Foto: Lena Jesus Ponte
WANDERLINO TEIXEIRA LEITE NETTO
Wanderlino Teixeira Leite Netto nasceu na cidade do Rio de Janeiro e reside em Niterói desde os 4 anos de idade.
Administrador (bacharelado e licenciatura plena), exerceu a profissão na PETROBRAS. Aposentou-se em 1993.
Poeta, cronista, contista, ensaísta, biógrafo, historiador (22 livros editados); trabalhos publicados em antologias, jornais e revistas.
Pertence aos quadros da Academia Niteroiense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Niterói.
Cofundador da Associação Niteroiense de Escritores.
Fonte: http://www.wanderlino.teixeira.nom.br/bio/bio.htm
LEITE NETO, Wanderlino Teixeira. Asas de pedra. Haicais. Rio de Janeiro: Editoração, 2009. 113 p. 15x15 cm. ISBN 978-85-86393-25-9 Foto do autor: Lena Jesus Ponte. Capa e programação visual: Raquel Ponte. Ex. Biblioteca Nacional de Brasília, exemplar doado pela família de Francisco Vasconcelos.
Há rastros de prata
na rapidez de planeta
no arrastar da lesma.
*
Pousa a borboleta
nas pétalas amarelas.
A flor sente inveja.
*
Na mesma varanda,
uma cadeira de rodas
e um par de patins.
*
Saudoso da infância,
o olhar da velha senhora
trama travessuras.
*
Em busca de si,
foi aos álbuns de retratos.
Total desencontro.
*
Vibra a motosserra.
Há lágrimas de resina
no tronco abatido.
LEITE NETTO, Wanderlino Teixeira. Café pingado. Niterói, RJ: Muiraquitã, 2012. 162 p. 14x21 p. ISBN 978-85-7543-121-4. Capa, programação visual e foto do autor: Raquel Ponte. Prefácio de Renato Augusto Farias de Carvalho. Ex. Biblioteca Nacional de Brasília, doação da família de Francisco Vasconcelos.
CANTIGA DE RUA
Quando, no banco da praça,
minha infância se espreguiça,
tudo mais vira fumaça.
Quando minha meninice,
com seu sabor de aventura,
traz de volta a peraltice
e tudo em volta se olvida,
sinto que a vida não passa
de uma fugaz travessura.
DESPUDORADAMENTE
Há um tempo em que a lembrança
põe o pudor de lado,
desarruma a cama na choupana do pensamento,
desfaz a trança
e faz amor com fantasmas do passado.
AUTORRETRATO
Do quadrado da moldura
meu retrato de menino parece zombar de mim:
do vinco da testa, das rugas, dos fios brancos,
da pele e da textura.
Atento estivesse ao tempo,
suas tramoias, seus trancos,
teria então percebido:
assim um tanto esmaecido,
também ele envelheceu.
POEMA CONFESSIONAL
Ando cansado do compromisso agendado.
Meu enfado vai além:
também ando avesso ao discurso empolado,
aos confrontos acalorados.
Almejo agora viver fora dos meus cuidados,
distante da resposta exata,
do parecer abalizado.
Ando à cata de uns achados
adequados ao meu momento simples, desapegado.
Ando afastado do sofisticado.
Ando até desobrigado deum pingo de agrado.
Quero meus dias vestidos de domingo.
Página publicada em abril de 2017