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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



 

LUIZ CARLOS AMARO

 

Mestre em História do Brasil pela PUC/RS, historiador no Grupo de Pesquisa GT Negros, História, Cultura e Sociedade, Associação Nacional de História/Núcleo do RS e professor de História da Rede Pública.

Publicou as seguintes obras: Negras Histórias no R.S (Porto Alegre: Evangraf, 2002); Uma Nova História Sindical (São Paulo: Scortecci, 2002),

Afro-brasileiros: História e realidade. (Org.) (Porto Alegre: EST, 2005) e participou das seguintes antologias: Lapidações. Berenice Sica Lamas, org. (Porto alegre: Evangraf, 2002), Matéria de Invenção. Caio Riter, org. ( Santa Maria: Palotti, 2002), Tempo Definido. Scortecci, org. (São Paulo: Scortecci, 2002) e Grêmio Literário Casro Alves 45 anos. Silvia Benedetti, org. (Porto Alegre: Evangraf, 2003); Poemas em Preto e Branco (São Paulo: Scortecci, 2005).
Página do autor: www.luizcarlosamaro.com


PRAZER

 

Seu rosto reflete as marcas da vida

distância medida em nossos aromas

mentiras sem falas, perna e esperma.

 

Traça um rastro no corpo esvaecido

espécies em transe, nossos homens

amor sem drama, entre tudo amei.

 

Teu prazer, pára o próximo gemido

no leito, beija, suga um ex qualquer

amante, marido, amigo, outra mulher...

 

 

ser + Ser

 

Como ser o negro mais esclarecido

sem ressuscitar o ser Castro Alves

na negritude à sombra desiludida

a esperar nascer que a morte salve,

 

nesse retumbar letárgico de lírios

a sepultar o negro X ativista,

antípodas dos mais antigos martírios

presente em todo eu maniqueísta.

 

Emerge do sonho de claro segredo,

ver em negro eis a solução: mudar

a premissa, amar o sujeito do medo,

 

 

requer sangue na cor, até na discórdia

abre internos caminhos pra reparar

nesta vida ou na morte, negros acordem...

 

   

CORDIAIS

 

Violam o eu do negro

matam seus poemas,

mas ficam as idéias

amargas de concreto.

 

Servis deturpam o papel

cúmplices no horror

com alvas mentalidades

coitaram a razão.

 

Grito em minha negra dor

neofascistas de aluguel

privam-me das letras,

mas não da liberdade.

 

 

SEGUES

 

Persegue tua sina doce menina

canto com o olhar, você se extasia

sigo teus passos na areia fina,

recito teu nome em negras poesias

 

Persegues

o rosto preto, meu negro sorriso

olhares escuros, corpos maduros

lábios molhados, língua indecisa

 

 

SONETURNO

 

Em outro tempo eu lembrava, em nossas lides,

das aventuras de moço, só libertos,

temos na prosa a noção do tempo pouco, vagos

instantes, selvagens tão somente

em lutas desimportantes, justas para crescer

semeando frases, flores em céu aberto

germe das minhas feridas, velhas aquecidas doem

na alma, são friagens na mente.

 

Vida em duplas medidas, cem causas perdidas

grandes prantos em amores vividos

das causas abraçamos a doce paixão e

no amor sufocamos em vão a nossa razão

vivemos rápido, breve, amamos tanto,

em cada canto perdemos o embalo, a libido

digo te amo sem corar, não temos mais tempo

pra namorar, só em onânico sermão,

 

manipulo texto e testículos, absorvo a tua dor e

arremato só causas de puro amor

malditas palavras, descobre em versos

meu corpo sedento, frio tremendo vil vazio

ficas na tese, encosta apenas, eis vosso papel

rijo no inverno, inerte sob o calor.

 

Outra aurora qualquer reflete uma vida,

um homem uma mulher, uma causa perdida

eternos amantes, em uma era degustaram o presente

em dupla lembram o passado

gozam o sistema fálico, falido, desejam

no tempo ternura poemas e belas metidas.

 

 


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