OCTÁVIO DORNELLES
Poeta parnasiano, pintor e cronista gaúcho. Nasceu em 1868 em Porto Alegre, onde morreu em 1905. Foi colaborador assíduo do Jornal do Comércio. Morreu na miséria e foi enterrado como indigente.
MÍSTICA
Estás de mim defronte, e luz te envolve
do sol, que longe, muito longe esplende;
e, errante e esquivo, o nosso olhar se volve
ao sol, que chamas no horizonte acende.
Um silêncio de culto a voz nos prende,
paira uma benção que nos absolve,
na luz que, vaga, a tarde lenta estende,
nos incêndios das nuvens que revolve.
Tomam teus olhos posições de prece.
Tens a feição dos mártires, parada,
de encontro à luz que, pálida, esmorece.
Ficas, até que o sol desapareça,
do clarão do poente aureolada,
tendo um nimbo de fogo na cabeça.
Página publicada em novembro de 2016
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