja superfície áporos a rodo

enquanto mais ao fundo lodo-areia

no qual não há que pise sequer de meias

e rimas oficiando o que já é um rito

acabar cuaderno escrevendo esquisito

felizmente minha fabulação manca

estou com travas na fala trancas

não há indulto possível para poeta

que não se toca ou diz não à caixa-preta

que melhor memória manuseável externa

pode haver para se ler os destroços da cena?

o pânico da audiência minutos segundos antes

o vômito no saco da crítica no chão restante

barra o sono essa conversa errorosa

melhor num outro dia dar sítio à prosa

 

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De

Confissões Aplicadas

Porto Alegre: AMEOP, 2004.

souza

cruz

&

 

um cômputo de fumaça

entre ele e o mundo

 

 

estanco um

vazio com outro

 

mais psiu a cisma que cisma

 

no tanque (fontaine)

um mijo golpeia - ainda

 

sarro sileno

 

 

JOANA INÊS NÃO TEVE UM SÃO JOÃO

 

uma árvore (quer remo

? vamos para ventarola

) nos adornava de ar

 

no bosque da noite escura (noite

em claro desbastando moscas dos cascos)

na boca dos namorados palavras

 

não passam em branco

despidas vão (dentes do

espírito) cavando clareiras

 

 

 

FISSURAS DE LINGUAGEM

 

1.

esta é a última semana mesmo

depois partir rumo ao meu tempo

(tempo cada vez mais seco

no chão não assusta o esterco:

enxuto o sol lhe foi extremo

a umidade teve bom termo)

 

estava a procurar um termo

não de todo limpo nem isento

de gralhas para dizer a tempo

de não sonhar o que a custo zero

pulsou em meu vulto-pensamento

mas só virtualmente marquei tento

não consegui conduzi-lo ao vento

dizer-lhe: rua

..........................vai ao sereno

 

entendi vão todo movimento

no tocante a este momento

difícil significar a esmo

o que era no fundo não lembro

uma idéia meia-sola sestro

nada que merecesse um metro

rimas de lado a lado um erro

 

 

2.

faltando três horas e pouco

o que posso dizer que não

seja arremate de louco?

faltando três horas de estrada

posso costurar breves panos

anos doidos com linha magra

 

posso perguntar pelo início:

por que você foi tão confuso?

respondo: lia des(a)tino

pois minha mão não anotava

de outro modo o meu destino

 

erros estocásticos são

comuns em semelhante ofício

talvez eu tenha ido longe

longe demais nesta fissura

de linguagem

 

 

 

TRINTA ANOS-LUZ. Poetas celebram 30 anos de Psiu Poético.  Aroldo Pereira, Luis Turiba, Wagner Merije, org.  São Paulo: Aquarela Brasileira Livros, 2016.  199 p.  16x23 cm   ISBN 978-85-92552-01-5  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

O QUE MAL SE EXPLICA

 

    não se faz emprestar ou separar do senso
fujo ao cimento branco da copulativa
é  cinjo-me ao calor dessa imagem que penso
flexível ao silêncio à nudez dormitiva
    cadência parafrástica puro não-ser
que lezama babuja leixa quando traga
a escuma a fumaça do escuros afazer
com que se justifica além da sua plaga

    não precisava ser lezama a sinédoque
do meu vil trobar clus saquei-o à minha estante
por amor ao acaso pra ser mais breve
chegando até aqui sem dizer o bastante

 

 

          QUE CANSA, ESTAFA

 

          tramonta o artifício da eternidade
          no plágio lacustre o eriçar dos juncos
          do pai rendeu loas a lago e abade
          a mãe resiste coberta de fungos

 

          a crocitar do bosque turva o vento
          em árdua razão a palma se alonga
          quase lanha o friúme do sereno
          enquanto a azenha a pilar toda ôntica

         

          à beira da várzea múrmuro anuro
          arredado da própria circunstância
          ele se excede no que é sem augúrio
          e assoma ao extremo da sua lâmina

 


 

 

Página publicada em junho de 2008; ampliada em julho de 2016




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