TANIA HORTA
Nasceu no Rio de Janeiro, em 1945. Graduou-se por três universidades federas do Rio de Janeiro: Arquitetura e Música pela UFRJ, E História pela UFF. Profissional em arquitetura, destacou-se como pianista em várias apresentações públicas em salas de concerto. Em 1970 participou como letrista do III Festival Universitário de Música Brasileira, no Teatro Municipal, RJ.
Em 1987 participou do Projeto Poesia na Praia e apresentação de poesia nos bares da Zona Sul do Rio .
Livro recente: Coração fechado para obras.
ANTOLOGIA DA NOVA POESIA BRASILEIRA . Org. Olga Savary. Rio de Janeiro: Ed. Hipocampo, Fundação Rioarte, 1992. 334 p. ilus Ex. bibl. Antonio Miranda
LIMITES
É vulto o que me resta em já previsível imprevisto
das noites furtivas — sucatas de teus momentos tardios.
Olhar sonolento e opaco de um corpo cansado e frio.
Migalhas — sobras e sombras do teu desgastado dia.
És encontro sem espera, o não pré-estabelecido.
Vento tênue que refresca sem impulsionar a vela.
Terreno demarcado de posseiros despossuídos
que surpreendes estéril enquanto salgas a terra.
Soma de instantes truncados em descompasso contínuo.
Perplexo ante a inércia do afeto que inviabilizas,
mas cobras acender a chama, solo fértil — sem cultivo —
e me estendes a corda bamba onde esperas que me equilibre.
Gestos descuidados, rascunhos sem qualquer destino.
Sons partidos — disco enguiçado em eterno recomeço.
Pegadas no deserto que a primeira brisa apaga.
Nas estórias de amor passas sem deixar vestígios.
Página publica em setembro de 2020
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