PERY MELLO
1889 – 1913
Nasceu em Cruz Alta a 4 de abril de 1889 e suicidou-se no Rio de Janeiro a 25 de abril de 1913. Poeta parnasiano e prosador atiço. Na cidade natal, dirigiu “O Papagaio”, fundado em 1902 e foi redator-chefe do “Eco do Sul”. Em Porto Alegre, onde iniciou a sua carreira militar, colaborou na “Cruzada”. Foi, ainda, colaborador efetivo da “Ilustração Pelotense”, a convite de Coelho da Costa.
Bibliografia: “Estudo crítico de ‘Frutos do meu pomar’ de César de Castro”; “O livro póstumo de Pery Mello” (Rio, 1914); “Exaltação do silêncio”, etc.
Fonte: http://www.projetopassofundo.com.br
ÓDIO
Tu, que cevas a intriga e que açulas a luta,
Ódio – vesga feição da sinistra loucura –
És o grito eternal, que a espécie inteira escuta,
Cuja origem, na idade, estonteada, procura.
Alma do instinto humano e da humana tortura,
Quando o espírito sonha e o alvo sonho perscruta,
Surges – como de Poe – na mudez impoluta
Do claustro subjetivo em que o ideal se enclausura.
Trazes sempre a protérvia em teu bico de abutre,
Cego, como um punhal que de sangue se nutre,
Derramas o extermínio entre as searas do mundo.
E, assim, semeando a morte e desparzindo escombros,
Gangrenas a piedade em teu bojo profundo
E passeias, desvairado, a aflição sobre os ombros...
Página publicada em novembro de 2016
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