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DIONISIO VILARINHO

 

 

 

Dionísio Gonçalves Vilarinho, poeta nascido em Amarante, no Piauí, em 1921, era sargento do Exército e viveu em Alegrete, RS, onde morreu em 1947

suicidando-se com sua noiva.

 

 

 

         VINTE E SEIS ANOS

       

        Vinte e seis anos… Vinte e seis mil passos
        à procura de um bem, de uma ilusão!
        Vinte de seis mil soluços de cansaços,
        mil preces, mil pedidos… Tudo em vão.

       

        Vinte e seis anos… Trinta mil fracassos…
        Trinta mil tentativas de ascensão
        sem êxito… Cair de membros lassos,
        trinta mil vezes revertendo ao chão.

       

        Já na casa dos meus vinte e seis anos,
        curvado ao peso atroz dos desenganos,
        sinto os desígnios infernais da sorte.

 

        E assim desiludido, assim cansado,
        de minha própria vida, eu, entediado,
        evoco e espero com prazer a morte.

       

 

 

ANTOLOGIA DE SONETOS PIAUIENSES [por]  Félix Aires.  [Teresina: 1972.]   218 p.     Impresso no Senado Federal Centro Gráfico, Brasília.                                 Ex. bibl. Antonio Miranda

 

       CLEIDE

      
Morrer ouvindo a voz de Deus nos campanários
       E o vento a soluçar uma endecha sentida.
       Uma flauta tocando em sagrados binários
       Uma velha canção que não fora esquecida...

       Morrer tendo entre as mãos a tua mão querida,
       Numa auréola de luz de sacros lampadários,
       Num êxtase feliz sentir fugir a vida
       Como a nota final de um velho extraordinários...

       Morrer na tarde azul, como quem vai dormindo,
       Sentindo-te ao meu lado, e sobre mim, sentindo
       Cair o halo de luz dos lindos olhos teus...

       Morrer ouvindo ao longe um cantochão de prece
       E na para monacal da tarde que fenece
       Como um justo, feliz, entregar a alma a Deus...

 

*

 

Página ampliada e republicada em abril de 2023

 

 

Página publicada em novembro de 2016


 

 

 
 
 
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