SALOMÃO JORGE
Nasceu em Petrópolis, Rio de Janeiro, em 6 de julho de 1902. Descendente de sírio-libaneses.
TEXTO EN ITALIANO
JORGE, Salomão. Arabescos. Poesias 1918-1928. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti Editores, 1941. 241 p. 13x19 cm. À moda de prefácio, inclui uma carta de Agrippino Grieco. Col. A.M.
A ETERNA PERGUNTA
Luz que inflammas os vértices dos montes,
Os vergéis ondulantes das collinas,
Lírios de prata, rosas purpurinas,
Rendas da espuma, pérolas das fontes!
Eldorados de luz dos horizontes,
Tristes pompas do occaso sobre as ruínas,
Mortas queridas que trazeis nas frontes
O véo imponderável das neblinas...
Lâmpadas de ouro, estrellas resplendentes,
Louras fidalgas de olhos peccadores,
Alvas pastoras 'de olhos innocentes!
Dizei-me, crianças de feições gentis,
Dizei-me, sapientíssimos doutores,
O que é preciso para ser feliz?
CIÚMES
Em tens olhos longínquas nostalgia»
Afastam-me dos paramos humanos,
Olhos cheios de sombras e de enganos,
E de reminiscências de outros dias...
Num sonho padeci ciúmes insanos,
Que me rasgaram a alma de agonias',
Emquanto me fitavas, esquecias
Outros amores, outros desenganos....
Foi um sonho de dor e de ansiedade.
Teus olhos: dois oceanos de ternura,
Também dois infinitos de saudade...
Noite de pesadelo atroz, sem fim,
Teus olhos nos meus olhos, e ó tortura!
Teus olhos não olhavam para mim»..
CARTAS DE AMOR
Velhas cartas de .amor, amargas de ironia,
Horizontes sem sói, recantos de saudade;
Sempre que vos releio, estranha nostalgia
De tudo o que passou, meu coração invade.
Cartas, eu vejo em vós, numa penumbra fria,
Sombras a desfilar, em suave claridade,
Promessas, confissões de dor e de alegria,
Chimera, juramento, inquietude, ansiedade...
Velhas cartas de amor, morrendo nas gavetas,
Com cinzas sepulchraes de rosas e violetas,
Cartas que me evocaes as mortas emoções...
Cartas de desengano atroz e de mysterio,
Vosso velho papel é um triste. cemitério,
Onde letras sem cor são mumiaa de illusões...
O AMOR VOLÚVEL
Ó peccadora de olhos langorosos,
Quero peccar comtigo alguns momentos,
E beijar os teus labios saborosos
Como a polpa dos fructos sumarentos.
Sentir nos meus teus braços voluptuosos,
Róseas algemas para os meus tormentos,
Beijar teus olhos, húmidos de gozos,
Húmidos de volúpia, somnolentos. ...
A mim pouco me importa o teu futuro,
O teu corpo é que eu quero, puro ou impuro,
Na insoffrida explosão dos meus desejos!
Nossas horas de amor serão bem poucas,
Depois vae a procura de outras boccas,
Que irei também em busca de outros beijos...
ROSA DE JERICHÓ
Eosa do areial da Syria merencória,
O teu destino, a tua triste historia
Enternece a minha alma e me conforta.
Como é bello o teu fim! Depois de morta,
Eosa humilde , orvalhada, commovida,
Besurges novamente para a vida,
Com as tuas. brancas pétalas de luz,
Bosa de Jerichó, como Jesus!
E's bem mais infeliz, dolente rosa
Do que o divino e plácido Jesus,
Este foi para os céos, para a gloriosa
Paragem onde tudo canta e luz!
Mas tu, rosa paixão de Jerichó,
Resurges pára a terra e 'para o pó!
Toda fragilidade, toda amor
Renasces para a vida, para a dor!
E como é differente a tua sorte,
Kesurges, mas resurges para a morte.
TEXTO EN ITALIANO
Extraído de
MIRAGLIA, Tolentino. Piccola Antologia poetica brasiliana. Versioni. São Paulo: Livraria Nobel, 1955. 164 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
L'OROLOGIO
Nella camera mia, soffro soletto,
Rimembrando una pallida figura.
Figura che è l'amore mio diletto,
Aspirazione che mi trasfigura.
Stella fulgente, radiosa e pura,
Brilli, soave luce nel mio petto.
Senza di te, la vita tetra e dura
Non sopporterei, ideal perfetto.
E di te, come scalda la mia sete.
Tutto pare che mi compianga qui,
Finanche l'orologio alia parete !
Orologio verrà ? — Non lo saprò :
La lancetta, girando, dice si :
Il pendolo, pianegndo, dice no !
Página publicada em maio de 2014; ampliada em janeiro de 2016.
|