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WILLIAM SOARES DOS SANTOS
(Rio de Janeiro, 1972) Poeta.
William Soares dos Santos possui graduação (1997) em Letras (Português/Italiano), mestrado (2002) em Linguística Aplicada, ambos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutorado em Letras (Estudos da Linguagem) pela PUC-Rio (2007).
É professor Adjunto da Faculdade de Educação da UFRJ, onde atua como Professor de Prática de Ensino de Português e Italiano, e do Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Linguística Aplicada (PIPGLA) da Faculdade de Letras da UFRJ.
POESIA SEMPRE Número 27 – Ano 14 – 2007 Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2007. Editor Marco Lucchesi. Ex. bibl. Antonio Miranda
memoria
tudo o que me resta
é a memória de teu corpo
— meu menino —
retorcido
sobre o meu.
tudo o que retenho
é a lembrança do teu
gozo entrecortado
pelo meu.
tudo o que guardo é uma gota
de teu suor envasado em cristal.
por isso
narro-te menino,
repetidamente,
constantemente
para não te perder.
raro
esta noite o teu corpo estava
quente e raro
que pensei que era febre
tal o rarefeito
ar que saía
por dentre teus gemidos.
o arfar de tuas narinas era
raro equino
no equinócio azul da sexta-feira
tal o calor que vinha
feroz
a me aquecer qual estio
depois da primavera.
ANTOLOGIA PATUÁ 10 ANOS + Patuscada/ Vários autores. Editor Eduardo Lacerda. Capa de Leonardo Mathias. São Paulo: Editora Patuá, 2021.; 288 p. 13,5 x 21 cm.
ISBN 978-65-5864-191-9 Ex. bibl. Salomão Sousa
Três sóis
Três sóis
invadiram a
minha retina,
como se dela
emergisse
a luz aguardada
de um novo amanhecer
e refulgissem
os raios de uma
sabedoria ansiada
no futuro.
Eu vi, também,
os três sóis
ao acordar
do novo dia
da esperança,
banhada de versos
que
não se distinguiam
do brilho secular
da lua nova.
Ao ver os três sóis,
confundiu-se
o peregrino,
esquecendo o seu
destino e preferindo
perder-se em
cercanias e estradas
que não conduziam
a lugar algum.
Os três sóis
iluminaram a abadia e
os fiéis
antigos pensaram
se tratar da volta
do redentor.
Os três sóis
dançavam no etéreo
da galáxia
atraindo o planeta
mais cheio de vida a
girar ao redor de
seu contrapasso.
O parélio que
fez-se claro
no horizonte
levou-nos à vertigem
do ocaso,
em que não mais
assombravam as
constrições do amanhã,
nem as narrativas incertas
do passado.
Ao sermos banhados
pela luz que emanava
dos três sóis,
fundimo-nos em matéria e
espírito
na irrestrita
densidade do presente.
*
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Página publicada em dezembro de 2021
Página publicada em fevereiro de 2019
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