GERSON NAGEL
Gerson Nagel é natural de Santa Cruz do Sul e radicado em Porto Alegre - RS, é da turma de 76 e fez a sua estreia literária com o livro Prometo não invejar as gargalhadas (2017), da Tiro de Letras editora. Ensaios poéticos com estética livre voltada a uma identidade visual, os mais de 80 poemas que compõem o livro convidam o ouvinte/leitor a uma viagem ao universo criativo do autor, entre textos inéditos e já consagrados. Participa de saraus pela cidade, foi selecionado em concursos de expressão nacional, tem publicações em jornais, revistas locais, até parcerias musicais, além de rodar por coletivos na capital. Participou da antologia Poesia Dá Trabalho (2008) e selecionado no concurso Histórias de Trabalho (2009), com o poema “Restauro”.
Desde 2013 tem publicado pelo coletivo de poetas Gente de Palavra. Menção honrosa no Prêmio Lila Ripoll de Poesia (2016), com o poema “Dor de Afastamento”. Selecionado no concurso Poemas no Ônibus e no Trem (2016), com o poema “ “Fio de vida entre nós” . É autor do livro digital Extatua, pelo 1º Prêmio Línguas & Amigos (2016). É o organizador da Revista Escriba, projeto do qual participa uma gama de poetas, artistas e escritores. É como costuma dizer, antes Nagel do que nunca. contato:ed.tirodeletras@gmail.com
dom de afastamento
meu talento só entrego
aos cuidados (redobrados)
de quem é pego de surpresa
revelado em seu refúgio
dando cordas ao silêncio
por doces ilusões me apeteço
de repente sufoca tanto amor
no peito trago quem me esquece
ao avesso alado me apercebo
vago horas sem chegar ao ponto
dois corpos formam um labirinto
predilecta
venha me envolver
em teus lábios
me lamber teus cílios
com regozijo
me ter na ponta dos dedos
a cada verso
assim bem delicado
em ato contínuo
como o tato para o braile
rosa sofrer
o sinal já foi dado para
evacuar toda baía como
afronte lá me fui num ato
de bravura ou total rebeldia
o dia recém raiava
e ao mar me lançava
numa furta tentativa de
surfar a grande onda que
transbordasse o morro até
desembocar tua sala me
abrir tua porta me
deitar tua cama
e no amparo dos teus
braços o delírio
deste sonho
nau de lisboa
Incito
nu a
ver
nau ir
e flutuar
invadir
a canoa
rumo à
Lisboa
em si
nu ante
o mar
onde
nasce
a lua
é sede
a tua
pele
crua
aclara
ao luar
a sede
sacia
o lugar
é tecido
e leve
mansa
mente
pousa
vivaz
a alma
ensina
a lidar
k7
tantos ouvidos a colecionaram
guardados em caixa acústica
se hoje ela apenas me enrola
pois dizem não há mais fabrico
mas continua fazendo fita
tocar no modo contínuo
a sua canção predileta
nessa caixa mais de trezentas
vozes todas soam caladas
esperando tocar na pista
virgem porém nenhuma resta
tantos já passaram a mão
nem era digital mais recupera
o prazer de voltar no lápis a fita
platônico
quero
a vida em riqueza de detalhes
quero
a agonia dos cárceres
quero
baco ecoando as tabernas
quero
amar cartesianamente a melodia
quero
emanar sabedoria platônica
quero
a dionisíaca liturgia transpassar o poema
quero
fazer valer a pena
Página publicada em 2018
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