RITA MOUTINHO
Maria Rita Rodrigo Octavio Moutinho, poeta e pesquisadora carioca, nascida em 1951, tem seis livros de poesia e um de ensaios: A hora quieta (1975), A trança (1982), Uma ou duas luas (plaqueta), 1987, Vocabulário: um homem (1995), Romanceiro dos amores (1999), Soneto do amores mortos (2006). Foi editora de pesquisa da Enciclopédia da literatura brasileira.
“Através de uma lírica culta, Rita, sem querer voltar ao passado, também não se vende aos modismos do não-gênero, mal de muitos poetas contemporâneos que tentam superar o já superado, prendendo-se a um procedimento inócuo. O livro [Sonetos de amores mortos] trata da elaboração do luto dos amores passados e a construção da memória dessas histórias. (...) Com este livro, Rita Moutinho mostra que entrou para a turma dos raros que dominam a arte do soneto “cravando-lhes a cunha da modernidade” como bem observou Ivan Junqueira na orelha do livro”; ELAINE PAUVOLID
“Em Sonetos dos amores mortos, novo livro de poemas de Rita Moutinho, o amor está vivo. A despeito do lamento, o ódio, da despedida, da saudade, da memória, do luto, dos frutos que atravessam cada um dos dez blocos afetivo-temáticos da coletânea, a força que se afirma é esta — o amor — a partir da qual os demais sentimentos e a própria vida surgiriam: “A arte de amar nos nasce espontaneamente / é uma fonte que brota em nosso corpo ermo.” IGOR FAGUNDES
“O livro Sonetos dos amores mortos, de Rita Moutinho, traz consigo, e para nós,
o choque, a ferida sangrando dos amores desgarrados, perdidos, ou extraviados, no dia a dia, no corp~ a corpo, da aventura humana. O vigor da linguagem sabe, com raro apuro verbal, dizer as formas da perda ou do luto.
A alta temperatura afetiva organiza o tenso convívio das palavras: o desacordo e o acordo. O que o tempo desfez a linguagem refaz, porque só ela é capaz de guardar o tesouro escondido, e recuperar a sua voz silenciada. EDUARDO PORTELLA
“Em Rita Moutinho, particularmente nestes estupendos Sonetos dos amores mortos, percebe-se que a intensidade do sentimento lírico, aqui e acolá atravessada pela mais cortante ironia, se articula de modo admirável ao trabalho com as formas fixas do verso e do poema, gerando um conjunto coeso que transforma a cinza do amor na cintilação e na brasa perpetuamente renasci da do poético.” ANTONIO CARLOS SECCHIN
TEXTOS EN ESPAÑOL - TEXTOS EM PORTUGUÊS
MOUTINHO, Rita. Theo May. Apresentação de Fernando G. Carneiro. Rio de Janeiro: Ibis Libris, 2016. 155 p. 14x21 cm. ISBN 978-85-7823-250-4 N. “Rita Moutinho” Ex. bibl. Antonio Miranda
SONETOS DAS EXPLICAÇÕES (I)
1945 (26 ANOS)
Será que o deus da guerra saberia
explicar Hiroshima e Nagasaki?
E Jesus Cristo aos céus ascenderia,
se algum dos anjos viesse e Lhe anunciasse
que o pecado podia um dia ser
matar milhões de “estrelas de Davi“
e minorias por doentes porquês.
irmãos homens, mulheres e guris?
Theo, pra onde caminha a humanidade?
Que armas e paranoias há por vir?
Fumando meu cigarro nesta tarde,
pergunto-me o que um deus pode sentir.
Quem saberá me dar explicações?
Recorre à fé, à lógica, aos sabichões?
May
Querida, entendo tua raiva e revolta,
um certo ceticismo e ironia.
Há aberrações nos séculos afora
e, a muitas, não explica nem a Bíblia.
Os deuses que espelham homens um dia podem
refletir toda a andança ampla da história?
Os sábios dão teorias urbi et orbe,
mas nem tudo nos diz a boa retórica.
Deixa a poetisa que há em ti escoar,
deixa a alma enveredar em crença e lógica.
Vamos agir — a vida dá alvarás —,
e somos energias transitórias.
Existe o malefício e existe a mágica.
Nossa vida é magnífica e é trágica.
Theo
SONETOS DA DISTÂNCIA
1950 (31 ANOS)
Às vezes, sinto, Theo, que o isolamento
da vida fervilhante da cidade
deixa o mundo de ideias mais pequeno,
deixa mais baixo o voo da minha ave.
Por outras, penso na Emily e seu mundinho,
constelação de poemas, luz no idioma,
e no que eu, fazendeira, aqui destilo
do tonel sensitivo que a alma sonda.
