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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 





DOLORES MAGGIONI

 

 

Pós-graduada em História das Artes é professora Universitária de Estética e Filosofia da Arte e História da Música Universal. Desempenha atualmente a função de Assessora Cultural da Escola "Província de São Pedro" em Porto Alegre, RS. Integra várias Academias Literárias do País e do Exterior: Membro "Ad Honorem" do Centro Cultural e Artístico a Gazeta de Felgueiras ¬Felgueiras - Portugal e Membro Simpatizante do Centro Europeu para Promoção das Artes e das Letras - cadeira n° 225 - Ano 2001 ¬Thoinville - França. Foi publicada na Espanha: obra Poetas da Humanidade em homenagem a Garcia Lorca.

 

Uma das 20 personalidades que marcaram o século XX em Farroupilha, RS, sagrou-se vencedora do Prêmio lararana de Poesia da Revista de Arte, Crítica e Literatura - Salvador - Bahia Ano 2000. Foi painelista em Conclaves Literários, destacando-se o Seminário Nacional de Literatura Brasileira - Acre - Rio Branco, O Seminário de Literatura de Ibiraçu - Espírito Santo e o Congresso Nacional de Trova Literária - Corumbá - Mato Grosso do Sul.

 

Detentora de inúmeros prêmios em poesia e prosa poética tem 15 livros publicados, Lps e Cds gravados com poemas recitados, por ela própria.

 

Os poemas a seguir foram cedidos pelo Movimento aBrace, do Uruguai, anteriormente publicados na obra ENTRESIGLOS 2 – Selección de poesia de autores contemporâneos.Montevideo/Brasília, 2002, cedidos pelos amigos Roberto Bianchi e Nina Reis.

 

 

O meu Fantasma e seu Bloco de Rabiscos

 

 

ESTAÇÃO PRIMEIRA- É NOITE DE OUTONO

 

Há alguém batendo à porta. É ele, o meu fantasma

trazendo na algibeira um bloco de rabiscos.

Descansa o chapéu roto, no encosto da cadeira

me olha de soslaio. Nos seus olhos ariscos

o jeito de quem veio ficar a noite inteira.

Desfaz-se da sandália e calça o seu chinelo.

No colo estende. o abrigo da manta de pelúcia.

Debruça o seu olhar tristonho na janela

perscruta o céu violáceo, em cada sua minúcia.

Vivaldi e seus violinos, na sua Estação de Outono.

O bloco de rabiscos é aberto e o meu fantasma

ensaia no rascunho a minha história antiga.

Invade docemente a minha intimidade

e assim, enternecido, com sua mão amiga

rabisca no seu bloco, do Adágio de Vivaldi,

o ébrio adormecido, dos aldeões o canto,

os cães, a espingarda, a fera abatida.

O seu olhar se esteira por sobre mim em prece

e ele, o meu fantasma, sem um sinal de pressa

se aninha na cadeira, tão terno, e adormece.

 

 

ESTAÇÃO SEGUNDA - É NOITE DE INVERNO

 

Crepita, tão sombrio, o fogo na lareira.

De volta, o meu fantasma, tão trêmulo de frio.

Se assenta na cadeira, aperta a minha mão

com sua mão gelada.

O seu roto chapéu descansa na almofada.

Fica a me olhar de um jeito, tão meigo e tão antigo,

parece que hoje veio para ficar comigo.

Um copo de conhaque. Faz parte da rotina.

A chama sinuosa que arde na lareira

se espelha, do fantasma, em sua triste retina.

O bloco de rabiscos se amolda, à sua maneira,

por sobre seus joelhos, de frio enrijecidos.

O disco chora agora o Largo de Vivaldi

na sua Estação de Inverno.

Saudades batem pés, pra não morrer de frio

e a chuva, sem cuidado, escorre pelo chão

formando enorme rio. O meu triste fantasma

parece pouco a pouco, se transformar num louco.

Estampa velozmente, com seus olhos ariscos,

toda a poesia da alma, no bloco de rabiscos.

Lá fora, pavoroso, o vento, todos ventos

explodem na vidraça. Os sonhos, congelados,

deslizam sobre o gelo, iguais ao movimento

do Alegro de Vivaldi.

Tristeza que não passa.

A chama assim brejeira do olhar do meu fantasma

se apaga lentamente, junto à última brasa

que arde na lareira.

 

ESTAÇÃO TERCEIRA- É NOITE DE PRIMAVERA

 

A tarde anoitecida se veste de estrelas. Chegou a primavera.

Num terno azulado, na sala acomodado, está o meu fantasma,

de novo à minha espera.

Saímos de mãos dadas, ele de temo azul, eu, com azul na saia.

A imensa lua cheia brilha novo poema, em cada onda da praia.

O mar nos faz suas rondas, quebrando o silêncio

com o espocar das ondas.

Voltamos irmanadas, as nossas duas almas.

Um drink bem gelado. Borbulhas no espumante.

Gemidos de violinos irrompem o constante

Alegro de Vivaldi louvando-a primavera.

Se assenta o meu fantasma, em sua fiel cadeira.

No rosto, tão de volta, os seus olhos ariscos

e tão nas mãos de volta, o bloco de rabiscos.

Trovões, cantar de aves, até um pastor que dorme,

as fontes que murmuram, também plantas e folhas,

a dança pastoral, na sua tristeza enorme.

Só ele, o meu fantasma, me lembra, sem prudência

histórias do passado. Imploro por clemência,

mas ele, o meu fantasma, assim, rindo-se de mim

vai rascunhando um sonho, do início até o fim.

tarde. A lua se esconde, prateada de carinho

e ele, o meu fantasma, suave adormece

tão doce ... de mansinho.

 

 

ESTAÇÃO QUARTA - É NOITE DE VERÃO

 

Parece que hoje o sol retarda em retirar

seu cobertor vermelho de sobre o entardecer.

Me chega bem mais cedo, esta noite, o meu fantasma,

ansioso por me ver. Veio jantar comigo.

Pois fique à vontade. Assim seja. Não se vá.

Trazidos na bagagem, presentes de sonhar.

Me veio o meu fantasma, como quem vai ficar.

De volta ao aconchego do seu antigo ninho

lhe sirvo, com ternura, um cálice de vinho.

Vivaldi e os movimentos da sua Estação Verão.

Sobras de antigos sonhos, olhando-me das coisas

como velhos retratos, com olhos de piedade

Alegro na saudade e sua languidez.          

O cuco, a rolinha, este calor intenso

e este rubor na tez.

O pintassilgo, o vento, o pranto do aldeão,

as moscas, os moscões, o Presto que descreve

trovões e temporais. O meu fantasma triste

com seus olhos ariscos, de súbito rascunha

seu bloco de rabiscos.

Logo um pranto desliza, na sua face mansa.

 Ele hoje se parece com tímida criança

que crê que tem um bicho

papão dentro da lua. A dor que se insinua

é como uma serpente, que enrosca sua curvas

na dor da alma da gente.

É tarde. As estrelas nos olham distraídas

por sobre a noite intensa.

Eu sirvo framboesa, pra uma saudade imensa.

De novo, o meu fantasma, sem um sinal de pressa

esteira sobre mim o olhar enternecido.

Se aninha na cadeira ... Tão doce ... adormecido. 

 




 

 

 
 
 
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