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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

JAIME VAZ BRASIL

 

Jaime Vaz Brasil é psiquiatra e escritor. Diretor técnico e docente do Instituto Fernando Pessoa. Possui seis livros publicados e recebeu vários prêmios literários e em festivais de música. Dentre eles, o Prêmio Açorianos de Literatura e o Prêmio Felippe d'Oliveira. Alguns dos poemas foram musicados, e há dois livros com os poemas em cd: "Os Olhos de Borges", musicado por vários compositores, e "Pandorga da Lua", musicado por Ricardo Freire.  

 

“Cumprindo o fascinante itinerário de revisitar Borges em seu universo de enigmas, mitos e sombras, Jaime Vaz Brasil aos poucos vai urdindo uma sintaxe de espelhos, uma gramática de silêncios, uma nova geografia  de impressões e sutilezas.  José Fogaça

“Um livro absolutamente fantástico. O próprio Borges se orgulharia.” Mocyr Scliar

“Um dos livros mais deliciosos que o Rio Grande do Sul publicou nas últimas décadas.” Armindo Trevisan.

Veja mais em:   http://www.artistasgauchos.com.br/jaime/?pg=2702 

 

BRASIL, Jaime Vaz.  Os Olhos de Borges.  2ª. ed.  Porto Alegre: WS editor, 1999.   111 p.  (série Poemas)  14x21 cm.  Inclui um CD

 

Os Quatro Espelhos

Quantas nuvens
passarão ligeiras
no olhar das aves?

No olhar das aves há um espelho.

Quanta estrela
dormirá sem brilho
no olhar da lua?

No olhar das aves há um espelho.

Quantos verdes
correrão exatos
no olhar dos tigres?

No olhar das aves há um espelho.

Quantas cores
pulsarão mais vivas
no olhar dos cegos?

No olhar dos cegos
o espelho vai ao centro
da alma, vista por dentro.

 

Gramática do Silêncio

Visto por fora, o silêncio
não é macio e nem rude:

Mansidão de tempestades,
mar em fúria nos açudes.

Não há vazio que seu corpo
já não dimensione; antes,

tem algo de escombro e febre
de morto. (Frio e distante).

A quietude dorme o sono
de quem pôs vento e areia

contra o olho da palavra
que em cada frase incendeia.

 

A Medula da Noite

Noite a noite
o mundo desbota.

O dia amanhece
menos.

Maratona:
    círculo
aos pátios da sombra.

A medula da noite
ensaya su marasmo.

Na matéria do vento
danza el último gris.

Lavrado em sombra
decreta-se
     o naufrágio da luz:

um tombo

 

POESIA SEMPRE. Revista semestral de Poesia.  Ano 7. Número 10 abril 1999. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura, Departamento Nacional do Livro, 1999.  253 p.  ISSN 0104-0626

 

        

         O amor nas mãos de Pandora

 

         E se nas mãos de Pandora
         dormissem os conteúdos

 

         que da caixa se soltaram
         e nos prenderam a tudo

 

         tudo o que possa ser visto,
         sentido ou imaginado

 

         na cor dos males do mundo,
         na corrente dos pecados?

 

         O que será de todos
         nós, pecadores, agora

 

         e na hora da colheita
         das flores do ir embora

 

         se no colo de outra virgem
         nascesse um novo messias

 

         pregando em nome do Pai
         perversões e rebeldias

 

         e que do céu derramasse
         um girassol, um sinal

 

         e nos fizesse viver
         sem ter juízo, afinal?

 

         O que seria de todos
         nós, livres de culpa e dolo,

 

         sem confissões nem martírios,
         seitas, ritos e consolos?

 

         No coração dos humanos
         eu, em verdade, vos digo

 

         só um problema haveria,
         qual um suspenso castigo:

 

         se o próprio Deus nos mandasse
         alguém falar em seu nome

 

         autorizando o pecado,
         o amor morria de fome.

                   O amor em pouso de ave

 

         Eis que eu te queria plena,
         mas não com ares de entrega.

 

         (Antes , o olho invasivo
         da paixão aguda e cega.)

 

         Eis que eu te queria inteira
         mas não assim, repentina.

 

         (Antes, o corpo que aos poucos
         é entregue a quem se destina.)

 

         Eu te queria fechada
         sem janelas e postigo.

 

         (Mas chave pronta em segredo
         ao que não penso ou não digo.)

 

         Eu te queria nos ventos
         só por ver-te, me consolo.

 

         Tu, o meu pássaro doido.
         Eu, tua sombra no solo.

 

         Eis que eu queria calma
         mas não constante ou tão quieta.

 

         (Antes, o denso imprevisto
         de uma tela incompleta.)

 

         Eis que eu te queria louca
         mas não assim, em conflito.

 

         (Antes, linha que me solta
         preso ao timbre do teu grito.)

 

         Eu não queria um amor
         de sangue em vidro partido.

 

         (Mas alma em pouso de ave
         ao colo dos meus sentidos.)

 

         Eu aprendi que o teu nome
         me liberta e me vigia.

 

         Por isso te quero minha.
         Para sempre. Ou por um dia.

 


        

 

 

 

Página publicada em maio de 2012. Página ampliada em abril de 2018.

 

 

 
 
 
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