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JAIRO PEREIRA


“Jairo Pereira [ Jairo B. Pereira ] nasceu no Rio Grande do Sul, mas escolheu Quedas do Iguaçu (PR) para viver. Motivos: adora o Rio Iguaçu e renunciou ao êxodo rural e à busca do fazer literário nos grandes centros editorais e à rodas literárias. São escolhas que, salvo engano, determinaram sua poiésis rural-cosmopolita (pés no chão e cabeça no mundo). Que o digam seu excêntrico romance autobiográfico de pegada DADA (O abduzido) e seu intrigante manifesto poético com protonathural filosofia estética (O antilugar da poesia), entre outros.”   RICARDO CORONA

 

 

De
Jairo Pereira
CAPIMIÃ
canto plural para solo de flauta de bambu
Curitiba: Editora Medusa, 2002.
ISBN 85-902538-1-0



Capimiã é um poema-livro, cento e seis páginas corridas, sem interrupção. Escolhemos, ao acaso, duas delas:     :a terra flora:

         o milho rebenta p

 

 

         :a terra flora:

         o milho rebenta pendões debulha

os grãos sobre o tempo (tampo) de

suporte à mesa grãos esparramados

amarelo-ouro muitos matizes de outros

amarelos que subjazem ao firmado um

cão come embaixo da mesa comem

também uma galinha magra

         um gato de casa uma cutia do

mato uma capivara no cercado uns

passarinhos engaiolados peixes no açude

de águas paradas muitos grãos amarelos

         redistribuídos aos de vida vida

amarela a vida que me persegue

amarela de icterícia amarela amarela de

sóis de meio-dia

         a vida que deus me deu

         o sonho era amarelo o pesadelo

amarelo a tela pintada amarela o poema

escrito escondido amarelo tudo amarelo

em minha vida ofusca amarelo de

primeiro carro a polaka amarela de

primeira mulher :casado no papel

amarelo: amarela amarela

         a vida que deus me deu nesses

Campos do Senhor

 

         :campos soledades: onde tudo

cresce amarela anseia anima dói e

desanima .-vida provisória faina:

         um galo negro vomita

         desde cedo os grãos de milho

         vomita e configura gestos

repetidos um galo velho negro como a

lona dos barracos

         configura gestos repetidos

         quem entenderá esse sinal ao pé

da protoporta!?

         Quem entenderá o grilo verde

repetido na noite no seu canto-estrilo

estridecente!?

         Quem entenderá!? Entendo

minhas investidas nucleares nos fatos

atos o pensamento me é familiar penso

sobre o grão na terra seu germinar

silente a broca os parasitas crescidos pra

dentro do vegético entendo os ventos

vertidos do norte as chuvas elevadas

acima do rio

         entendo os enxames migratórios

entendo o balido das ovelhas o mugir

repentino das vacas os redemoinhos

espiritados a oeste de quem está ficou na

                   cidadela

endões debulhas sobre o tempo (tampo) de

s

 

 

101 POETAS PARANAENSES (V. 1 (1844-1959)  antologia de escritas poéticas do século XIX ao XXI.  Seleção de Admir Demarchi.  Curitiba, PR: Biblioteca Pública do Paraná, 2014.  404 p. 15X 23 cm.  (Biblioteca Paraná)

 

 

CAPIMIÃ: SEMTERRA SEMPRETERRA

 

[...] :admiro a coragem da prima: seu barraco de negra
lona recosturada cerzidos sobre cerzidos embaixo da velha
guaju-vira ervas parasitas abraçadas ao tronco o tanque
na lateral esquerda de quem entra a água turva do tanque
empoçada onde uma pequena rã fez morada de improviso

          a prima labora o dia a dia com suas belas filhas
adolescentes a prima
          vertida de chãos provisórios
          antes havia um Paraguai de lembranças quando
 brasiguaia sua pretensão de terra própria
          o pai se aqui estivesse ia gostar de ver a prima ali
uma mulher provida de ímpetos revolucionários uma
mulher e a prole a que não deixa faltar nada
          a prima
          seu céu de improviso exala o perfume dos lírios
selvagens da beira do Rio Iguaçu
          a prima costura os trapos da família extensões
também da negra lona de parede e teto da provisória casa
          os astros à noite recebem a luz do seu olhar:
repartido brilhante [...]

 

O rio Iguaçu
esconde a noite dos tempos
o antilugar da poesia
peixes translúcidos:
Quem o vê
serpente do Paranuhê
urbano/rural
vê o rio s’e nada mais
Moro na beira do rio Iguaçu
e não sinto medo da morte
— perigo da imobilidade —
O movimento das águas
ensina o da vida
e um não vive sem o outro.

 

 

O CAINGANGUE

 

O Caingangue me estende
as mãos
mãos limpas de terra
curtidas de embiras
nos seus olhos, noites grandes
caçadas, roçados, colheitas
aventuras de terra e rio
pinha, pinhante, pinhão
milho, mandioca, feijão
cestos trançados do viver
:a vida: no todo dia
a poesia tosca do chão
movimento, andanças
bichos no cio
balaios, chocalhos
arcos e flechas, pintados
em anilina, azuis e verdes
linguagens de mata, dias
noites, sons e tempestades
os curumins inventam
brinquedos com cipós e frutos
de estação
alaridam como gralhas
ao redor da fogueira
as pequenas almas puras
o futuro, nada ou pouco
lhes diz
em poeta, invado aquela
massa verde, invado, toco
conheço
aqueles carreiros de bichos
e homens
a flexa Caingangue transpassa
o tempo e acerta o alvo
abstrato na cores aniladas
do futuro.

 

 

NUA E IMPURA: MARILYN SEMIÓTICA

 

Estava no repasto dos meus
signos
:mesmos signos de sempre:
quando Marilyn Semiótica
apareceu, aparecida apareceu e
me encaixou em sua vida de
símbolos transternecidos do
dizer, um tal de reduzir o
discurso ao necessário
mezotelegráfico choque
refratário, onde nada pode sobrar
pra poesia que invento todo dia:
florida espasmódica panfletária
repartida esparramada sem
condicionantes visuais ou
metáforas pré-definidas
Marilyn Semiótica puthícida
morrisiana, ancas à mostra
loura eburnecida [...]

 

 

Página publicada em março de 2011. ampliada em junho de 2016

 

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