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MARCO CELSO HUFFELL VIOLA



Começou a imprimir e a expor seus poemas em 1969, iniciando o que a crítica denominou, mais tarde, de geração mimeógrafo. Agora nos brinda com o livro VIVER A PAIXÃO DE CADA PASSO, ilustrações de Carlos D, pela editora Alegoria, Porto Alegre (2006), Coleção Palavra e Arte, que inclui quatro cartões-postais independentes.  ISBN 85-60149-05-8

MARCO CELSO HUFFELL VIOLA

 

RETRATO MAL FALADO

 

—Seu guarda:

Ele estava quase pelado

e parecia índio Pataxó

ou Txchucarramãe,

não sei.

A última vez que o vi, bebia caldo de cana caiana

na esquina de Copacabana,

vestia a camisa do Bangu

e uma sunga

que mal cobria as vergonhas.

Fazia caretas medonhas

assustando todo mundo.

Fugiu por ali,

acho que entrou na floresta da Gávea dizendo que ia pegar

a borduna

e pedir de volta o que era seu,

a árvore que o gato comeu e o passarinho que sumiu

e aqueles bichos cheios de pena.

Tenho pena

é de mim, tô com medo que ele volte

com toda a tribo

e queira nos encher de paulada

e machadada e tiros com aqueles

rifles de repetição

e nos acerte na janela.

Aqui acontece de tudo, tem tanto milagre que até Deus duvida

Aqui acontece tanto milagre que até Deus duvida

tem mudo que fala, cego que vê, paralítico que anda.

Não me admira que ele não seja índio de verdade.

Pode ser algum ator maluco

fazendo pantomima

ou algum boneco grande, de pilha.

Em todo caso, é bom verificar

havia algo estranho naquele olhar

do jeito que nos olhou

pode estar lá, empoleirado

numa mangueira,

querendo se vingar de uma coisa que não sei

que nós fizemos e nem sei se devemos pagar.

 

 

PARA NÓS

 

Nós que nascemos loucos, tortos, vesgos, errados,

feios,

de passo trocado...

Em quem Deus fez o teste e jogou a forma fora.

Que temos a cabeça grande e desejos estranhos, que somos

largos, gordos, escabelados

e olhamos o mundo através de um caleidoscópio de cores

dispersas, que amamos e reconhecemos a beleza que nos cerca

apesar dela nos evitar.

Nós que sabemos apenas o quanto nos sentimos sempre crianças

em um mundo de adultos, que somos bobos, estultos.

Que não sabemos rir e chorar sem soluçar.

Nós que de poetas, médicos e loucos todos temos um pouco,

que aprendemos o nó de forca como nosso primeiro nó.

Nós que nada somos além de pó.

Para nós que estamos sem direção, sem norte, sem sentido, foi

feita esta canção.

Errar é uma condição que a todos nós pertence.

Pouca gente sabe disto, portanto, não se assuste se não

encontrar interlocutor,

falar sozinho é uma virtude,

não espere prêmio, remédio ou recompensa

porque este mundo é uma furada, estamos aqui pra escorrer pro

amanhã ou pro

o nada.

 

 

 

Página publicada em fevereiro de 2009.

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