NELSON BARCELOS DA VEIGA FILHO
Nelson Barcelos da Veiga Filho nasceu no dia 18 de janeiro de 1928, em Viamão, Rio Grande do Sul, filho de Nelson Barcelos da Veiga e Julieta da Silva Veiga. É oficial aposentado do Exército, tendo atuado no Sistema de Controle Interno do Poder Executivo.
DEZ ANOS DE POESIA E UNIÃO. ANTOLOGIA 1988. Brasília: Casa do Poeta Brasileiro – Poebrás – Seção de Brasília, 1988. 226 p. 15,5x22,5 cm. Capa: pintura de Marlene Godoy Barreiros. Ex. bibl. Antonio Miranda
CHIMARREANDO EM BRASÍLIA
Quando sorvo o amargo mate,
Neste Planalto distante,
Sinto a todo instante
Mexer a alma do vate.
Nos roncos do chimarrão,
E a alma toda se invade
De uma imensa saudade
Da gente e do meu rincão.
Vai a alma, então, ao alto
Num voo muito elevado
Deixando o velho cerrado
Faz plagas deste Planalto.
E sempre, com muita insistência,
Retorno, pela lembrança,
Aos bons tempos de criança
Passados na minha querência.
Nesta alçada sem porteira,
Bem alto, longe do chão,
Carrego a cuia na mão
Levando, na outra, a chaleira
P´ra que a força do cevado,
Num largo tiro de laço
Aperte meu ser num abraço,
Que levo deste cerrado,
Indiada da minha querência!
Ouvi de perto meu canto,
Que o peito soluça em pranto
Amargurando esta ausência;
Pois por mais que a gente ande
Nos quatro cantos do mundo,
Sempre o amor mais profundo
Se sente pelo Rio Grande.
Se a gente sofre a distância
Dessa terra abençoada,
O mate — bendita tropada —
Faz da cuia uma estância
Bem junto do coração:
A saudade vai morrendo
E o pranto desaparecendo
Com o bem quente chimarrão!
Segue o mate sua sina
Cumprindo nobre missão,
Ponteando a tradição
Que à alma do guasca ensina.
E no chiar d´água quente
Preparando o mate-amargo,
Os braços e o peito alargo
E nos pampas digo presente!
Página publicada em outubro de 2020
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