Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

CELSO PEDRO LIMA

 

 

 

LIMA, Celso Pedro.  Arcos de solidão.  Porto Alegre: Editôra Globo, 1958.  102 p.  14x21 cm.  Ilustrações e planejamento gráfico de Glênio Bianchetti.  Col. A.M. 

 

IDENTIDADE

 

Onde eu estou não estou:

sou alguém que se procura.

Escolher-me a cada instante

é a minha atroz aventura.

 

O que eu sou ainda não sou

— não acabo de tornar-me.

O templo em que me construo

se projeta no amanhã,

e as pedras com que se eleva

são pedras só do meu chão.

 

Onde vou cego me vou:

sobrevoa noite rasa.

Não me explica hoje nem ido

— Sou futuro, sou desígnio.

 

Sou uma flecha lançada

contra o alvo do que serei,

cruzando por sobre abismos

num ímpeto ansiado e cego.

Mas quando o voo acabar,

serei céu ou caos sem fim.

 

O que estou ainda não sou

— sou alguém que se edifica.

O que eu me faço, me faz

quem me pôs à minha busca.

 

 

NÃO SOU APENAS UM

 

Não sou apenas um nesta oferenda:

é um tumulto de ondas subterrâneas,

impulsos e energias confluindo

de gerações inumeráveis:

 

Sou quantos me fizeram

este ser humano e frágil

e sou os incontáveis

que se ligam à tua vide

pela seiva que imaginaste

à nossa comum humanidade.

 

Não sou apenas um neste doar-me:

dou-me diverso e inumerável;

mas quantos sou, oferto em luz e sombra,

a fim de sermos todos um em ti.

 

 

EU SOU A MINHA ANGUSTIA

 

Eu sou a minha angústia de buscar-te

a bordo dessa nau que jamais parte:

nas velas de meus sonhos arde a flama

dum pôr-de-sol sobre um antigo oceano.

 

(Ó ânsia de pureza ambicionada,

voam-te pássaros em céus de nada!)

 

Eu sou meu desespero de querer-te,

guerreiro medieval de braço inerte:

hostes ocultas no ar, num atropelo,

solapam muro e base do castelo.

 

(Ó vento dos meus claustros de silêncio,

confunde ao inimigo, expulsa, vence-o!)

 

Eu sou a minha solidão numa ilha

perdida, aonde não chega nunca a filha-

do-rei, nem alma viva: lá sou pedra

ao vento, ao sol, em meio ao que não medra.

 

(Ó ilha que me sou ao desamparo!

Inferno que me tem a um céu tão claro!)

 

Página publicada em janeiro de 2013.

 


 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar