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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

LAÍS CHAFFE

 

Nascida em Porto Alegre (RS), Laís Chaffe dirigiu, roteirizou e produziu o documentário sobre violência sexual contra meninas Canto de cicatriz (2005), pelo qual ganhou o Prêmio Direitos Humanos no Rio Grande do Sul (Unesco e Assembleia Legislativa), prêmios de melhor vídeo independente brasileiro e melhor vídeo social no Gramado Cine Vídeo 2006, prêmio Destaque Feminino no II Tudo Sobre Mulheres (Chapada dos Guimarães), menção honrosa na 33ª Jornada Internacional de Cinema da Bahia e menção especial do júri da Federação Internacional dos Cineclubistas no II Festival Internacional de Atibaia (2007). O documentário foi exibido no Canal Brasil e Multishow, entre outras emissoras. Diretora (com Gustavo Brandau) e roteirista do curta-metragem Identidade (15min, 2002); e roteirista e produtora executiva do curtaColapso (15min, 2004). Roteirista e diretora do curta Um minuto de silêncio, apoiado pela Anistia Internacional, Conselho Municipal dos Direitos da Cidadania, RBS TV e TVE, entre outras instituições. O vídeo foi ao ar pela TVE de Porto Alegre de 19 a 30 de dezembro de 1994 e, através do Programa de Educação para a Cidadania da Anistia Internacional, teve apresentações em Londres.

Jornalista e produtora cultural, publicou os livros Carne e trigo (poemas, Castelinho Edições, 2012), Medusa (poemas infantis, Casa Verde, 2011), Minicontos e muito menos (Casa Verde, Série Lilliput, 2009) e Não é difícil compreender os ETs (contos, AGE, 2002, 112p). Idealizou e está à frente do projeto Cidade Poema, que vem levando poesia às ruas e a espaços públicos de Porto Alegre desde 2009; e da editora Casa Verde.

Participou das antologias Coletânea de poesia gaúcha contemporânea (2013, organização de Dilan Camargo), Contos do novo milênio (2006, organização Charles Kiefer), Poemas no Ônibus 2002 e 2004entre colchetes fica mais confortável (contos) e Histórias de Trabalho 1999 e 2004. Premiada no 15º Concurso de Contos Paulo Leminski (PR), no 1º Concurso de Poesia da Biblioteca Leverdógil de Freitas (RS), no II Concurso Nacional de Literatura Revelação do III Milênio (GO), entre outros. Trabalhou em diversos veículos de comunicação de Porto Alegre, entre eles Correio do Povo, Jornal do Comércio e Rádio Bandeirantes. Foi assessora de imprensa editora do site da Cinemateca Paulo Amorim, de Porto Alegre. Atualmente, é diretora do Instituto Estadual do Livro (IEL), órgão da Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul.

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS   -   TEXTOS EN ESPAÑOL

 

Carne e trigo

 

As mãos matemáticas do pai

transmutam-se

casando carne e trigo.

 

O riso afaga o kibe,

envolve a kafta,

louva as beringelas.

 

Pacificado o domingo,

nas bocas ocupadas,

o grão de bico

silencia o sal das línguas.

 

O aroma de hortelã

amansa as arestas da mesa.

 

Canela adocicando a pimenta:

assim é o tempero sírio.

 

Depois o café

arenoso e forte.

A borra no fundo da xícara

desperta piadas com rima.

Sempre as mesmas –

sempre a mesma família.

 

Mas antes o doce

(e que doce):

nozes manteiga semolina

 

nós e o passado.

Logo ali na esquina.

 

Depois

Aí veio aquela dorzinha
que não é dor de morte,
muito menos de amor perdido.

Veio aquela coisa inefável
que se sente ao retirar
o último enfeite da árvore de Natal,
ao recolher os copos
no final de festa,
ao arrumar a cama
na manhã seguinte.

 

Pressa

Era um tipo de angústia
que ansiava
por engolir o mundo.
E em seu desespero
errava as garfadas
e mordia a própria língua.
E morria à míngua.

 

Cactus

 

Seguem regando cactus

com seus versos consumados,

seus desejos de fatiota,

seus gestos de pince-nez.

 

No ar, punhais se aposentam,

restam punhos descerrados,

pulsões de terno e gravata

e impulsos protocolares.

 

Seguem regando cactus,

aram desertos, cimento.

Há vigilância nos atos

e assepsia nos leitos.

 

 

Bilhete

 

É outro o quadro, Vincent.
Espanto de lobos, Woolf.

 

Abdico a lâminas, lexotans.
Renuncio a cordas, gás de cozinha.

 

Adeus às armas, Ernest.
Lamento trair-te, Judas.

 

Já não durmo sob rodas
nem maltrato arranha-céus.

 

Prefiro o suro ao surto;
ao sangue, o sêmen.

