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JOSÉ WEIS
Nasceu em Porto Alegre, RS, é jornalista diplomado. Participou nos anos de 1990 do grupo Vício & Verso, ao lado de Celso Gutfreund e José Antônio Silva. Autor de Lenhador de Samambaias (IEL, Coleção Originais, Porto Alegre, 2012).
Extraído de:
COLETÂNEA DE POESIA GAÚCHA CONTEMPORÂNEA. Organizador Dilan Camargo. Porto Alegre: Assembleia Legislativa, 2013. 354 p. ISBN 978-85-66054-002 - Ex. bib. Antonio Miranda
Epigrama
Enquanto pôde,
a neblina o encobriu
até que o sol o atingiu
Ferido de morte,
o inverno agonizava
e ninguém sabia
Quem abriu o bico
foi aquele sabiá.
Aferrado
Casco escuro, proa alta
o menino, ao lado do pai,
ia ver navios ancorados no cais.
Lá está um agora,
da janela do escritório
é possível enxerga-lo
quase por inteiro
Um navio tem soberba serenidade
desperta invejas
em breve, singrará outra vez
Ele não navega,
é um Ulisses sem Penélope
para quem voltar
Contenta-se em
ver de longe o navio
volta ao trabalho
e constata que
o café já está frio.
O insensíveis
Ai de nós todos, devotos do olvido
Esquecemos de lembrar
Uma amnésia do tamanho da cidade
Um milhão e meio de almas,
todas sem a menor memória
Às vezes, recorremos à História
como se pudéssemos apanhar
e guardar um pedaço do tempo
(E 1968 não foi isso tudo!)
Tudo muda, nada muda
Aquilo que um dia chamamos estafa,
hoje é o estresse, stress
Há alguma coisa de sinistro
ou sibilante em tudo isso.
Página publicada em maio de 2018
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