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PAULO MOACIR FERREIRA BAMBIL
Poeta e declamador gaúcho, payador missioneiro, nascido em 20/12/1959, na cidade de São Nicolau no Rio Grande do Sul.
Faleceu em agosto 2019.
O RESGATE DA PALAVRA: I Antologia do Sindicato dos Escritores do DF. Brasilia: Thesaurus, 2009. 156 p.
ISBN 978-85-7062847-3 Ex. bibl. Antonio Miranda
Ecossistema – SOS aos Farroupilhas
Meu verso não é para tolo; Que se acha evoluído
Sou mesmo meio atrevido; Fazendo minhas poesias
Para os Joãos e Marias; Estes sim são eruditos
Embora estejam solitos; Restando-lhes o consolo
De fazerem parte do bolo; É o enfeite mais bonito!
Frágil ecossistema agrura; Nos pequeninos banhados
Estão ficando destroçados; Estes berços importantes
O destino não lhes garante; Existência muito longa...
Neste choro de Milonga...; Com o pé na sepultura
Assolados pela orizicultura; Não acompanha a demanda.
Vida lacustre e campesina; Do Erechim a Patagônia
Perdia só para a Amazônia; Já se vão duzentos anos
Destruídas pelos colonos; Digo em poema pra ti
Primeiro morto foi Gravataí; seguido por Santa Catarina
Na crueldade da chacina; Que ocorreu por aqui...
Eles não mermaram solito; Banhados de boa forja
Entre Itaqui e São Borja. Conhecido por São Donato
Engrossou este relato; Upamaroti em Dom Pedrito
E São Gabriel ficou ralito; Inhatinhum resta só caco
Sofrendo nesse mau trato; Sumiu tudo estamos frito.
Há pedaços de Taim e; Santa Vitória do Palmar
O assoreamento, afinal; É um fato da natureza
Mas o homem com certeza; Arrancando junco e capim
Está decretando o fim; Com sua ação predadora
Ao invés de ser protetora; E a coisa vai indo assim.
Não soluciono o problema; Mas continuo empenhado
Até o Ratão do banhado; Jacaré-do-papo-amarelo;
Lontras, perderam o castelo; Capivara e outros roedores...
População destruída a tratores; São os sem teto do ecossistema
Isto não se traduz em poema; É a tragédia aos moradores.
A cadeia alimentar e da vida; Na terra, água e até no ar
Com o tempo vai se findar; Pois uns dependem dos outros
Não se salvam nem os potros; Tudo está enrolado em falácia
As algas e caramujo Pomácea; Quase acabados a inseticida
Tomando os mariscos suicidas; Ao ingerir droga dessa farmácia
O papel do meu Rio Grande; Na sinfonia da vida em guerra
A natureza nos deu a terra...; Pra nos fazer o costado
Então vamos cuidar o banhado; Podemos outros construir
Para que possamos contribuir; Nem precisa que nos mande
Pra chimarrear com matambre; Preparando um justo porvir!
No Sul o encontro das aves; Vindas até da Groenlândia
Visitas vestidas de mandria; Influenciadas pelas águas
Passeiam em nossas plagas; Sem lugar pra fazer festas
Quase não há mais florestas; Nesse encontro de comadres
De casamentos sem padres; Mas as uniões são corretas.
Matas exterminadas lentamente; Num fenômeno sem quântica
Esvai-se a Mata Atlântica; Ações de estranha perfídia
Acaba-se a casa de orquídeas; Beleza que atrai insetos
Estes condutores seletos; De polens e até sementes
Trabalham incansavelmente; Sem precisar de decretos.
Paraísos Ecológicos do Sul; Ninguém quer que tenha fim
Maravilhas como o Taim, Por favor, hão nos deixe!
Turvo e Lagoa do Peixe; Aparados da Serra e Aracuri
Muitos outros, que não vi; De baixo deste céu azul
É o meu Rio Grande do Sul; Pois a vida começa aqui.
Não falei em aquecimento; Nem na camada de Ozônio
Por estes serem binômio; Já bem sabido do povo
O sol entra meio raivoso; Nesses furos de peneira
E vai derretendo as geleiras; Sem muito constrangimento
Criando Tsunamis violentos; E outras tantas porqueiras.
É Deus que começou a cobrar; O aluguel do planeta
Deixando muito sotreta; Com as barbas de molho
Pois Ele está de olho; Observando com espanto
Os estragos no Pago Santo; Com essa poluição no ar
Os que respiram vão acabar; E o mundo perderá o encanto.
Página publicada em julho de 2020
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