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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto extraída de https://nuhtaradahab.wordpress.com/2009

 

OSCAR BERTHOLDO

 

Nasceu no ano de 1935, em Nova Roma do Sul, e foi assassinado durante um assalto, em fevereiro de 1991. Considerado a voz mais expressiva da poesia da Serra Gaúcha e um dos maiores poetas contemporâneos do Rio Grande do Sul. estreou em livro participando da antologia "Matrícula" (1967). Foi a primeira vez que um livro de poesia editado no interior do estado gaúcho recebeu espaço nas páginas dos jornais da capital. Depois publicou: "As Cordas" (168), "O Guardião das Vinhas" (1970), "A Colheita Comum" (1971), "Poemimprovisos" (vencedor do prémio do Instituto Estadual do Livro/1973), "Lugar" (vencedor do I Concurso Nacional de Literatura da Caixa Económica de Goiás/1974), "Vinte e Quatro Poemas" (1977), "Arvore & Tempo de Assoalho" (1980), "Informes de Ofício e Outras Novidades" (1982), "Canto de Amor a Farroupilha" (1985), "CAntigas" (1986) e "Momentos de Intimidade".

Participou de inúmeras antologias, entre elas: "Histórias de Vi­nho", "Vinho dá Poesia", "Arte & Poesia" e "Poetas Contemporâneos Brasileiros - Volume 1", esta a primeira antologia publicada pelo Congresso Brasileiro de Poe­sia.

Após sua morte foram publicados: "Amadas Raízes", "Poemas Avulsos", "Boca Chiusa" e "Molho de Chaves", além de poemas nas seguintes antologias: "Poeta Mostra a Tua Cara - Volume 4", "Medida Provisória 161", "Poesia de Brasil - Volumen 1", "Poesia Brasileha para el Nuevo Milénio", "Poésie Du Brésil

- volume 1" e "Poesia do Brasil - volume 1", livro que inaugurou a série de antolo­gias oficiais do Congresso Brasileiro de Poesia.

Além dos prémios do Instituto Estadual do Livro do Rio Grande do Sul e da Caixa Económica de Goiás, obteve ainda dois segundos lugares em importantes concursos literários: no "II Concurso Nacional de Poesia Sobre o Vinho" e "Prémio Master de Literatura/1986".

Foi um dos maiores incentivadores do movimento cultural da Serra Gaúcha, exercendo forte influência em todos os movimentos literários surgidos entre os anos 1960 e 1990. Teve decisiva participação na criação do Congresso Brasileiro de Poesia, do qual foi uma das grandes atrações em sua primeira edição, vindo a ser assassinado poucos meses antes da realização do segundo evento.

 

 

POESIA DO BRASIL.  Vol. 5.  XV CONGRESSO BRASILEIR0 DE POESIA. Org. Ademir Antonio Bacca.  Bento Gonçalves: Proyecto Cultural Sur - Brasil, 2007.   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

 

O Poeta Rústico

 

Quando não houver mais o ofício

de guardar no corpo a razão de ser,

os arados conferirão as encostas,

terei a noite nas mãos.

Nunca soube medir as redondezas

das raízes nem o rosto fatal

dos que ainda não nasceram.

O vale é hóspede que se demora.

Meu outro lado necessário,

de dia nos olhos, de noite nos ouvidos

nem bem nos olhos e nos ouvidos

mas amplo dentro de mim —

árvore com as medidas dos frutos

a todos os que passarem.

Longe daqui sou condenado,

conheço a vida sem crepúsculo,

junto à mesa o sofrimento arde

como lenha seca, o tempo é lento.

Quando sós, as frutas são mais doces.

Sem ambições, nutro poemas serenos

cato seiva à força e

mais fundo o amor. Sou precário

no tamanho do mundo.

 

 

 

 

Primeira Ternura

 

Hei de ser sagrado quando plantar.

E planto entre o juízo final

e o trigo, tanta solidão

prometida às raízes sem rumo.

Emocionado, retenho em honra

o simples desejo de coincidir

com os seres sofridos.

Por isso cavo-me, planto-me

sinto a emoção das antigas sandálias

de quem conhece a verdade.

Não sei se venho do húmus,

Se venho de ser remido

para a haste cansada do mundo

amparo espigas e sulcos

sem limites de culpa.

Estarei descalço, faminto quando

a noite chegar, adivinhando

o suor sobre o peito.

Cheiro de vicissitude

cumpre dizê-lo de novo:

ó momentos volúveis de virtude,

talvez eu vim

 

 

 

 

Tema da Menina Amada

 

Como eram imensos os verdes olhos

da menina que levava a vaca

a pastar no vale sempre contínuo de

paciência. Provavelmente

alguém a tomaria por um anjo

da guarda, com os pés nus no chão

e os seios intumescidos pelo vento

perfumado. Não há nada

de postiço na menina que apanha

flores agrestes, exibindo-as sem

cuidado algum aos seus sentimentos

de silêncio. Não se ouve mais

do que o bando das flores colhidas

cirandando os vedados limites

dos olhos verdes da menina

que leva a vaca a pastar a domicílio.

Só o amor sabe povoar o vale

atarefado onde tudo é rígido,

ávido de mãos e inumeráveis

lendas de viagens tão antigas.

Como eram diligentes os olhos

da menina que sabe estar só

e sofre sem disfarces.

 

 

 

 

Do Quase Amparo

 

Os ventos não são feitos de barro,

é de fogo umedecido o corpo

dos que nascem sentados

à soleira do dia da cólera

só um barco suicida para soltar.

para o começo de todas as cantigas

um manto solto sobre o sofrimento

guarda consentidas magnólias

para o homicídio da poesia.

É preciso debruar o pudor

dos braços arrastando as estrelas,

reunir em torno da casa

as confidências sem avesso.

Em vão os velhos retratos

domésticos procuram

reter o vento, erva

amarga do abandono.

como ontem o medo assiste

às núpcias do exílio, por instinto

a morte empurra a noite.

Soa sem perspectiva um clarim

com ânsia de acordar a raiz,

faço-me princípio.

 

 

 

 

       Retrato Civil

 

Não nasci para ser lavrador de rimas

— Deus seja louvado,

cultivo os sulcos de chegar do outro lado,

ânfora do meu nome

sobre o beiral do mundo.

Nasci sem a raiva de viver

tão devagar, de manhã ordenho

minhas mãos lavradas em sonhos,

este ofício de cuidar dos pomares

do meu próprio rosto.

Aqui, as palavras cavalgam

o cheiro dos currais

sei que as raízes catam

as redondezas do bem e do mal

e a borra amarga do vinho.

Espero-te como lavrador em todas

as formas do sofrimento humilde

herdei o frágil desamparo

de estender minhas lembranças.

Fui criado para ser o lavrador

devo arar a agonia

e com as mãos calejadas escrevo

os disfarces de minha alma.

 

 

 

 

 

Página publicada em outubro de 2020

 


 

 

 
 
 
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