O campo tem um tônus menos tenso,
do que o que contrai os citadinos,
mas as inquietações do pensamento
aqui ou lá atingem o infinito.
Distância foi opção, não me arrependo.
No meu total não há subtraendo.
May
Tudo nos chega às mãos, tarda, mas chega.
Assim temos notícias e cultura,
e mais: temos aberta a natureza,
e os bichos livre pra fazer das suas.
Moramos afastados do bulício,
colhendo e criando a essência do existir,
amando multidões, sim, de eucaliptos
e a construção frondosa dos oitis.
Mas nos faltam, hélas, os espetáculos,
o mundo da arte viva, em ebulição.
Um dia, suprirá em parte o vácuo
a imagem e o som — céus! — da televisão!
O que importa pra nós é estar pertinho,
ser dois diapasões em um só ninho.
Theo
MOUTINHO, Rita. Psicolirismo da terapia cotidiana. Poesia. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2013. 192 p. 14x21 cm. Apresentação: Sérgio Paulo Rouanet. Contracapa com texto de Antonio Carlos Secchin. Capa de cartão duro. ISBN 978-85-7480-639-6 Col. A.M.
“O leitor perceberá que iniciei o tratamento numa extremamente cruel crise de depressão e ansiedade que exigiu um sobre-esforço de analisando e analista. Baseando-me em meu caso, divido a passagem pela terapia em quatro estágios, sugerindo uma evolução no clima psicológico. Assim, um sujeito que se define no como começo como se estivesse “em cacos”, acaba por chegar ao momento de caminhar sozinho, armado de defesas, com um solo construído sob seus pés e equilibrando razão e emoção.” RITA MOUSINHO
“Originalíssima travessia na direção da “cura” pela poesia (...) “O lirismo confessional não prescinde do rigor de uma enunciação criativa e sofisticada em qualquer das modalidades em se apresente, do soneto clássico ao verso livre.” ANTONIO CARLOS SECCHIN
Adentrando
I
Frente a mim,
no meu presente,
não me desvendo
e assim permito
arroubos de pensamento
e justifico, que lá dentro,
há de estar o que não penso.
Repasso, tomo, assalto
meu vivenciado
como se de longe
alcançasse a caça
de uma só laçada.
Assim não me encontro:
prendo e trago atado
o que penso origem do presente,
meu passado.
II
Este retorno ao que mantive
embrionário deve ser lento
como lentamente distendi meu órgão
e me fiz mundo interno, aquecido,
intrauterino aos fetos.
Foi a termo que tive meus filhos
e em mim gestei a certeza
de ser tudo e nada,
de ser mãe, abrigo, teto,
de ser pouco, pois que há relento
e não gerei seus mundos.
III
Esta aventura de adentrar-me
não me remete, sei,
só ao que fui, passado,
mas ao que sou, momento.
Deve haver um lento tatear-me,
pois em mim não há outra que não eu
a me querer nascer.
Não posso arrancar a fórceps
minha vida à vida
e ver a luz sem outra gestação
que não a da emoção.
E se o totó do terapeuta
me auxilia a vir ao hoje,
amparando-me a cabeça
que reabre-se em moleiras
- medos sem defesas -
a mim cumpre a tarefa
primeira e última
de gostar, parir, ser
inteira.
IV
Frente a mim,
junção dos tempos,
tensão de medos e certezas,
estou pronta para os meus relentos.
Adentrada soube não haver
confins na alma,
mas recantos protegidos,
pequenos antros,
onde o inseto
deixaria a larva,
e eu o gen
dos meus gemidos. *
* Poema publicado originalmente no livro A Trança, de 1982.
Soneto da Síndrome do Pânico
SINTOMATOLOGIA
O coração, turbina acelerada.
A respiração sôfrega de cio.
A vertigem de pico de escalada.
Estou no tombadilho e aqui venta
sob meus pés e dentro das artérias.
Viajo no navio noturno atenta
ao pânico, ardência das misérias.
Grande pavor da morte me fragmenta,
e eu habito saaras e sibérias,
enquanto uma agonia cruel e lenta
supõe deficiências reais e sérias.
Estabilizadores, qualquer fada,
me levem à terra firme, o mar bravio
dos meus nervos me deixa apavorada.
Futuro, nele crer, isso e mais nada,
é o que preciso agora quando o fio
de vida deve ser fio da meada.
Soneto da Verve Encobrindo a Crise
Que respostas explicam ossos moles,
que mistérios escondem mãos com luvas,
que remédios anulam a dor de choques,
que vitórias precedem a hora da luta?
Que arrumação perfuma uma desordem,
que soluções dissolvem a loucura,
que decretos detêm a mão que bole,
que mágica viaja um pombo à Lua?
Que saudade conduz a estreia à volta,
que alegria é mais rubra que a proibida,
que limite refreia o pé na borda?
