PRAZER
Seu rosto reflete as marcas da vida
distância medida em nossos aromas
mentiras sem falas, perna e esperma.
Traça um rastro no corpo esvaecido
espécies em transe, nossos homens
amor sem drama, entre tudo amei.
Teu prazer, pára o próximo gemido
no leito, beija, suga um ex qualquer
amante, marido, amigo, outra mulher...
ser + Ser
Como ser o negro mais esclarecido
sem ressuscitar o ser Castro Alves
na negritude à sombra desiludida
a esperar nascer que a morte salve,
nesse retumbar letárgico de lírios
a sepultar o negro X ativista,
antípodas dos mais antigos martírios
presente em todo eu maniqueísta.
Emerge do sonho de claro segredo,
ver em negro eis a solução: mudar
a premissa, amar o sujeito do medo,
requer sangue na cor, até na discórdia
abre internos caminhos pra reparar
nesta vida ou na morte, negros acordem...
CORDIAIS
Violam o eu do negro
matam seus poemas,
mas ficam as idéias
amargas de concreto.
Servis deturpam o papel
cúmplices no horror
com alvas mentalidades
coitaram a razão.
Grito em minha negra dor
neofascistas de aluguel
privam-me das letras,
mas não da liberdade.
SEGUES
Persegue tua sina doce menina
canto com o olhar, você se extasia
sigo teus passos na areia fina,
recito teu nome em negras poesias
Persegues
o rosto preto, meu negro sorriso
olhares escuros, corpos maduros
lábios molhados, língua indecisa
SONETURNO
Em outro tempo eu lembrava, em nossas lides,
das aventuras de moço, só libertos,
temos na prosa a noção do tempo pouco, vagos
instantes, selvagens tão somente
em lutas desimportantes, justas para crescer
semeando frases, flores em céu aberto
germe das minhas feridas, velhas aquecidas doem
na alma, são friagens na mente.
Vida em duplas medidas, cem causas perdidas
grandes prantos em amores vividos
das causas abraçamos a doce paixão e
no amor sufocamos em vão a nossa razão
vivemos rápido, breve, amamos tanto,
em cada canto perdemos o embalo, a libido
digo te amo sem corar, não temos mais tempo
pra namorar, só em onânico sermão,
manipulo texto e testículos, absorvo a tua dor e
arremato só causas de puro amor
malditas palavras, descobre em versos
meu corpo sedento, frio tremendo vil vazio
ficas na tese, encosta apenas, eis vosso papel
rijo no inverno, inerte sob o calor.
Outra aurora qualquer reflete uma vida,
um homem uma mulher, uma causa perdida
eternos amantes, em uma era degustaram o presente
em dupla lembram o passado
gozam o sistema fálico, falido, desejam
no tempo ternura poemas e belas metidas.