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SÉRGIO NATUREZA
Sérgio Roberto Ferreira Varela, nasceu no Rio de Janeiro, em 13-01-1947.
Sérgio Roberto Ferreira Varela (Rio de Janeiro, 13 de janeiro de 1947), mais conhecido como Sérgio Natureza, é um letrista, poeta e compositor brasileiro.
Como compositor, sua parceria mais profícua foi com Tunai.
Nascido no bairro da Tijuca passou a infância no Engenho Novo e a adolescência em Vila Isabel. O prédio em que morava foi construído no local da antiga casa de Noel Rosa.
O interesse pela poesia veio com a herança paterna. O pai escrevia poemas e assinava Sérgio Roberto, chegando a lê-los em uma emissora de rádio em Curitiba, onde fazia eventuais locuções no período em que a família residiu na cidade. Os pais sempre o incentivaram às artes. Estudou piano clássico quando menino e chegou a apresentar-se em algumas audições. Na faculdade, acompanhou atento os movimentos e os festivais.
No final dos anos 60 foi para a Europa, em razão de várias circunstâncias, como a perda da mãe, o descontentamento com a faculdade, a prisão de amigos nos quartéis da ditadura e no DOPS. Em Paris, conheceu Torquato Neto, tornando-se seu amigo. Em Londres, encontrou Gilberto Gil, Caetano Veloso e outros artistas exilados, estando com eles no "Festival da Ilha de Wight", versão européia do "Festival de Woodstock" (USA), no qual assistiram performances do lendário guitarrista Jimi Hendrix e outros ícones do cenário pop da época.
Voltando ao Brasil, reencontrou Torquato Neto e Gilberto Gil, mostrando-lhes alguns textos, os primeiros que lhe pareciam com um "sotaque" de letra de música. Ante a insistência de Torquato Neto, arriscou mostrar algumas letras para Paulinho da Viola, de quem logo se tornou parceiro. Em 1978, assinando Sergio Varela, publicou poemas na coletânea "Ebulição da Escrivatura", pela Editora Civilização Brasileira. Livro do qual também participaram os poetas Ele Semog, Salgado Maranhão, Tetê Catalão e Antônio Carlos Miguel (assinando Antônio Caos), entre outros. Além de dar título ao livro, fez a produção e a direção do show de lançamento no Teatro Tereza Raquel, no Rio de Janeiro.
No ano de 1992, publicou poemas na "Antologia da Nova Poesia Brasileira" organizada por Olga Savary para a Editora Hipocampo/Rio Arte. Em 1994, ganhou prêmio na categoria "Poesia" com a trilogia "Caricas I, II e III" no "Concurso Stanislaw", da Rio Arte.
Em 1997, lançou seu primeiro livro de poesias, "O Surfista no Dilúvio", pela Editora Sette Letras, livro no qual condensou mais de 20 anos de trabalho poético, figurando comentários de Paulo César Pinheiro, Hermínio Bello de Carvalho, José Carlos Capinam, Chico Caruso e Paulinho da Viola.
Desenvolveu também trabalhos de produtor de shows e discos, roteirista, diretor de shows musicais, redator, assessor de imprensa e jornalista free-lancer, com artigos publicados no "Jornal do Brasil", "Gazeta Mercantil", "Folha da Praia" e nas revistas "Ele e Ela", "Música do Planeta Terra", "GAM - Galeria de Arte Moderna" e "Música Brasileira".
No ano 2000, o escritor Rodrigo Moreira lançou pela editora Muiraquitã, a biografia do cantor e compositor Sérgio Sampaio, com prefácio de sua autoria. O livro faz várias referências a Sergio Natureza, amigo e parceiro do biografado e com quem conviveu durante muito tempo.
No ano de 2002 produziu um programa semanal "Por todos os cantos" na Rádio Viva Favela, ligada ao Movimento Viva Rio.
Entre os anos de 2000 e 2004 trabalhou como diretor artístico do projeto "Novo Canto". O projeto percorreu o circuito do Sesc e outros teatros divulgando artistas novos, apadrinhados por nomes consagrados da MPB.
Entre 2004 e 2014 trabalhou como Diretor de Programação da Rádio Nacional AM, do Rio de Janeiro.
Em 2008 fez a direção geral do projeto musical "Interseções - Sons no limiar entre o clássico & o popular", apresentado na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro, no qual se apresentaram diversos artistas: Marcos Sacramento, Luis Flávio Alcofra, Ná Ozzetti, Dante Ozzetti, Ivan Villela, Mônica Salmaso, André Mehmari, José Miguel Wisnik, Arthur Nestrovski, Jussara Silveira e o pianista italiano Stefano Bollani.
Em 2009 relançou dois livros de poesias pela Editora Booklink: "O Surfista no Dilúvio" e "Minimal Necessário". Fez a produção do show "Bollani Carioca", do pianista e compositor italiano Stefano Bollani, no Teatro Sesc Ginástico, no Rio de Janeiro.
Em 2010 fez a curadoria do projeto "Ecos da Cidade", na Sala Funarte Sidney Miller, no Rio de Janeiro.
No ano de 2014 foi um dos autores do livro "1973 - O Ano Que Reinventou a MPB" (Sonora Editora), organizado pelo Célio Albuquerque, com a participação de vários colaboradores, entre os quais Maurício Gouvêa, Rildo Hora, Antônio Carlos Miguel, Luís Pimentel, Juca Filho, Beto Feitosa, Luiz Fernando Vianna, Marcelo Fróes, Regina Zappa, Roberto Muggiati, Sílvio Essinger e Vagner Fernandes.
Biografia: https://pt.wikipedia.org/
ANTOLOGIA DA NOVA POESIA BRASILEIRA . Org. Olga Savary. Rio de Janeiro: Ed. Hipocampo, Fundação Rioarte, 1992. 334 p. ilus Ex. bibl. Antonio Miranda
RODA MORTA
(Reflexões de um Executivo)
O triste disso tudo é que tudo isso
quer dizer, tirando nada
só me resta o compromisso
com os dentes cariados da alegria
com o desgosto e a agonia
da manada dos normais
O triste em tudo isso é isso tudo
a sordidez do conteúdo
desses dias maquinais
e as máquinas cavando um poço fundo
entre os braçais, eu mesmo e o mundo
dos salões coloniais
Colônias de abutres colunáveis
gaviões bem sociáveis
vomitando entre os cristais
e as cristas destes galos de brinquedo
cuja covardia e medo
dão ao sol um tom lilás
Eu vejo o mofo verde no conhaque
que eu herdei dos ancestrais
e as hordas de demônios quando durmo
infestando o horror noturno
dos meus sonhos infernais
Eu sei quando acordo eu visto a cara
falsa e infame com a tara
do mais vil dentre os mortais
e morro quando adentro o gabinete
onde o sócio e o alcaguete
não me deixam nunca em paz
O triste em tudo isso é que eu sei disso
eu vivo disso e além disso
quero sempre mais e mais...
Página publica da em setembro de 2020
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