Que lucidez desfralda a poesia,
que ansiedade o papel escrito embrulha,
que olhos meus podem ler a alma às escuras?
Soneto da Lembrança Encobridora
Reconstruo a lembrança flexionando,
porque a verdade dói como fratura,
e quanto mais exposta vou ficando,
mais o real se faz literatura.
Pois vire-se, doutor, me decifrando,
vendo em pêssegos a alma sob tortura,
em cactos descritos adivinhando
fatos de paz contados em urdidura.
Quanto mais dura a dor maior a imagem
que teço e engendro pra representá-la.
Há que pôr a sua mente em uma viagem
quando muito perdida a minha fala
contar-me num enredo metafórico,
banhado por meu pranto tão retórico.
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MOUTINHO, Rita. Sonetos dos amores mortos. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 2006. 139 p. 14x21 cm. “ Rita Moutinho “ Ex. bibl. Antonio Miranda
Soneto pós-moderno do adeus definitivo
A névoa do silêncio é tão intensa
que sinto o triz do adeus definitivo.
Minhas palavras morrem na sentença:
— Morri, adeus, não salve meu arquivo!
Deletar a saudade, tua presença,
é pôr no coração vácuo afetivo.
A razão corrobora e inda me imprensa:
— Morreu, adeus, o morto cinge o vivo!
Se não há par, irei salvar-me como?
Vivente, eu me formato como morta
e ponho uma redoma em torno à dor.
Emprestado do breu o luto eu tomo
e faço uma incisão em minha aorta.
Teclas líricas morrem. Adeus, amor!
Soneto da despedida felliniana
Aos poucos a esperança entra no beco
e dá com um pare dão inexorável.
Tento britar o fim que há no concreto,
nenhuma fresta se abre nesse entrave.
Olho o céu. Sob os astros, vejo um teto
de nuvens carregadas e negra ave
a dizer "nunca mais" em tom severo,
uma sentença breada que me abate.
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Carrego na bagagem rosas, cardos,
alegres beija-flores, vis abutres,
estivais cobres, chumbos invernados.
Embarco com o passado e com Schubert.
Silva uma nênia, já la nave va.
Cinzas do amor mergulham no alto-mar.
Soneto do fim de caso com mágoas e ódio
Tu me disseste pluma, docemente,
quando o sumo do caso inda ebulia,
que tinhas de serrar nossa corrente.
Meu meio aro de ferro, em avaria,
não sangrou, continuou férreo e imantado.
E havia a sina: tanto adeus falido
e tanto reencontro emocionado ...
Mas era cova funda o concluído.
O ferro enferrujado por sal e águas,
que viam os calendários a se esvair,
deu tétano, fechou a glote, e as mágoas
e o ódio eram os adjetivos no exaurir.
Por pressão dela tive árduo final.
Antes houvera um crime passional!
Soneto do martírio dos motivos poeticamente superado
o relacionamento acaba e, então,
nas ramificações de urdido arbusto,
se escondem os motivos da cisão,
e a mente encontra a luz com muito custo.
Não me cura o consolo da razão,
ao elemento terra não me ajusto.
Que a dor em fogo, ardendo na emoção,
poética explique o fim do amor augusto.
Éramos algodões-doces, mas desfiamos
na boca de um acaso corrosivo
que dissolveu o açúcar do encanto.
Não lamentar, louvar! Amar? Amamos!
Que fique na memória o mel festivo,
mais pungente o sorriso do que o pranto!
Soneto amargo para dia de desespero
Um lobo uiva na lua do meu peito,
uma cruz me aprisiona com seus pregos,
uma insônia revolve a paz do leito,
uma pena de cacto esvai teu espectro
num poema com visco, contrafeito,
numa rima que ecoa, em outra sem eco,
numa imagem que trunca o fluir perfeito,
num metro em que não cabe o meu flagelo.
É que hoje tua memória é ave implume,
a frustração um soco numa nuvem,
a nostalgia é fruto oco de sumo.
É que hoje o teu vazio é um mar mudo,
a solidão uma forca com algoz negro,
a saudade uma face sem espelho.
Extraídos de SONETOS DOS AMORES MORTOS. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 2006. 139 p. ISBN 85-7384-117-6
SONETO DOS DESENLACES
São cristais com clivagem os casamentos.
Sabemos sem restauro as alianças
que foram de ouro em dilatado tempo
e hoje são doridas dissonâncias.
Urge rarefazer ares sem esto,
e juntos, amparados, na balança
pesamos o bolor dos desalentos,
cogitamos no abrir nossas ventanas.
***
Nosso encontro fundava os desenlaces,
mas não nos prometíamos: apenas,
assemelhados com a alma azul das aves,
azulávamos nuvens dos combates
como éramos: sensíveis tais avencas
com raízes/hastes na eternidade.
