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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



MARCELO PIRES

Marcelo Pires, gaúcho de Porto Alegre,  é co-autor de dois livros: um infantil, Liga-Desliga, Cia das Letrinhas com Camila Franco e Jarbas Agnnelli. E um de missivas, eu te amo.com.br, LP&M, com Letícia Wierzchowski. Escreveu durante muito tempo a coluna PS do PS do PS, na revista Capricho e, hoje, escreve na Revista da MTV. É publicitário, criador de campanhas como os Gordinhos do DDD ou a dos Monstros da RBS.

De
Anotações a partir do meu astrolábio
Porto Alegre: AMOP – Ame o Poema editora, 2004
ISBN 85-98240-14-1

 

                               Acho um botão no chão.

                   Perto, fio de linha preta.

                   Vestígios do teu vestido.

                   Costuro e descosturo

                   o achado entre meus dedos.

 

                   Nossa noite

                   outra vez

                   agulha.

 

 

Estou lendo um lindo poema de Borges

e o som de um sirene ao longe

encaixa-se entre um verso e outro.

 

Estrofe seguinte, ouço passos do vizinho

escandindo-se, escondendo-se entre as palavras:

versos ou paredes?

 

Leio o poema como se fosse cego,

ecos se imiscuindo no breu. Ou braile.

minha respiração e a respiração do poeta.

 

Minha respiração e a respiração do poeta.

O hoje, veloz, invade Borges: volumes.

Suspensa biblioteca.

 

                      ****

já não desejo a visão de extraterrestres

contatos imediatos com luzes e naves e seres e martes

nem procuro nossa senhora aparecida

no fundo do mar ou nossa senhora

de guadalupe na gruta do méxico

 

não quero o cometa o eclipse o arco-íris

a esquadrilha da fumaça ou o incêndio

tanto faz a pessoa famosa que passa

ou os manifestantes pró ou contra

que se encontram em plena praça

 

inúteis godzillas no centro da cidade

- silêncio!

vejo

meu filho

dormir

 

                      ****

 

ANOTAÇÕES A PARTIR DO MEU ASTROLÁBIO

 

                              I

 

Noite de verão, na praia, vi uma estrela cadente e decidi

fazer o "pedido". As aspas não são por acaso. O "pedido",

naquela ocasião, ainda era um simples pedido. Com o

passar do tempo, foi repetido dezenas de outras vezes.

57, para ser exato. 57 estrelas, para ser honesto.

Minha constelação de destinos.

 

                      ****

 

PORTO

 

Nasci bem perto de alemães.

Lendo de longe meu Guimarães.

Rosa? Só na maçã dos rostos.

Ramos? De uvas, no parreiral.

 

Cresci assim, entre italianos.

Quase a uma país de Graciliano.

Estranhíssimo a João Cabral.

De Melo Neto estrangeiro.

 

Avenida Érico Veríssimo.

Até Amado tem uma vida.

Um vasto mundo até Drummond.

Dos sertões e de Euclides? Nada.

 

De Nelson Rodrigues o mar?

O Rio de Machado de Assis?

Daqui, dos salões de Quintana,

Não dá pra ver Copacabana.

 

Somos tristes sim, mas não trópicos.

Brasileiros, sim, mas não típicos.

E se somos tímidos, Tom,

É por total falta de bossa.

 

Tua Bandeira, Manuel, é nossa.

Nossa a tua vila, Villa Lobos.

É nossa também a tua, Noel.

Sob o mesmo céu, estamos todos.

 

Bom porto seja o céu sulino.

Veja, Vinicius de Moraes,

Aqui o sol não quer ser a pino,

O pôr-do-sol é que é demais.

 

 

 

 

Extraído de

 

POESIA SEMPRE.  Ano 13. Número 20. Março 2005. Revista trimestral de poesia.  Editor Luciano Trigo.   Rio de Janeiro, RJ: Fundação Biblioteca Nacional, 2005.  Ilus.  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

I

Sou Adélia, esta morada. Divinópolis.
Sou Manoel, este quarto, o Pantanal.
Sou Cabral, esta janela. Pernambuco.
Sou Gullar, cada mesinha. Maranhão.
Sou Quintana, esta cadeira, Porto Alegre.
Sou Pessoa. Esta emoção é Portugal.

 

II

redondilhas

papai diz você está certa
e mamãe diz certa, certa
juiz diz você está certa
e a plateia diz certa, certa

divã diz você está certa
e a igreja diz certa, certa
jornal diz você está certa
e a amiga diz certa, certa

horóscopo também diz
cartomante também diz
certa, certa, certa, certa

certa de tudo, você
deita mas não se aquieta
— Merda. Eu Estou Errada

 

III

Existe pois sim
gente que até no pois não
vê somente o não

 

IV

Surgiu verdinho novo
na pequena floreira
que vive abandonada
no parapeito da janela
lá ano quarto dos fundos

— Vou cuidar de você —
prometo a mim e a ela.
E não cumpro, e não cuido,
e evito, por uns tempos,
a janela, o meu coração.

Volto porém ao quarto,
fingindo (para quem
 ?)  
ali estar por acaso.
Nasceu pé de Lispector
berro, calado. E carmim.

 

 

 

Página publicada em junho de 2008. Ampliada e republicada em julho de 2018.

 




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