 

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL

Selección, traducción y notas por Leo Lobos

 

Carne y trigo

Las manos matemáticas del padre
transmutan
uniendo carne y trigo.

La risa celebra
elogia
glorifica el alimento

Pacificado el día domingo,
en los comensales,
silencia la sal de las lenguas.

su aroma
las diferencias de la mesa.

dulcificando
así es el tempero sirio.

Después del café
arenoso y fuerte.
Lo que queda en el fondo de la taza
despierta las bromas
en la misma familia de siempre.

antes del dulce
(y que dulce): nosotros y el pasado.
En la esquina de allí.

 

 

 

A Magritte

 

Toda la razón

aquello no era un sombrero

la palabra pipa

tampoco no

 

 

 

Envíe una carta circular

que retorno a mi remitente:

 

y le mentí al cartero

para no leer mis digresiones

y nuevamente me cambie de casa

sin avisar

 

 

Después

 

Ahí vino aquel pesar

que no es dolor

de amor perdido.

 

Vino aquella cosa inefable

que se siente al retirar

el penúltimo adorno del árbol de Pascua,

al recoger las copas

al final de la fiesta,

al ordenar la cama

a la mañana seguiente.

 

 

 

Presa

 

Era un tipo de angustia

que ansiaba

poder tragar el mundo.

 

 

 

Poesía:

deseo hecho agua en la boca

en frente de una mesa

vacia

 

 

Notas y comentários del traductor por Leo Lobos

 

Es necesario recuperar la felicidad del traductor como instancia presente en el desafío que entraña toda traducción. Teoría y practica se desafían mutuamente y se complementan: de allí que la reflexión sobre la traducción sea inseparable de la experiencia de traducir. He realizado esta traducción a partir de los originales en portugués de Laís Chaffe desde ahí me he apartado re-creativamente del original como sugerian Ezra Pound (Hailey, USA 1885 – Venecia, Italia 1972) y Haroldo de Campos (São Paulo, Brasil 1929 – 2003). Buscando sentido por sentido y no letra por letra. Significación y sonido pues si en algo difieren las lenguas es en el recorte fonético que hacen de los sonidos pronunciables por un ser humano. La voluntad de comprender lo distinto, la necesidad de acercarse a la alteridad sin anularla. Comprender es traducir y al mismo tiempo es una feliz y necesaria actividad creativa.

 

Laís Chaffe (Porto Alegre, Brasil) Autora de los libros Carne e trigo (poemas, coleção Instante Estante, Castelinho Edições, 2012), Medusa (poemas infantes, série PoeMitos, Casa Verde, 2011), Minicontos e muito menos (Casa Verde, Série Lilliput, 2009) y Não é difícil compreender os ETs (AGE, 2002, 112p). Participó de varias antologias literarias, entre ellas, Coletânea de poesia gaúcha contemporânea (2013, organizada por Dilan Camargo) y Contos do novo milênio, organizada por Charles Kiefer (IEL, 2006). Desarrollo y está dirigiendo el proyecto Cidade Poema, que lleva poesia a las calles y a espacios públicos de Porto Alegre desde 2009; y de su editorial Casa Verde -  premio Açorianos de Editora Destaque en 2006 y hoy con un catálogo de más de veinte títulos. Escribió, produjo y dirigió el documental Canto de cicatriz (Atena Produções, 2005, en versiones de 18 y 38 minutos), vencedora del Premio de Derechos Humanos em el Estado de Rio Grande del Sur el año 2005 (Unesco y Asamblea Legislativa); de dos premios Galgo Alado – mejor vídeo independiente brasilero y mejor vídeo social en Gramado Cine Vídeo 2006 –; con mención honrosa em la 33 ª Jornada Internacional de Cine de Bahia el 2006 y de mención especial del jurado de la Federación Internacional de los Cineclubistas en el  II Festival Internacional de Atibaia (SP) el 2007. Para el projeto Cidade Poema, produjo y dirigió 20 nanometrajes con poetas gauchos leyendo sus versos. Periodista, trabajo en diversos medios de comunicación, entre ellos Correio do Povo, Jornal do Comércio y Radio Bandeirantes. Ocupa el lugar 36 de la Academia Literaria Femenina de Rio Grande do Sul. En mayo de 2012, asumió la dirección del Instituto Estadual del Libro (IEL), órgano de la Secretaria de Estado de Cultura del Gobierno del Estado de Rio Grande del Sur, cargo que actualmente ocupa. Prepara la edición de dos libros de poemas inéditos, uno dirigido al público adulto e infantil.

 

Leo Lobos (Santiago de Chile, 1966) Poeta, ensayista, traductor, artista visual y gestor cultural. Laureado UNESCO-Aschberg 2001. Autor de innumerables libros y exposiciones en Chile, Francia, Brasil, España y Estados Unidos.

 

 

Página publicada em abril de 2015; ampliada em maio de 2018.


 

 

 
 
 
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