ALZIRA FREITAS TACQUES
(São Borja, Rio Grande do Sul, Brasil – Porto Alegre, RS, 1976)
Existe uma rua em Porto Alegre com o nome da poeta, em sua homenagem.
Livro da autora: Eu voltarei. Porto Alegre, Editora EDIPUCRS, 1999.
125 p. ISBN 978-85-7430-0214
TEUS OLHOS
Verdes como os dos tigres, verdes-mares,
são teus olhos de brilho esmeraldino,
que no Saara sem luz do meu destino
entretecem oásis de luares.
Glaucos olhos que evoco em meus cismares,
sempre baixos, olhando o chão mesquinho,
tendes volúpias cálidas de vinho,
atrações de sereia à flor dos mares.
Olhos suaves, cor das algas frias,
dessa mesma quietude de onda mansa,
cegos de um todo a alheias agonias.
Olhos-jade, em milagre sem refolhos
ornamental, com as palmas da esperança,
a clausura-azeviche dos meus olhos.
LIVRO DOS POEMAS. LIVRO DOS SONETOS; LIVRO DO CORPO; LIVRO DOS DESAFOROS; LIVRO DAS CORTESÃS; LIVRO DOS BICHOS. Org. Sergio Faraco. Porto Alegre: L.P. & M., 2009. 624 p. ISBN 978-85-254-1839-1839-5 Ex. bibl. Antonio Miranda
MÃOS SERÁFICAS
Mãos que sois como as hóstias dos sacrários,
crismadas de orações... Mãos macilentas,
que o turíbulo ergueis das rezas lentas
na vigília de claustros solitários.
Mãos de gaze, mãos místicas, mãos bentas,
feitas para bordar escapulários
e acender na treva alampadários,
da tentação e do pecado isentas.
Mãos de virgens, de veias coar de olheiras,
extrema-unções de arminho, mãos benditas,
trêmulas mãos de maceradas freiras.
Adoro-vos assim brancas, piedosas,
mãos de monja, a pedir por nós, contritas,
no mistério das celas silenciosas...
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Pagina ampliada e republicada em janeiro de 2023.
Página publicada em junho de 2020
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