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ATHOS DAMASCENO FERREIRA

 

 

Athos Damasceno Ferreira (Porto Alegre3 de setembro de 1902 — Porto Alegre, 14 de abril de 1975) foi um poetaromancistacronistatradutorjornalistacrítico literário e historiador brasileiro. É tido como o mais importante historiador e cronista da cidade de Porto Alegre, é o fundador da historiografia da arte no estado do Rio Grande do Sul, e deixou destacada contribuição para a historiografia estadual nos campos da cultura e sociedade, sendo um pioneiro no estudo de vários temas. Foi um defensor da reavaliação dos regionalismos e um refinado poeta e novelista, embora nesta área seja pouco lembrado.

 

Fonte: wikipedia.

 

 

 

 

FERREIRA, Athos DamascenoPoemas de minha cidade.   Porto Alegre: Edição da Livraria do Globo, 1936.

 

 

 

 

 

 

PRAÇA DA HARMONIA

(trechos...)

 

 

Que é dos poetas que, um dia, ó velha praça morta,

embriagaste com o filtro amável dos teus luares,

das tuas sombras cariciosas,

dos teus silêncios confidentes?...

 

Tristes vozes de outrora, eu sei, muitas calaram

para sempre...

E hoje, mesmo de ti, nada mais nos ficou... [...]

 

És um deserto só... Ninguém mais te procura! ...

Nem sequer o fantasma andejo da saudade

vem percorrer, à noite, as tuas alamedas...

 

Mas a bruma outonal te amortalha, no ocaso,

e, abrindo sobre ti as grandes sombras quietas,

dá-te ainda a ilusão, sob as folhas caindo,

de que a cidade chora o jardim dos seus poetas...

 

 

 

 

PARA O EXÍLIO DAS MÃOS QUE
NÃO FORAM AMADAS

 

Ó claras mão de prece, alvas mãos silenciosas,
consoladoras mãos dos destinos sombrios!...
Onde beijar as mãos dessas santas piedosas,
dessas pobres irmãs que estão nos claustros frios
?...

Amo essas mãos febris, suaves mãos dolorosas,
de palmas cor de luar e de dedos esguios,
que se ungem do olor dos jasmins e das rosas
e desmaiam de fé sobre arminhos macios...

Tristes mãos de viuvez, mãos sem beijos e afagos,
lírios de extrema unção numa luz de sol-pôr,
sobre o espelho tranquilo e azulado do lagos...

 

Mãos que espargem incenso e põem círios no altar
e rezam, sem saber o que é a festa do Amor,
dos noivos que virão do Céu para noivar...

 

 

 

 

Página publicada em julho de 2020

 

 

 

 

 

 


 

 

 
 
 
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