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ISSAC STAROSTA
Nasceu em Caxias do Sul, RS, e mora em Porto Alegre. Iniciou publicando comentários sobre livros e discos. Estreou em livro com “Poemas ao Portador”. Seu romance “Porto dos Casados” recebeu prêmio nacional do IEL/RS. “Mistério de Eléusis” (contos) foi premiado em Goiás. “Luzes da Cidade” (poesia) foi premiado no RJ. Publica poemas, atualmente, no jornal Zero Hora, de P. Alegre. Recebeu Menção Honrosa de Poesia, em 2008, no Concurso Literário do CCMA.
Extraído de
COLETÂNEA DE POESIA GAÚCHA CONTEMPORÂNEA.
Organizador Dilan Camargo. Porto Alegre: Assembleia
Legislativa, 2013. 354 p. ISBN 978-85-66054-002
Ex. bibl. Antonio Miranda
IDENTIDADE
Não sou um homo faber
A construir seus castelos
Nem sou um contemplativo
Atingindo a Suprema
Razão de todas as razões
Sou um pastor de poemas
Que toca suas ovelhas
Pelo dia-a_dia
Que não passa de ser
Um espelho do infinito
NAS ONDAS
Assim que
Me perco
Nas ondas
Da praia
Sou devolvido
Ao mar
De mistérios
Que é a vida
E ninguém
Chora tanto
Como eu
Quando perdido
De mim mesmo
Nos ônibus
Cheios de mistérios
De outras vidas
CAUSAS OCULTAS
Pensa
Na causa das causas
Pensa no prazer de fingir
Pensa no silêncio perfeito
De quem costuma
Ser feliz
Pensa
Na beleza
Que não tem coração
Pensa no problema
De amar
Ou não amar
Enquanto as folhas mortas
é que florescem
No caminho dos amantes.
STAROSTA, Isaac. O Perguntador. Capa: Ricky Bols. Porto Alegre, RS: GRAFOSUL, Industria Gráfica e Editora Ltda, em co-edição com o Instituto Estadual do Livro -
DAC-SEC, 1976. 131 p. N0. 10 919
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda
ESCADA
A escada me projeta
pelos degraus
que alteiam e consomem.
Velha escada
onde os teus patamares?
Onde um descanso
para tantos desejos
e quedas súbitas?
Num degrau sentado,
penso deter
a procissão dos séculos.
Entre o negror,
os passos apressados
de tantas vidas!
Descendo às origens.
Escada.
Subindo ao nada.
Escada.
Onde estou?
O MURO
Do alto do muro
é indiferente
dares o pulo,
dares um nome
ao teu silêncio.
Terás uma visão
de véspera:
o furor de um corpo
que se entrega:
no áspero muro
as marcas de teus dedos.
Terás do outro lado
uma inquietude
que te derruba.
E ficarás parado,
indiferente ao pulo,
sabendo
que é dentro de ti
o outro lado.
CORRENTE
Se atrás desta sala
se esconde outra sala
Se além da estrada
vem a outra estrada
Se em cada beijo
estala outro desejo
Se o fio do sonho tece
e desfia o sonho
Se um dia brilha
e permanece opaco
Então a cena
sai de cena
E amo o imprevisto:
desacorrentado!
*
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Página publicada em setembro de 2025
Página publicada em maio de 2018
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