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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CARLOS EDUARDO CARAMEZ

 

 Natural de Cruz Alta, Rio Grande do Sul, é jornalista e produtor cultural. Publicou “Uma safra do silencio”, Ed. Mercado Aberto (1998) contemplado com Prêmio Açorianos de Poesia e “Construção de Ruínas” Ed. Leitura XXI (2005). Vive em Porto Alegre, Rio de Janeiro e Salvador.

 

Extraído de

COLETÂNEA DE POESIA GAÚCHA CONTEMPORÂNEA.
 Organizador Dilan Camargo.  Porto Alegre: Assembleia
 Legislativa, 2013.  354 p.  ISBN 978-85-66054-002
 Ex. bibl. Antonio Miranda

 

         Moro num país sem pátria
        
numa nação sem noção de nada
         habitada por seres fantasmas de si mesmos
         onde o passado nunca passa
         e o futuro não chega

         minha certidão de nascimento
         é um boletim de ocorrências
         muito antes de morrer
         já recebi atestado de óbito

         vivo em purgatórios clandestinos
         acampamentos de impossíveis
         órfãos e refugiados de todos os tipos
         feridas que não cicatrizam mais

 

         a vida tem medo de mim
        
meu tempo é de prazos expirados
         contas a pagar
         contagens regressivas
         descontrole de tudo
         sinto dificuldade de raciocínio
         respiração ofegante
         dores no pulmão
         formigamento nas mãos
         diminuição de memória
         diarreia imotiva
         aumento dos batimentos cardíacos

         aparição de nublado
         irritações na pele
         incômodo com a luminosidade
         tonturas e desânimo
         insônia noturna com pânico
         excesso de sensibilidade a ruídos
         fadiga crônica
         sonolência diurna com abatimento
         dormência nos lábios
         falta de oxigênio no cérebro
         diminuição da circulação sanguínea
         queda de cabelos
         enfraquecimento das pernas
         ossos trincando
         pressão fora de ordem
         as palavras distantes dos seus significados

 

         não posso
        
dar mole
         ficar na sombra
         dependendo da sobra
         baixar a guarda
         me confundir no troco
         acreditar na previsão do tempo

         coloco o corpo
         na linha divisória
         vou pro cerco
         dou o bote

         encaro de frente
         encarno o extermínio
         desconsidero tudo

         minha falange como carne
         bebe sangue
         enxerga longe

 

 

Página publicada em maio de 2018

        

 


 

 

 
 
 
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