REGINA FITTIPALDI
Regina Stella Quintas Fittipaldi nasceu no Rio de Janeiro em 15 de abril de 1951, e declara o seu amor por Brasília consideran-do-se candanga de mente e coração.
Por ter sido criada em um imenso canteiro de obras, tornou-se arquiteta, — uma profissão que tem de equilibrar a energia do céu e da terra. Formada pela Universidade de Brasília, é profissional atuan-te e autora de vários projetos que marcam a paisagem de Brasília e de outras cidades brasileiras.
Vencedora de um concurso de poesia em 1993, é escritora de literatura infantil e tradutora de filósofos contemporâneos.
Ensaísta e conferencista, é colaboradora de inúmeras publicações.
Conselheira da Universidade Holística Internacional — Unipaz, desenvolve trabalhos na área de ecologia e meio ambiente, e se define como comprometida com a causa da melhoria da qualidade de vida da humanidade em todas as suas manifestações, sendo igualmente professora e praticante de Tai Chi Chuan.
CALIANDRA: poesia em Brasília. Brasília: André Quicé Editor, 1995. 224 p. 224 p. ilus. ISBN 85-85958-02-2
Ex. bibl. Antonio Miranda
ADRIANA
Quando te senti viva,
pulsando, se debatendo,
fiz de mim tua casa, inteira!
E não apenas no ventre,
mas no peito, na cabeça,
na pele, e em tudo meu!
E te falei desta vida,
e te contei desta estrada,
e te cantei sons e cores,
lembrei dos sonhos, das fadas. . .
E te senti sempre e mais,
e te quis a mais amada!
Te fiz nascer, Adriana,
na manhã ensolarada. . .
E contigo renasci,
naquela manhã de sol!
Refiz meu hino de amor,
meus sonhos, revi meu Norte.
Como o ar e a natureza,
tratei de me renovar,
e fui na realidade
pra te falar com verdade
dos caminhos a trilhar.
E deixei-me renascer
com a maior liberdade
reaprendendo a viver
contigo cada manhã
libertando essa criança
que brinca solta de tranças
na mulher que agora é mãe!
SOLTANDO AS AMARRAS
Deixa-me dançar a dança da vida!
Quero abrir os meus braços sem correntes
e abraçar o meu ser com amor
ao som da música que vem das estrelas. . .
Permite que minhas mãos deslizem
com ternura
sobre a minha pele
molhada pelo suor do meu calor,
e que eu cavalgue nos campos dos meus sentidos .
Deixa os meus cabelos soltos
voarem ao sabor do vento
que me trará os segredos que preciso ouvir,
para saber
do dia e da noite,
da água e do fogo,
dos sonhos e do amor.
Preciso respirar a liberdade
de ser humana,
de ser uma-na grande família
e que eu partilhe a mesa
com aqueles que eu eleger. . .
Eles verão brotar dos meus olhos
as lágrimas das minhas dores,
e dos meus lábios
os sorrisos das minhas alegrias.
Então, nutrida e livre
poderei caminhar,
e escolherei o sítio onde plantar
as minhas próprias raízes.
Neste mágico momento, renascerei.
Poderei gerar os meus doces frutos
e espalhar as minhas sementes.
SEARA
Na terra onde eu piso
tem areia macia,
tem pedras pontudas,
tem vento no rosto,
tem cheiro de mato
e perfume de flor.
Na trilha onde ando
tem céu claro de dia
estrelas à noite,
há sol e há lua,
tem uivos de lobo
que a pele arrepia...
Esta estrada, onde fluo,
é leito de rio
que tem corredeiras
e lagos de mar.
Onde solto meu riso,
derramo meu pranto
me entrego,
sou guia, e me deixo guiar...
Nessa vida onde habito,
cada dia desperta
um pedaço de mim...
Com o teu carinho
semeias meu corpo
e com teu amor
semeias meu ser
e me fazes jardim...
TU ÉS
Porque depois da montanha
solene, silente e imensa,
se estende plana a mesma terra mãe...
Porque depois do dia claro
acendem-se as estrelas
num mesmo céu que é tantos!
Porque num mesmo rosto
eu guardo sonhos, que de mil que são
apenas uns exponho...
Porque tu chegas e desnudas
o ser que em mim
cauteloso se envolvia em véus.
E assim me abres para um voo pleno,
afastas o medo de viver o sumo,
soltas ao vento o meu riso de música...
Amor! . . . Tu me atiras ao sagrado humano!
DIVAGAÇÕES
Que não me perguntem hoje
o que espero da vida.
Que me perguntem sempre
sobre a intensidade
da sede
que me torna buscadora
de sua essência.
GARÇA BRANCA
O teu olhar vem manso,
e ao mesmo tempo fundo.
Sou vento e me atravessas.
Em tuas mãos eu me coloco nua,
e me sinto tua, embora
não me possuas.
Porque és mágico,
e diante de ti aflora
o mais que humano em mim. . .
De mim, esperas o amor,
porque me amas garça
em pleno azul.
E embora eu seja múltipla,
me sinto una em ti,
porque o teu amor liberta.
VEJA E LEIA outros poetas do RIO DE JANEIRO em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_de_janeiro/rio_de_janeiro.html
Página publicada em janeiro de 2021
|