Foto: http://pioneiro.clicrbs.com.br
LUIS NARVAL
Nasceu em Caxias do Sul, Estado do Rio Grande do Sul, 1966.
POESIA SEMPRE Número 27 – Ano 14 – 2007 Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2007. Editor Marco Lucchesi. Ex. bibl. Antonio Miranda
Dante na noite
Antes que tudo.
Do milímetro de nada em que se apruma o morto.
E se agiganta.
E não há mais porta capaz
que o mantenha fora.
Antes vivo!
Proveremos, palmo a palmo, a virtude migratória.
0 sentimento aquoso de que se algo se esvai
é para seu próprio dano.
Se fica -
Tratará a dor de seus feridos.
Arremesso
O viço-eira, o viço-foco, a labareda acerba
Toda galhardia no franco arremesso
Toda penúria como prenúncio de duradoura
Fibra, no ar riscado, cai.
A imputada bastança para flagrante
Destino - tanto tenro ainda
Viço noviço na recém haste
Que inicia encanecer no broto cumprido.
Périplo
Desce desce até esses poços
Até este périplo, em torno
De obsidiantes letargos.
Obscuros têm sido. Fulgor não há.
Porém, estorvo algum permitirá que cesse.
Lembrarás dos amigos.
Camaradas quase. Anuladas máscaras
Topadas na solidão.
Verás a estranha mais cara.
E sorrirás a ideia
De jamais vir a possuí-la.
Revisitarás as pilastras
Que suportavam a casa.
Quando tu mesmo não suportavas nada.
E a consciência disso
Era só um peso a mais.
Desce desce até esses poços.
Página publicada em fevereiro de 2019 |