MILTON TORRES
Milton Torres da Silva (Porto Alegre, RS, 1938), diplomata, estudo epistemologia, direito, história e considera que acordou tarde para as letras. Sua obra poética inclui: No fim das terras (2005), Andaimes (2006); Roteiro do ouriço e Poemas gregos / Greek poems (informação de 2010).
POESIA SEMPRE - Número 33 – Ano 17 / 2010. Hungria e Índice Geral. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2010. 320 p; 17,5 x 25,5 cm. Editor: Marco Lucchesi. ISSN 9770104062006 Ex. bibl. Antonio Miranda.
Trismegisto, carbúnculo da noite clara
toque da pele, andaço que ensina sem escuta
pergaminho tão glabro, e todo escrito
tua, perdeu-se a stella do zodíaco,
levaram-na as formigas de carreiro, são pudicas
e as vergonhas ocultam — pelo ar
o cheiro das partes mal banhadas,
grão por grão, da cantaria partida elevam outro templo
vagarosas, e cantam outros hinos, este
quase mudo...
favo de mel muito doce
arrulho da pomba rola que na morna sebe aninha
do estio, rosa miúda, e te foste!
A necrópole de Toth, o hierofante, jaz nas areias comburidas,
escava-a,
somos um só, e juntos velejamos ao Levante
onde os Deuses da Terra ainda vivem, vem pelo cordão da
praia, dou-te ali
o sinal
Tumba de Calímaco
a Alberto da Costa e Silva
por entre o alabastro (que a viva pele imita) crescem os
cotios brancos
de olor sutil, e saboridos
recende ao fim da tarde a flor do aliso
*
Sísifo, teu sentir é táctil,
malsão?
insone... por que não dormiste?
dormente, deixavam-se no teu só
a rede traspassaste que tendem os deuses
ante os homens. fina a malha,
saltaste-a?
aclive
puseram-no os deuses no caminho,
— roda a pedra sem queixumes!
Sísifo, teu sentir é táctil,
malsão?
O PRISMA DE MUITAS CORES. Poesia de Amor portuguesa e brasileira. Organização Victor Oliveira Mateus. Prefácio Antônio Carlos Cortes. Capa Julio Cunha. Fafe: Amarante: Labirinto, 2010 207 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
Francesca de Rimini
A Rachelle Trerice
tudo é comsumpto
e febril
a terra calcinada ascende em fuso
e à noite cai
manchando minha face e de cinza
e de rubro, rubro a que alembre
o calor do teu zelo, cinza meu luto
a corrente destes ventos o espaço desassenta
e, desfeita a minha coma e a lembrança tua
emaranhada, arrasta-me por entre os finíssimos astros
***
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Página publicada em julho de 2019- Página publicada em janeiro de 2021
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