Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POESIA SIMBOLISTA

 

 


 


FONTOURA XAVIER 
1856-1922)

 

 

Antônio Vicente da Fontoura Xavier (Cachoeira do Sul, 1856 — Lisboa, 1922) foi um jornalista, tradutor, poeta e diplomata brasileiro. Sua poesia é parnasiana, e foi fortemente influenciada pela obra de Charles Baudelaire. Entre 1876 e 1877 cursou a faculdade de Direito em São Paulo, mas não chegou a concluí-la. Entre os anos de 1874 e 1891, aproximadamente, colaborou nos periódicos Besouro, Gazeta de Notícias, Repórter e Revista Ilustrada, do Rio de Janeiro. Traduziu poemas de Edgar Allan Poe, Baudelaire, Jean Moréas, Sully Prudhomme e Shakespeare. Foi um dos fundadores, em 1880, do jornal Gazetinha, com Artur de Azevedo e Anibal Falcão. Foi redator do jornal carioca A Semana, em 1883. Em 1884, publicou o livro de poesia Opalas. Em 1887 lançou, no Rio de Janeiro, o panfleto em versos O Régio Saltimbanco, contra a monarquia. Entre 1885 e 1922 serviu como diplomata nos Estados Unidos da América, Suíça, Argentina, Guatemala, Inglaterra, Espanha e Portugal.

 

“A principal crítica de Machado [de Assis] , em tom de conselho, diz respeito à influência política e social nos seus poemas, tida pelo crítico como exagerada e permeada de discursos e ideologias ultrapassadas. Ainda assim, Xavier é mostrado pelo autor como um talento de sua geração, portador de habilidades com a escrita e de grande ambição literária.”  Extraído de http://iuriaz.blogspot.com/2009/03/me-chamou-dias-atras-atencao-uma.html

 

 

FLOR DA DECADÊNCIA

 

Sou como o guardião dos tempos do mosteiro!

Na tumular mudez dum povo que descansa,

As criações do Sonho, os fetos da Esperança

Repousam no meu seio o sono derradeiro.

 

De quando em vez eu ouço os dobres do sineiro:

É mais uma ilusão, um féretro que avança...

Dizem-me — Deus... Jesus... outra palavra mansa

Depois um som cavado — a enxada do coveiro!

 

Minh'alma, como o monge à sombra das clausuras,

Passa na solidão do pó das sepulturas

A desfiar a dor no pranto da demência.

 

— E é de cogitar insano nessas cousas,

É da supuração medonha dessas lousas

Que medra em nós o tédio — a flor da decadência!

 

 

 

“A poesia, que figura na príncipe de Opalas, com seu ambiente abafado e de esplim é nitidamente decadista, e essa intenção já se revela no título. Talvez seja o primeiro documento voluntário da corrente, em nosso país.”

“Como Teófilo Dias, Fontoura Xavier é pois poeta socialista; e também adepto do então chamado Realismo de cunho baudelairiano, ao qual hoje, em virtude de suas características, podermos aplicar o rótulo de Decadismo. Recorde-se que já Mahado de Assis  não gostava do título de “realista” nem para Baudelaire bem, em conseqüencia, para esses poetas.”
  PÉRICLES EUGÊNIO DA SILVA RAMOS, in  POESIA SIMBOLISTA Antologia. São Paulo: Melhoramentos, 1965, p.35.

 

 

POMO DO MAL                                      

 

Dimanam do teu corpo as grandes digitales,

Os filtros da lascívia e o sensualismo bruto!

Tudo que em ti revive é torpe e dissoluto,

Tu és a encarnação da síntese dos males.

 

No entanto, toda a vez que o seio te perscruto,

A transbordar de amor como o prazer de um cálix,

Assalta-me um desejo, ó glória das Onfales!

— Morder-te o coração como se morde um fruto!

 

Então, se dentro dele um mal que a dor excite

Conténs de mais que o pomo estéril do Asfaltite,

Eu beberia a dor nos estos do delírio!...

 

E podias-me ouvir, excêntrico, medonho,

Como um canto de morte ao ritmo dum sonho,

0 poema da carne a dobres de martírio!...

 

 

A poesia, datada de 1876, transpira dissoluço e sadismo: decadência, numa palavra.

Digitalis, no texto.

Onfales, pronúncia com diástole.

0 fruto do Mar Morto foi p6sto em evidência por Byron, e daÍ passou ao nosso Romantismo, com Cardoso de Meneses c Sousa, Castro Alves e outros poetas: áureo por fora, por dentro continha apenas cinzas.

Ritmo, com suarabácti: rí-ti-mo. Op. cit. p. 38

 

 

NEVROSE

 

Nessa tristeza mórbida, secreta,

Que te afugenta as sombras do repouso,

Eu vejo a hipocondria, a febre infecta

— Florescências do pântano do gozo.

 

Por uma noite de luar repleta,

Eu, contudo, quisera, fervoroso,

Sentir pulsar esta paixão discreta

No bronze do teu seio tormentosol

 

Depois... morrer! beijando como o paria

Na liça da peleja sanguinária

A mortalha de lodo em que se cose!

 

És o perfume negro, a flor do pasmo,

Que no silêncio morno do marasmo
Faz-me sonhar os estos da nevrose!...

 

 

“Data igualmente de 1876 e também reflete atmosfera decadente.

Nevroses seria o título do futuro livro do baudelairiano Rollinat.” Op. cit. p.39.

 

 

 

FREIRE, Laudelino. Pequena edição dos Sonetos brasileiros. 122 sonetos e retratos.  2ª. edição augmentada.  Rio de Janeiro: F. Briguet  e Cia. Editores, 1929. 256 p.  12,5x16 cm.  capa dura  Impresso na França por Tours  Imp. R. et P. Deslis.

 

ESTUDO ANATOMICO

 

Entrei no amphitheatro da sciencia

Attrahido por mera phantasia,

E aprouve-me estudar anatomia

Por dar um novo pasto á intelligencia.

 

Discorria com toda a sapiência

O lente, numa mesa, onde jazia

Uma immovel matéria, húmida e fria

A que outr'ora animara humana essência.

 

Fora uma meretriz : o rosto bello

Pude, tímido, olhal-o com respeito

Por entre as negras ondas do cabello;

 

A convite do lente, contrafeito,

Rasguei-a com a ponta do escalpello,

E... não vi coração dentro do peito.

 

 

 

 

REZENDE, Edgar.  O Brasil que os poetas cantam.  2ª ed. revista e comentada.  Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1958.  460 p.  15 x 23 cm. Capa dura.   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

 

ADEUS!

 

 

Terras da pátria. "Adeus, Adeus, T
erras da Pátria!..." E, num momento,
Não vimos mais que mar e céus.
Mas, nesse instante, a voz do vento,
Como acenando num lamento,
Chegou dizendo: "Adeus! Adeus!..."
E, desde então, desse momento,
Não mais fitei o mar e os céus,
Que não ouvisse a voz do vento,
Como acenando num lamento,
A soluçar no mesmo acento,
"Adeus! Adeus! Adeus! Adeus!..."

 

("Opalas")

 

 

 

 

Página publicada em setembro de 2009, ampliada e republicada em abril de 2014. Ampliada em dezembro de 2019


 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar