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RICARDO ALFAYA
(Ricardo Ingenito Alfaya) nasceu no Rio de Janeiro -RJ, em 08.08.1953. É bacharel em Direito e em Comunicação Social, Jornalismo. Escreve poesia, conto, crônica, resenha, artigo e ensaio. Publica desde 1980, constando em mais de 70 diferentes periódicos do Brasil e do exterior. Participa de exposições de Poesia Visual. Livros: "Através da Vidraça", individual, 1982; "Sujeito a Objetos", 25 poemas, em "Rios, coletânea de poemas", org. Márcio Catunda, 2003; "Dez em Cantos Sedutores e Nove Poemas ao Mar", 19 poemas, em "Onze Autores da Web", org. Douglas Lara, 2003. Integra 23 antologias, com textos em verso e em prosa. Prefaciou 10 livros, obteve 23 prêmios literários. Após 1999, aparece na Internet, tendo mais de 300 trabalhos distribuídos em 34 sites literários.
Atualmente, mantém colunas mensais no site VMD/Nascente, de Vânia Moreira Diniz & Luiz Alberto Machado, e na publicação virtual Jornal'Ecos, de Vânia Moreira Diniz e Fernando R. de Oliveira (radicado em Paris, França). Desde abril de 1995, edita, com a esposa Amelinda Alves, o "Nozarte Informativo Cultural", atualmente vinculado ao "Nozarte Cultural Blogue". Contato: Ricardo Alfaya, Caixa Postal 18032, Ag. Méier, Rio de Janeiro-RJ, 20720-970.
E-mail: ricard50@superig.com.br
Site: http://nozarte.blig.ig.com.br
“Ricardo Alfaya é um poeta da pós-modernidade que resgata a força das rimas, que reinventa o palavra-puxa-palavra pelo caminho da idéia-que-puxa-idéias... Linguagem direta mas sutil, temas aparentemente banais e circunstanciais mas tão humanos... Poeta das coisas rasas com profundidade... É tão difícil ser simples entre poetas que sobrecarregam os discursos!... Seria intranscendente se não aplicassse uma linguagem poética sintética, com a leveza e a sutileza de hai-kais...” Antonio Miranda
"Com prazer registro o recebimento de 'Rios' (bela edição!). Já li há pouco sua seção ('Sujeito a Objetos') e constatei uma poesia segura, com bom domínio rítmico e originalidade imagística, atributos essenciais para um trabalho de qualidade, como o seu". (Antonio Carlos Secchin, escritor membro da Academia Brasileira de Letras, em cartão postal de 01.10. 2003).
"Sua poesia, Ricardo, é carregada de pensamento e de indagações, em boa linguagem. É meditativa e elíptica, do que é paradigma exatamente 'Meditação', poema que se destaca pelo poder de sugestão deflagrado em tão poucas linhas. É sarcástica em 'Lição de Anatomia', por exemplo. Jogos de palavras bem conduzidos. Enfim, uma poesia sóbria, digna e cativante." (Anderson Braga Horta, poeta, escritor, ensaísta, em carta de 28.10.2003).
(mais comentários ao final da página)
Veja também: Poesia visual de RICARDO ALFAIA
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O SILÊNCIO DO ROUXINOL
Shuang Sei
queria ver o rouxinol cantar
Mas o pássaro não canta
porque se encontra cercado
por barras de ouro
Shuang Shei não se conforma
gastara uma fortuna
na esplêndida gaiola
GATUNO DA MADRUGADA
Caríssimo Sr. Cachorro
levante as patas
abra a bocarra
passe para cá o osso
Não leve a mal
tampouco discuta comigo
Afinal são os ossos do ofício
Não é você meu melhor amigo?