SONETO DO EQUINÓCIO ADIADO
Hoje o silêncio corta o fio do equador
e incomunicáveis os pólos orbitam
desgarrados da esfera terrestre. O calor
e a ardência tropical, mudos, se gelificam.
No equinócio, dia e noite — assim como o amor —
se equivalem e por isso se presentificam
o equilíbrio, a medida-anel do cobertor
e do corpo gelado quando se unificam.
Estamos na distância e no incomunicável
por motivos que nem os astros nos explicam.
Medo? Será o medo que faz dissociável
a junção dos amantes que se estigmatizam?
A nódoa do pecado no imo é implacável.
E, súbito, equinócio e harmonia se adiam.
SONETO DO PODER MORRER
Mais uma vez os olhos se fitaram,
e as íris se abriram para a luz.
Nossas palavras, níveas de vis máscaras,
eram de novo o raio que seduz.
O que me dizes pluga o lume da alma,
o que te digo deixa os freios nus.
Ai como este romance me aclara
o enigma de Bentinho e Capitu!
Só quem viveu uma história misteriosa
com sabor de realismo que é fantástico
há de saber que dentro dos emboras,
viaja-se no pêlo nu dos ácidos,
incorpora-se a dor de cravo e rosa
e escreve-se: "Vivi!", com
o epitáfio.
Extraídos de ROMANCEIRO DOS AMORES. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 1999.57 p. ISBN 85-7384-052-8
TEXTOS EN ESPAÑOL - TEXTOS EM PORTUGUÊS
MOUTINHO, Rita. Vocabulario: Un hombre. Edición bilíngue (Castellano – Português)/ Prólogo: Igor Fagundes. Traducción Marta Spagnuolo. 148 p. 14x20 cm. (Torre de Babel) “Prêmio Murilo Mendes Ara[ujo de 2015, da União Brasileira de Escritores.” “Rita Moutinho” Ex. bibl. Antonio Miranda
CARMEN Y EL INDIFERENTE
El crimen más íntimo
permanece seco en el ángulo
del ojo. En la boca
un corazón febril
late como en drama.
En las venas, indecente,
la sangre baila desnuda um pasodoble.
Su falta de celos
me asesina.
CARMEN E O INDIFERENTE
O crime mais íntimo
permanece seco no ângulo
do olho. Na boca
um coração febril
lateja como em drama.
Nas veias, indecente,
o sangue dança nu um passo doble.
Sua falta de ciúme
me assassina.
COCCIÓN
El calor de los cuerpos
nos fija soldadura.
Una membrana fragancia,
una película destino,
una porcelana alianza,
una particula viva
nos mantiene en la ternura
de un horno blando
hasta siempre
o hasta cuando.
COZEDDURA
O calor dos corpos
perpetua-nos solda.
Uma membrana fragrância,
uma película sina,
uma porcelana aliança,
uma partícula viva
nos mantém na ternura
de um forno brando
até sempre
ou até quando.
ESCENARIO
El árbol cortina la ventana.
Es pie de viento, es pie de vals,
gira aéreo sobre las raíces,
ensebando vuelo a las aves.
Al son de gotas, enlluviado,
se dobla sensual y húmedo,
es palabra y habla.
Sus hojas, hechas lábios,
se pasan una a otra
la saliva de la clorofila
y se enfrentan, se encajan,
dentadas, aserradas,
hendidas, lanceoladas.
La nervadura de sus palmas,
sus fosas nasales, sus poros,
respiran, transpiran,
y el viento Este lame
restos de lo goteado.
El árbol se organiza orgánico,
procura vida en el propio cuerpo,
estípite, penacho, tronco, fuste,
todo es tallo y conduce savia.
Androceo y gineceo se buscan,
el pudor de la corola enrojece,
el cáliz brinda y embriaga
los rumbos de los granos de pólen.
CENÁRIO
A árvore encortina a janela.
É pé de vento, pé de valsa,
rodopia aérea sobre as raízes,
ensinando voo às aves.
Ao som de gotas, enchuvada,
verga-se sensual e úmida,
é palavra e fala.
Suas folhas, feitas lábios,
transferem uma a outra
a saliva da clorofila
e se defrontam, encaixam,
dentadas, serrilhadas,
fendidas, lanceoladas.
A nervação de suas palmas,
suas ventas, seus poros,
respiram, transpiram,
e o vento leste lambe
restos do respingado.
A árvore se organiza orgânica,
procura vida no próprio corpo,
estipe, colmo, tronco, haste,
tudo é caule e conduz seiva.
Androceu e gineceu se buscam,
o pudor da corola cora,
o cálice brinda e inebria
os rumos dos grãos de pólen.
Página ampliada e republicada em abril de 2016; ampliada em agosto de 2019
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