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BARRETO POETA
Barreto Poeta é como se apresenta Flávio Barreto Leite aos seus leitores.
“Barreto é desses seres a quem aquele anjo drummondiano assopra, na hora do nascimento: “Vai, ser poeta na vida”. Resoluto e inteiro, ele percorre o mundo munido do verso, sua arma e instrumento – escudo e punhal, flor e espinho, fel e alimento. “É outra a morte que me come”, diz ele aos que tentam enquadrá-lo em outros moldes. (…) Os versos do Barreto são estandarte dos que nunca desistiram. Por isso, endosso o convite do poeta: “Morda e deixe sangrar… está viva e quente, é poesia”. ” (do Prefácio de Elmar Bones)
LEITE, Flávio Barreto. Bicho-Homem / Barreto Poeta. Porto Alegre, RS: Gente de Palavra Microeditora, 2014. 87 P. 15X21 cm. (Coleção Caderno de Poemas) ISBN 978-85-67780-02-3 “Flávio Barreto Leite” Ex. bibl. Antonio Miranda
POETA
Em meio ao turbilhão
de tristezas
em que me afogo,
imprudente
faço os versos
como se fazê-los fora
a tentativa de saída.
E me é estranho
perceber,
e reconforta,
que mesmo na dor
tão forte e desmedida
esta minha frágil alma
inquieta
se comporta como se alma
fosse
de um Poeta
que embora vendo
o fim perverso
apenas lhe ocorre
o verso
como da morte
em vida
sendo
a única saída.
Porto Alegre, 16/08/07 a 09/02/08
VENENO
Sou poeta
e porto venenos
que nem sempre
suporto.
Sou poeta
e quando fecho
a porta
e a carta
abrindo-me obsceno,
posto venenos
em postais pequenos
e o tamanho basta,
não importa.
Importa
é que fulminando
a jugular
ele se alastra
para além do tédio,
onde a morte
não tem mais
nenhum remédio.
Basta esperar
que a vida
inoculada
atinja
a artéria aorta.
POEMINHA SOCRÁTICO
Ah, se saber
e ser
fosse o mesmo
que um e outro é,
bastava-nos
bem pouco, ou nada;
bem menos
do que a fé
tão decantada
para se saber
que mesmo sendo
e se sabendo
o que se é,
é-se igual a nada.
Pois nada é
o que se sabe
e nada sabe
o que sabe
por saber
ser o que é.
31/10/08
Página publicada em junho de 2016
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