Meu caro lhe digo
a vida do brasileiro é dura
pura carne de pescoço
Desempregado insone
virei felino noturno
transformei-me
da madrugada
em gatuno
Então não discuta
nem pense em ladrar
que senão me irrito
e hoje estou
matando cachorro a grito
É FANTÁSTICO
Um homem perdido
naquele quarto que é sala
naquela sala que é quarto
TV e janela
olham para ele
Lá fora impassível
aguarda
o infinito
Se impossível o grito
tampouco despejará no ar
o mais ínfimo gemido
Madrugada cai ao chão
mistura-se ao colchonete
que lhe serve de cama
Sem drama
o homem acaba
dormindo
Fim de jogo
Final de domingo
BEM-VINDA
Aqui estás
depois de longa jornada
como quem não quer nada
entrando de mansinho
pela fresta da janela
Motivo de festa
vida
chegaste assim
chegaste a mim
o poeta
Como criança vieste
escondendo brinquedo
fazendo segredo
num dia de sábado
A ti
dirigi minha fronte
ergui o meu brinde
bebi na tua fonte
Beijei com audácia
CRUZADA
Fazer poemas
Como quem joga
Palavras cruzadas
Ver no tabuleiro
Qual melhor pedra
Se enquadra
Contar letras
Ou sílabas
Ou minutos
Da vida que vaga
E passa batida
Fazer poemas como quem joga
Fazer poemas como quem
Nada
POETA EM GESSO
Num tresloucado gesto
escreveu um poema expresso
e quebrou o braço
A dor que deveras sentiu
entortou-lhe a rima
deixando-o em pedaços
No hospital lhe engessaram os versos
Em casa com a ponta dos dedos
rabiscou
poemas dispersos
No peito a ânsia
de que o tempo levasse para longe
o gesso de sua alma
JARDIM-DE-INVERNO
A pele
não cobre
inteiramente meu corpo
Recorro a outros tecidos
ponho a gravata
decido o terno
No fundo de tanto pano
se não me engano
há um homem
que chamam de moderno
Uma vez por ano
a vida aqui fora
combina com esse estranho
habitante interno
Acontece no inverno
DO "ELOGIO DO ÓCIO" DE BERTRAND RUSSELL
Sem ócio
não há filosofia
Que o digam os antigos gregos
que o maldigam os então escravos
Sem ócio
não há poesia
Garante-me um assalariado
Numa noite de sábado
DA JANELA DE UM SÉTIMO ANDAR
Sonolenta a manhã se cobre de nuvens
há em tudo a imensidade do abandono
O meu rosto claro e rarefeito pela brisa
quer saber mais, quer saber se há cais
Percebo que gradualmente me dissolvo
Nada me salva da lenta e certa diluição
o cão que late ali sem rumo e sem dono
o homem ligeiro entrando na contramão
Sempre se perdem as folhas de inverno
Tremores de ventos sopram: "tudo passa"
Mulheres sem graça em compras na feira
feirantes tenores gritando ofertas na praça
Karina, mulher que em verdade não existe
caminha agora pela sala silenciosa e triste
Desliza na manhã os dedos finos e longos
Lá da rua insolente sobe crua uma risada.
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De
VERTENTES
Coletânea de poemas e fortuna crítica.
[Poemas de] Elaine Pauvolid, Marcia Carvalho,
Márcio Catunda, Ricardo Alfaya, Tanussi Cardoso.
Rio de Janeiro: Fivestar, 2009. 195 p.
ISBN 978-85-62038-02-0
MULHER NO CAMPO ENTRE MARGARIDAS
Encontro em meu canto
a mulher do campo
Flagro-a plantando meu futuro alimento
Olho-a de longe
com meu olhar suspenso
na esperança de colher um sorriso branco
GRAVIDADE
Não sei bem o que me traz
se a seca da água
se o pranto da Terra
Sei talvez o que me trai
o jeito de sonho
de completo abandono
O que me leva
ora é o vento
ora
a névoa
BALANÇO
Dois olhos
Dois braços
Dois seios
Duas pernas
Um poema
NOTA DE RODAPÉ
As noites dançam
Conforme a musa
As noites passam
No rodopio dos pés
Balés
Boleros
Músicas curvas
Céus que desabam
Estrelas
SAUDADE
Saudade é sal
Nos olhos
Faz chorar
PRAIA
O Sol
brilha
em você
QUADRIGRAFIAS: Elaine Pauvolid, Márcio Catunda, Ricardo Alfaya, Tanussi Cardoso. Rio de Janeiro: Uapê, 2015. 212 p. 14X21 cm. ISBN 978-85-8154-017-7 Ex. bibl. Antonio Miranda
FOTO 002: AUTORRETRATO
Filme os arredores,
grave múltiplos sons.
Faça o que fizer,
diga o que disser,
pinte o que pintar
— triste sina —,
não há como sair de si.
Todo ato termina
em autorretrato.
