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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

RODRIGO DE SOUZA LEÃO

 

 

     Poeta, jornalista e músico, Rodrigo de Souza Leão nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 1965.  Publicou dez e-books de poesia, entre eles Impressões Sob Pressão Alta, 25 Tábuas, No Litoral do Tempo e Síndrome, todos pela Virtual Books. Tem poemas publicados nas revistas Coyote, Oroboro, Poesia Sempre, El Pez Náufrago (Mexico), Et Cetera e participou, como músico, do CD Melopéia, de Glauco Mattoso. Participou da antologia Na Virada do Século, Poesia de Invenção no Brasil, organizada por Claudio Daniel e Frederico Barbosa (editora Landy, 2002). Criou o site Caos (www.geocities.com/seumario) e veicula na Web o e-zine Balacobaco, com entrevistas com mais de 150 poetas e escritores. É co-editor do site Zunái, Revista de Poesia e Debates (www.revistazunai.com.br/).

Foi premiado no Concurso de Contos José Cândido de Carvalho 2002.

Tem trabalhos publicados no blog http://lowcura.blogspot.com 

        

 

Poemas do livro

CAGA-REGRAS:

 

 

Freud dizia que defecar é um prazer

e que todo mundo ama sua mãe

 

Eis que defequei um filho com barba

Onde foram parar minhas hemorróidas,

eu pergunto

 

Só uma puta poderia te parir, respondo

E vou pondo naftalina na latrina

do dia-a-dia

 

Para não apodrecer de mim mesmo 

 

O copo quebrou

e não foi preciso mais nada

além da voz de Yma Sumac

 

O copo quebrou

no agudo do passarinho

dentro dela

 

O copo quebrou

e os cacos ficaram no chão

para algum faquir sorrir dor

 

O copo quebrou

e toda criança sabe

que a boa água é a da bica 

 

4. Peixes fisgando anzóis comicham no corpo

Baleias de chupeta 

 

5. Na veia sossegada o leão caminha

inválido de juba cortada, cuspindo

vida curta

 

Em curto circuito fechado

faixas vendas ferem as paredes

 

Sem degraus as pilastras

sem grade dégradé

 

Degradado de sol

de lua

 

Chuva desbotada

Eletrochoque natural

 

Enguias guiam os volts

na cabeça dos cegos de si  

 

Tudo ficou dourado. O céu dourado.

O Cristo dourado. A ambulância dourada.

As enfermeiras douradas tocavam-me com suas mãos douradas.

Tudo ficou azul: o bem-te-vi azul, a rosa azul, a caneta bic azul, os trogloditas dos enfermeiros. Tudo ficou amarelo. Foi quando vi Rimbaud tentando se enforcar com a gravata de Maiakovski e não deixei.

Pra que isso Rimbaud? Deixa que detestem a gente. Deixa que joguem a gente num pulgueiro. Deixa que a vida entre agora pelos poros. Não se mate irmão. Se você morrer não sei o que será de mim. Penso em você pensando em mim.

Rimbaud tudo vai ficar da cor que quiser.

Aqui não dá pra ver o mar. Mas você vai sair daqui.

Tudo ficou verde da cor dos olhos de meu irmão e da cor do mar. Do mar. Rimbaud ficou feliz e resolveu não se matar.

Tudo ficou Van Gogh. A luz das coisas foi modificada.

Enfim me deram uns óculos.

Mas com os óculos eu só via as pessoas por dentro.

 

 

 

LEÃO, Rodrigo de Souza.  Há flores na pele.  João Pessoa: Manufatura, 2001.   80 p  10,5x17 cm.   Ex. na col. Antonio Miranda

 

 

Página publicada em fevereiro de 2008,

organizada por Cássio Amaral.



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