RENAN OLIVEIRA
[Rio de Janeiro, 1983], jornalista e radialista, é editor da coluna Espaço Literário, do www.palavriando.com.br. Está escrevendo seu primeiro livro de poesias, Além do infinito, e tem poemas publicados em antologias.
POESIA SEMPRE –No. 32 – Ano 16 – 2009. Poesia contemporânea do Irã. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2009. Editor: Marco Lucchesi. Capa: Rita Soliéri Brandti. ISSN 9770104062006. Ex. bibl. Antonio Miranda.
Silêncio
No vazio, se faz a agonia
Oca, súbita, inquieta
Tua alma quieta
Repleta, refeita
Estou num dicionário sem pai
É voz muda
Som sem eco
Vejo a natureza sem brilho
É navalha sem fio
Sofrida e sem cor
0 coração não pulsa, rasteja
E carne sem sangue
Arde sem dor
Não há saída no infinito
Do teu silêncio
Agora, vou me calar
Quero ouvir o meu silêncio
Além do que se vê
O que resta do escuro
é abismo
A imagem que retalha os olhos
é aviso
0 retrato que cega o espelho
é destino
Aquilo que se procura
entre a margem do sonho
e a mente intangível
beira a utopia,
não é cura, nem morte
nem tristeza, nem sorte
é visão
Cura
Refaço, em minha crença, uma figura
Agradeço, junto ao tempo, minha cura
Recrio um corpo
que se sustenta sozinho
supero a sutura e a cicatriz, retorcida
costurando minha carne, escurecida
0 que vem de mim
é restante
me tece de saudade
0 que é para sempre, castigo
é febre delirante
sonho que nunca tive
E o que faz de mim num instante
é piedade
(troco a vida por um abrigo)
Escondo minha voz por entre as mãos
penso num passado que não vi
Página publicada em julho de 2019
|