FOTO 007: QUADRO
Pintou a parede
e chorou.
A lágrima pingou
em azul cobalto.
Era um pintor.
Parou.
Desceu da escada.
Enrolou jornais,
latas e pincéis.
Guardou tudo.
Era preciso dar um tempo.
Era preciso que a tinta
secasse dos olhos.
FOTO 032: FARTO
Em que pesem as cicatrizes dos atos,
em que pense nos desenganos dos fatos,
conduzo ainda no rosto um sorriso... Farto.
ALFAYA, Ricardo. Fronteiras em liquidação. Rio de Janeiro: Dowsiley, 2016. 220 p. il.s 14x21 cm. ISBN 978-85-69589-08-2 “Ricardo Alfaya” Ex. bibl. Antonio Miranda
“Fronteiras em Liquidação é um projeto, de extraordinário fôlego, em que o autor reúne cinco livros de sua autoria. Conjunto que consegue manter, pelo efeito de diálogo e recorrência entre os trabalhos, apreciável unidade.” (...) “Ao criar microcosmos verbais, carregados de relações, decifra os signos da condição humana e manifesta perplexidade diante do insólito. Como a dizer que, sem certa dose de ironia, não se pode entender o drama existencial humano. Vê a vida como perda contínua, rumo ao despojamento total. Contudo, o seu imaginário cético não exclui alguma esperança, já que a capacidade de inventar a si mesmo surge como saída ou solução para evitar a descrença total, como se pode verifica em Poetas São Feitiços de Vento.” MÁRCIO CANTUNDA
ONTEM & HOJE S.A.
Doces, tabuleiros e meninos
vendidos numa rua do Centro,
durante o sobe e desce da Bolsa,
por qualquer besteira.
E entre uma e outra especulação,
no desencontro das ofertas de mercado,
maiores e menores segue abandonados.
GRAVIDEZ
A rua espera um menino
para ainda este mês.
O filho indigente da vez.
EXPOSIÇÃO PÚBLICA
Passeio meu corpo
de palavras nuas
pelas ruas de papel.
DOS RELÓGIOS
De ouro ou de cobre,
nenhum relógio tem
um tempo que sobre.
CORPO HOLOGRÁFICO
Concreta afirmativa do ser
contra a parede abstrata
do nada não há de quê
em várias embalagens
à sua escolha
Não se encolha
Colha-me
inteiro
em
ca
da
p
e
d
a
ç
o
TELEFONIA
Alguém me atenda,
alguém me entenda.
Não me deixem fora do gancho.
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Página ampliada e republicada em julho de 2010, a partir de um exemplar de obra enviado por Luiz Otávio Oliani, poeta e assessor de Imprensa da editora, com a devida autorização para a divulgação dos textos. Ampliada e republicada em agosto de 2015. Ampliada em junho de 2016.
"Conheci os primeiros poemas visuais de Ricardo Alfaya, por recomendação do poeta Joaquim Branco. Tanto que os primeiros poemas seus foram publicados em nossa página de poemas visuais. O autor envia-nos uma antologia da qual constam: Elaine Pauvolid, Márcio Catunda, Ricardo Alfaya, Tanussi Cardoso e Theresa Christina Rocque da Motta, todos com sua mostra de poemas da melhor qualidade" (Hugo Pontes, coluna "Comunicarte / Livros", na página 08, do Jornal da Cidade de Poços de Caldas-MG, em 23.10.2003).
"Dialogando com teu texto, aí vai: Nu e cru, dentro e fora do tempo, tempo que é o eterno tema tão caro à poesia. Como caber o poeta dentro de si mesmo? Sujeito entre objetos, não caber em si 'não tem o menor cabimento'. Precisando de roupas e fantasias que cubram seu corpo, para que ele possa se descobrir, o poeta tem é de caber no extravasar da palavra. Desejando-te sucesso, abraço fraterno" (Olga Savary, poeta, escritora, antologista, em carta de 25.10.2003).
"Recebi seu substancial material / 'dossier' e livros: 'Através da Vidraça' e 'Sujeito a Objetos' (in Antologia). Agradeço esse substancial material enviado, pois tais informações me são indispensáveis para o estudo panorâmico que venho tentando fazer com a produção da Literatura Brasileira Contemporânea". (Nelly Novaes Coelho, escritora, antologista, crítica literária, em carta de 05.07.2004).
