IVANISE MANTOVANI
IVANISE THEREZA MANTOVANI - Natural de Caxias do Sul, RS. Reside em Porto Alegre. Graduada em Administração de Empresas. Poeta. Escritora. Publicou: — O vôo da Borboleta. PoA: Uniprom/2000. - Antologias: Brasil: Receitas de criar e cozinhar. PoA: Bertrand do Brasil, vol. 1, 1998. Org. Patrícia Bins. - Dança 50 Poemas. PoA.: Ediame, 1999. Org. Berenice Sica Lamas. - Antologia do Sul - Poetas Contemporâneos do RS. PoA: Assembleia Legislativa do Estado/Metrópole, 2001. Org. Dilan Camargo. - Presença Literária. PoA: Academia Literária Feminina/Evangraf, 2000 a 2004. - Paz, Um Vôo Possí¬vel, 2004. Org. Izabel Bellini Zielinsky. Ed. AGE - Criar e Viver - Poemas/2004. Editora Evangraf. - Poemas no ônibus. PoA: Prefeitura Municipal de Porto Alegre. 1994/95, 2000/01,2003/04. – Prêmios no país e no exterior, destacando-se: Talentos da Maturidade, Banco Real, em 1999 e 2000. Tem trabalhos publicados em Portugal, França e Itália. Pertence à Academia Literária Feminina - Porto ALegre, RS, Cadeira número 18.
Extraído de
COLETÂNEA DE POESIA GAÚCHA CONTEMPORÂNEA.
Organizador Dilan Camargo. Porto Alegre: Assembleia
Legislativa, 2013. 354 p. ISBN 978-85-66054-002
Ex. bibl. Antonio Miranda
AMOR ALIADO
Nos apelos da juventude
o tempo adiantou nossos relógios.
Apressamos o passo, era preciso.
Amiúde convidávamos Maiakovski à nossa mesa,
queríamos mudar a visão do mundo.
Eu, um breviário no bolso,
Ele, coesão à doutrina de Marx.
Plantamos inquietudes,
colhemos morangos verdes.
Senti suas mãos, de ternura,
aquecerem as minhas.
E, assim, a vida passou voraz.
Cúmplices sorríamos à troca de olhares.
Entardecendo, nos bastamos atenuando ideais.
Hoje a paixão acomodou-se ao crepúsculo
e nos lençóis o amor se fez paz.
MINHA CASA
Com o tempo lacrimal,
tristes flores
esmaecem e desmaiam
nos braços,
vasos de barro.
O alpiste prepara
almoço dos pássaros
que, na sacada,
procuram abrigo e
acomodam-se numa paz
suprema.
A quietude veste o dia.
Sai do banho a poesia
num pijama listrado.
Nos pés pantufas de algodão.
Gatos, no calor da sala,
descansam, poltronas
em floração.
Almofadas de alfazema
espalham-se pelo chão
Eu, enrodilhada no silêncio,
abraçada ao travesseiro,
afrouxo minhas algemas.
SOPA DE CEBOLA E ESPARGOS
Sopa de cebola e espargos. É domingo.
Na sala do almoço, mesa posta.
A toalha branca se enfeita em réstias de luz.
Cheia de enlevos, vovó viúva, suspira.
Ouvindo a voz musical de Puccini. Sonha!
Seus dedos em nós artríticos
fazem renda de croché
e basta a beleza própria
do modo doce, da doce ternura
dos miosótis que ela tem no olhar.
Vovô não resiste...
desce do porta-retrato,
nas mãos flores do campo (o beijo é brisa)
deposita o buquê no colo de vovó,
nos cabelos, carícias.
Como antigamente quando namorados.
Página publicada em maio de 2018
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