CASSIANO SANTOS CABRAL
Poeta gaúcho, é advogado e especialista em Direito Público. Detentor de prêmios literários, publica em revistas impressas e na web do Brasil e do Exterior.
A voz do silêncio é cansaço sem fim,
Opressão de segundos em horas mudas,
O tempo registra tanta palavra não dita
E a disputa por gritos de glórias azuis.
O pão repartido desafia o egoísmo
Na sublimação do sonho coletivo
Sob as asas de altaneiro condor.
Cansado é o silêncio de infinita espera
Pelo amanhã, além da curva da sorte
Por um sol que não mais se porá.
A voz do silêncio é palavra exaltada,
É um canto alado feito lua distante,
Um sorriso codificado de força maior,
De luta e coragem por uma nota fugaz,
Um hino à bandeira que o sonho nos traz,
Cantado no sótão de antigas memórias.
A poesia é senhora que mais brilha
E sob alva luz transita
No rosto sem preço
Da mulher amada.
E, nós, de mãos dadas,
Unidos pela túnica da esperança,
Por um coral de angélicas vozes,
Sem medo prosseguimos.
Nossos sonhos conquistamos
Com a fora de nossos ombros
Com as vestes de bordada fé.
O vento é bússola de livre canto
É mantra de sonoro encanto
Sob a sílaba única de nosso olhar.
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VENZON, Altayr; MONCKS, Joaquim; RODRIGUES, Darcila (organizadores). Antologia da Casa do Poeta Rio-Grandense Coletânea Literária. Porto Alegre/RS: Antonio Soares /Edições Caravela, 2025. 216 p. ISBN 978-85-8375-027-7
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda, doação do amigo Brito (livreiro) em 2024.
Páginas
“Qual será a próxima página?
A folha seguinte
Escrita com tinta
Ou grafite longilíneo
Com versos sem rimas
Com gotas de vitória
Talvez com linhas tortas
Tal qual a escrita divina
A força da fé
No realinhamento de nosso ser
Qual será o próximo texto?
A luz seguinte do poente
As margens da lua
Tangenciando parágrafos
No alfabeto das emoções
Folha branca como destino
Traçada por nós mesmos
Livro da existência
Lacrado por medos
A frase não dita...
Qual será a próxima palavra?
De paz ou de guerra
De consolo ou exaltação
Nasa folhas em branco
Nas teclas do teclado
Nas sentenças sem apelo
Passado e futuro
Cartas a mão e e-mails
Página atual do presente
E um oceano de letras
E de sonhos decodificados.
Paz
Repouso no silêncio das águas
No rio que corre sem fim
De onde deságuam esperanças
E barcos que navegam junto a Deus
Nosso porto seguro
Onde ancoram os fiéis
Migração de pombos
Elo sagrado com o homem
Sob nosso olhar contemplativo
O Espírito Santo em nós
Repouso dobre minhas certezas
Como um vento que vai e volta
E retorna onde encontra paz
E alimento para a alma
Em Cristo: o Pão da Vida
A Palavra redentora que salva
Água purificadora dos pecados
Oro por todos
De mãos dadas com a fé
O amor circula em mim.
*
Página ampliada e republicada em janeiro de 2025.
Poema publicado na Antologia da União Brasileira de Escriores, ano 2004/2005, em versão bilíngüe Português e Italiano , e posteriormento no livro do autor: CAVALGADA DA ESPERANÇA (Porto Alegre: Alcance, 2005).
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