"Muito obrigado pela remessa da coletânea 'Rios', que muito nos agradou. Felicitações por sua participação, que muito contribuiu para o excelente nível da antologia e a valorizou. Desejamos sucesso para o livro e amplo reconhecimento para os autores, que tanto o merecem. Nossos cumprimentos e o aplauso renovado dos leitores e admiradores." (Maria José e Reynaldo Valinho Alvarez, em carta do poeta e escritor, datada de 10.11.2003).
"Numa primeira leitura, observamos de imediato que, com palavras simples, frases curtas e sonoridade agradável, os poemas de Ricardo Alfaya apresentam algo mais do que os indícios visíveis à superfície e nos convidam a um mergulho propício à reflexão. A partir de 'Sujeito a Objetos', somos levados a considerar a importância das partes em relação ao todo, ou do individual em relação ao universal (...)". (Cecy Barbosa Campos, poeta, escritora, ensaísta e crítica literária, de Juiz de Fora-MG, em carta acompanhada de ensaio sobre 'Sujeito a Objetos", datada de 06.10.2003).
"Quando Márcio Catunda idealizou a coletânea de poemas 'Rios' (Editora Ibis Libris, Rio de Janeiro-RJ), talvez nem imaginasse que ali estaria uma das melhores reuniões de poetas já surgidos nos últimos tempos. Trata-se de Elaine Pauvolid, Márcio Catunda, Ricardo Alfaya, Tanussi Cardoso e Thereza Christina Rocque da Motta. Com capa de Rodrigo Azevedo da Silva e uma diagramação leve para o leitor, 'Rios' é um desses livros de poemas para se ler junto ao abajur, na cabeceira da cama." (Rogério Salgado, poeta, escritor e crítico literário de Belo Horizonte-MG, em ensaio publicado junto à coluna "Diversos Caminhos", de Zanoto, no jornal Correio do Sul de Minas, de Varginha-MG, em dezembro de 2003)
"O primeiro poema, que é aquele que dá título ao conjunto, apresenta uma questão que é proposta a Karl (Marx) e Leibnitz: 'Digam-me ainda quando ao contrário / o efêmero elemento da terra se levanta / e em arte inesperada se sublima / transformando-se em perene monumento'. Antes de pensarmos na resposta, as citações aos nomes de Karl Marx e Leibnitz bem dizem respeito ao âmbito das preocupações estéticas da poesia de Ricardo Alfaya. Se Karl Marx fundamenta a questão da função social da poesia no desenvolvimento de uma filosofia marxista da linguagem, por outro lado Leibnitz nos traz a questão que envolve uma concepção metafísica de caráter cristão. Tanto no seu conceito de mônada quanto na sua argumentação acerca da metafísica, Deus – criador das regras do Universo (mônadas) é que articula por meio delas um Universo pelo qual a existência do próprio Deus é perfeitamente demonstrável. Entre o ateísmo marxista e a metafísica leibniziana se desenvolve a questão do engenho poético de Ricardo Alfaya. A materialidade do ser vivo (...) e dos demais objetos criados pelo homem (...) só é superada num determinado momento que é a transcendência buscada pela palavra poética." (Jayro de Luna, poeta, escritor, professor, ensaísta, em comentário de três laudas sobre 'Sujeito a Objetos', datado de janeiro de 2004).
"Obrigado pela lembrança de me enviar um exemplar da coletânea 'Rios'. Além de você, aí estão velhos conhecidos como o Tanussi, o Márcio e a Thereza Christina. Uma edição bonita. Boa poesia. É a gana da palavra incendiando a alma." (Alcides Buss, poeta, escritor, professor da UFSC, Universidade Federal de Santa Catarina).
"Seus poema têm forte lado visual. Você vê o mundo, o que se passa nele e sua colocação dentro do contexto em que está inserido. É o cotidiano revisitado nos seus mínimos detalhes ('A Queda do Sistema'). Além de sua formação bem humanística, sente-se um ser sensível e questionador. Parabéns pela edição da obra que ficou, realmente, bem apresentada" (Branca Bakaj, escritora e crítica literária, pertencente à ANE, Associação Nacional dos Escritores de Brasília, em carta datada de 20.10.2003, a respeito de 'Rios').
