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ALEXANDRE BRITO
Alexandre Brito é poeta, músico, letrista, editor e produtor cultural. Nascido em Porto Alegre, começa sua trajetória como poeta nos anos 80, em Belo Horizonte. No ano de 1986 publica Visagens pela Editora Arte Pau Brasil. Em São Paulo juntamente com o poeta e jornalista Fred Maia, participa ativamente da “Edições Nômades”, editora que publicava poemas em vários suportes (livro, poster, cartão, postal, camiseta) usando a técnica da gravura serigráfica. Com os poetas Paco Cac e Samaral (Rio de Janeiro), publica uma série de Jornais poéticos 1990, 1991, 1992. Idealizou e coordenou como editor a Coleção de poesia Petit-Poa (em sua primeira fase; formato das caixinhas) para a Coordenação do Livro e Literatura da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre, quando foi publicado “Zeros”.
Também produziu eventos como o 2° Poetar (1991/SMC-POA) e a 1ª Semana da Fotografia de Porto Alegre (1993/SMC-POA). Tem poemas publicados em diversas antologias e revistas especializadas. Seu primeiro livro infantil "Circo Mágico" será lançado pela Editora Projeto em 2006. Integrou a Banda “Os Três Poetas” com Ricardo Silvestrin e Ricardo Portugal. Integra hoje a banda “os poETs” com os poetas/músicos Ronald Augusto e Ricardo Silvestrin, desenvolvendo trabalho como letrista, compositor e intérprete. “os poETs” acabam de lançar pela YB Music o Cd “Música legal com letra bacana”. É responsável com Ricardo Silvestrin pela editora AMEOP.
De
O fundo do ar e outros poemas
Porto Alegre: AMEOP – Ame o Poema Editora, 2004.
ISBN 85-98240-13-3
escrever
seguir o curso
entre a surpresa e o susto
ler as entrelinhas
como o vento nos arbustos
***
paciência de tartaruga
cem anos
em cada ruga
***
ando não sei onde
sob o asfalto
os trilhos do bonde
***
chuva fina
calçada molhada
nem o domingo saiu de casa
***
vento transparente
nú
vens
***
vôo de borboleta
do mundo das coisas
pro mundo das letras
***
lâmpada queimada
onde está a luz
que aqui brilhava?
De
Alexandre Brito
metalíngua
Porto Alegre, RS: Editora Éblis, 2010.
32 p. (Coleção Poesia)
Alexandre Brito esteve em Brasília no final de janeiro de 2010, participando do Verão Literatura, no Conjunto Conic, onde adquirimos um exemplar deste seu novo título. E vale conferir a dedicatória: "Ao Poeta Antonio Miranda, meus poemas MEATALINGUARUDOS"...
a língua
é uma serpente sem pele e sem dentes
emblemática
morde a si mesma com as gengivas de um velho diabo
já foi minha vizinha
mas no mês passado mudou para endereço ignorado
não bate bem do firmamento
tem a cabeça cheia de vocábulos
a víbora linguística diz
que do pensamento é o substrato
no ápice do eclipse
em nominar o inominado insiste
e só não é deus não porque não quer
mas porque ele não existe
A REALIDADE É UMA OFICINA PIROGÊNICA
no sopé
da grande bunda pasmacenta
a cloaca sagrada expele repugnâncias e bem-aventuranças
que o artista decompõe pacientemente em seu
atelier psicobélico de inutilidades
cada fibra
cada naco putrefato levado ao sol
cada rejeito dejeto embalagem plástica reciclada
uma fratura exposta, acinte-impropério, artefato belicoso
sob encomenda para a Bienal Internacional das Artes
de São Joaquim de Campos Leão
enquanto isso a cidadela se diverte
na opulência de sua indiferença degenerada
costela gorda chiclete com farofa drogas mentiras
[e sexo pago
integralmente deduzível da pessoa física
Extraído de
COLETÂNEA DE POESIA GAÚCHA CONTEMPORÂNEA.
Organizador Dilan Camargo. Porto Alegre: Assembleia
Legislativa, 2013. 354 p. ISBN 978-85-66054-002
(um metapoema:)
cem mil páginas variadas
e o pensamento ainda é o fumo de uma incandescência
ao trocarmos o endereço do mundo por um quando qualquer
impõe-se o ofício inútil de criar
em sucessivas camadas de significados
finamente sobrepostas dispostas no ar como poemóbiles
em ciladas tramadas como palavras concatenadas
à semelhança de organismos vivos
ou por ideias descabidas de nascença
num palavreado torto e desnecessário por vocação
se um inventário de novidades póstumas é incinerado
o rebento mundo novo de um poema eclode
e assim
chegada ao fim a jornada extenuante
após garimpar arqueologicamente o léxico feito um xamã-designer
e sondar o Cosmos como galileu galilei
o quartzo de um instante ganha forma de signo
grita a navalha pela boca de um livro:
o poema
o poema é um ser vivo.
BRITO, Alexandre. Seleta esperta. Porto Alegre: Castelinho Edições, 2012. 36 p. ISSN 978-85-9824O-25-1 Série Instante Estante.
Ex. bibl. Antonio Miranda / doação do livreiro Brito – DF
escrever
seguir o curso
entre a surpresa e o susto
ler as entrelinhas
como o vento nos arbustos
*
voo de borboleta
do mundo das coisas
pro mundo das letras
*
depois da chuva o frio
o dia dominga
primavera bem vinda
*
enquanto o sono não vem
leio os poetas russos
todo bom poema é um obus
um abuso
ouso palavras foguetes
para alcançar teu escudo
fazer o escuro explodir
vermelho rubro
o que não sei
descubro
entre o muro e o musgo
*
o evangelho da beleza
adeus marcas de expressão
falhas, defeitos, imperfeições do corpo
adeus, não representam mais problema
já não causam tanto mal
a pele, a madeixa, a cor do olho
a um clique de photoshop apenas
e para a feiura extrema, desmedida
a cirúrgica maquilagem definitiva
adeus manchas, pintas, cicatrizes
sinais de nascença, estrias, varizes, adeus
adeus, até nunca mais!
rugas, calos, verrugas
idiossincrasias individuais, adeus
na era digital sumiram as nossas digitais
*
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http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_grade_sul/rio_grande_sul.html
Página publicada em fevereiro de 2023
Página publicada em junho de 2008-06-25;ampliada e republicada em janeiro de 2011;
Haicai, hai kai, hai ku. Ampliada e republicada em maio de 2018.
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