J. H. DACANAL
José Hildebrando Dacanal nasceu em Catuípe, Rio Grande do Sul, em 1943. Formado em Letras Clássicas e Vernáculas e Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é jornalista, professor e ensaísta há 40 anos. Publicou mais de vinte obras sobre linguagem, literatura, história, política e economia.
DACANAL, José Hildebrando. Lira pós-colonial. Porto Alegre: Editoria Soles, 1998. 80 p. 12x20,5 cm.
MANDATO
Não ouve a voz da vulgar empáfia,
Para ti guarda o milenar saber,
Que se até a ignorância
Em cinza se converte
De que vale sábio parecer?
INVOCAÇÃO
Vem, te peço,
Meu ardor apaga
Como a escura noite
Sobre o dia cai,
E assim me ensina
Que tudo passa
E a vida nossa
Em pó se esvai.
Depois unidos,
Teu poder e o meu,
Rufando rimas,
Arrulhando amores,
Ao vasto empíreo
Ascenderemos leves,
Qual o fumo
Que no ar se esgarça,
A olhar contritos
Com inveja pia
A rude plebe
Que feliz se afana
Na insana azáfama
Do vulgar querer.
COSMOLOGIA
Da sidérea patina
No ignoto empíreo
A girar ao léu
Não mais somos
Que nulos grãos
Que algum Criador
Indiferente
De si jogou.
Por que então,
Ó minha amada,
Me tanto negas
O doce amplexo
Por que tanto anseio,
Se somos nada,
Não importamos
E só passamos?
Página publicada em agosto de 2012
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