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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto:wikipedia

 

LYA LUFT

 

LYA LUFT - Escritora romancista, poeta, ensaísta e tradutora. Nasceu em Santa Cruz do Sul, RS, em 1938. Autora da Record, também tem livros infantis de uma série da Bruxa Boa. Seu livro "Perdas e Ganhos", sobre a passagem do tempo e o drama existencial humano, vendeu mais de um milhão de exemplares, e seus romances, num total de treze, são também traduzidos em vários países, da Europa ao Vietname. Ex-professora de linguística, hoje Lya se dedica apenas a sua literatura.

É colunista mensal da revista Veja e professora aposentada da UFRGS.

Faleceu no dia 30/12/2021 na cidade de Porto Alegre/RS

 

Extraído de

 

COLETÂNEA DE POESIA GAÚCHA CONTEMPORÂNEA. Organizador Dilan Camargo. Porto Alegre: Assembleia Legislativa, 2013. 354 p. ISBN 978-85-66054-002 -  Ex. bib. Antonio Miranda  

 

A CASA INVENTADA

 

A vida é uma casa que a gente inventa (ou tenta).

Com um sótão para sonhar,

porões para chorar,

um quintal para as festas e os delírios.

No meio porém passam as águas do tempo

que tudo leva de roldão, tudo

transforma em cacos, trapos, lascas.

 

Melhor montar as ondas

agarrada nas espumas, e deixar-se levar

entre estrelas, escolhas

e destroços.

Melhor se reinventar.

Melhor contemplar.

(Melhor ainda, nadar.)

Ou ele nos devora, nos cospe fora

como sementes ou cascas.

 

Um dia vamos achar na praia

o que sobrou de nós:

que não sejam só os ossos.

 

 

ILHAS

 

o que não posso dizer
o que não cabe em palavras
o que não é para olhares
profanos;
o que é calado e remoto
meu mais secreto destino
como o reverso das ilhas;
ar marinho maremoto
calado alado e sonoro:
mais que navego,
imagino.

 

 

NASCIMENTO

 

Viver é a cada dia

partejar a vida.

Que esforço, que dor,

que tempo de espera.

Ela pode nascer com muitos braços

cabeça grande demais

(— às vezes sem pernas).

Abro meu ventre,

minha alma se arreganha

como uma parturiente:

dar à luz dói.

Faço isso todos os dias,

como num palco:

aquele bonequinho

sou eu

num mundo que vou montando.

 

Mas nem tudo me assusta,
nem tudo me prende:
posso abrir algumas portas,
posso fechar outras,
posso escolher o sexo

e a cor dos olhos de cada momento.

 

 

 

 

SAVARY, Olga, org. Carne viva1ª antologia brasileira de poemas eróticos.  Rio de           Janeiro: Editora Anima, 1984,  348 p.  14x21 cm.  Capa: ilustração de Sérgio Ferro. Inclui 77 poetas ativos no final do século 20.  Col. A.M.

 

       

                Fontes

 

 

       Como fontes que de noite mansamente
boca a boca trocam seus segredos d´água,
o amor que fosse o transparente afago
da mútua solidão, teria ainda
a lúcida paixão oculta dessas águas. E nós,
trêmulas bocas de fonte sequiosas,
deixamos que brotem, fundam-se, retornem,
os silêncios do amor como um lago.
 

 

 

 

Poesia erótica 

 

Página publicada em maio de 2018; Página ampliada em junho de 2020

 

 

 

 

 

 


 

 

 
 
 
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