"Meu caro poeta, Acabo de receber 'Rios'. Obrigado pela gentileza. Em 'Sujeito a Objetos' (os objetos que cercam o sujeito), uma imagem que provoca e faz pensar. Um começo feliz de um poema ou de um livro. O sujeito e suas naturezas mortas modernas... vou continuar a leitura." (Almandrade, poeta, ensaísta e artista plástico baiano, em e-mail de 04.10.2003).
"Parabéns pelo lançamento de Rios, antologia que, pelos nomes que reúne, já se afirma como um marco editorial (...). Parabéns pela criação do blogue Nozarte." (Fernando Fábio Fiorese Furtado, poeta, escritor, ensaísta, professor de Juiz de Fora-MG, em e-mail datado de 28.11.2003).
"Recebi seu belo livro, mais o Márcio Catunda, mais a Pauvolid, meus amigos. E estes, os amigos, é que são os verdadeiros poetas...! Está um primor. Ali debaixo da rede, eu sempre dando-lhe uma vasculhada. Retornarei. Aguarde. Enquanto isso, botei no ar a página do Neres [refere-se ao poeta José Geraldo Neres]. E dentre todos os ensaios, botei, evidentemente, o melhor que, por coincidência, é de um amigo nosso, um certo você mesmo" (Soares Feitosa, poeta, escritor, ensaísta, editor do Jornal da Poesia, na Internet, em e-mail de 15.10.2003).
"Não é novidade você ler que é poeta seguro, que sabe o que quer, mas repito... Bonita edição, também. Parabéns". (Izacyl Guimarães Ferreira, poeta, escritor, ensaísta, pertencente à UBE, União Brasileira de Escritores, em e-mail de 09.10.2003, sobre "Rios").
"Através de seu espaço caleidoscópico, antena da boa palavra que emerge de todos os mares da produção independente, bebemos na pura fonte genuína poesia: Ricardo Alfaya, Joaquim Branco, João Carlos Taveira, J. Cardias" (Ronaldo Cagiano, poeta, escritor, ensaísta, resenhista, em trecho de comentário alusivo à coluna "Diversos Caminhos", de Zanoto, e nela publicado, em 27.12.2005, no jornal Correio do sul de Minas, de Varginha-MG)
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ANTOLOGIA POETRIX , 5 / organizador Goulart Gomes. São Paulo: Scortecci, 2017. ISBN 978-85-366-5212-2
Ex. biblioteca de ANTONIO MIRANDA
[ O POETRIX é terceto contemporâneo de temática livre, com título e um máximo de trinta sílabas. Proposto, inicialmente, como uma evidente alternativo do HAIKAI, mantendo sua forma em tercetos mas subvertendo o seu conteúdo, ao admitir título, rimas, figuras de linguagem e um maior número de sílabas. Maiores informações sobre a sua estrutura, podem ser lidas no BULA POETRIX, no site www.movimentopoetrix.com.br ]
AGENDA REVISTA
Os dias morrem um a um.
Suas folhas caem
na vala comum.
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BOLETIM MÉDICO
Não há remédio ou vacina
capaz de curar os planos
da mercenária Medicina.
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CAMA E MESA
Às vezes o que falta
é um certo toque
doce de flauta.
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CONDECORAÇÕES
Olhando assim de jeito,
brilham medalhas demais
no peito daquele sujeito.
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DOS RELÓGIOS
De ouro ou de cobre,
nenhum relógio tem
um tempo que sobre.
*
LEMBRETE
Por mais alta a montanha
sempre pode vir a estar
sob os seus pés.
*
EM PEDAÇOS
Pratos fogem da mão.
Cacos e sílabas
espalham-se pelo chão.
*
NOITE
A vida é luz.
Por isso
um dia se apaga.
*
O PERIGOSO BUFÃO
Tá certo, seu rei.
Esta noite serei
o lobo da corte.
*
O PERIGOSO BUFÃO
Tá certo, seu rei.
Esta noite serei
o lobo da corte.
*
SALTIMBANCO
Vive pulando
de montanha em montanha,
enganando abismos.
*
SORTE MACABRA
A sorte,
quando macabra,
dá bode.
*
SUVENIR
Toldará este poema
um telhado dourado,
memória de Toledo.
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VEJA E LEIA outros poetas do POEMATRIX em nosso Portal:
Página publicada em março de 2024.
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