PEDRO RABELO
(1868-1905)
Pedro Carlos da Silva Rabello (Rio de Janeiro, 19 de outubro de 1868 — Rio de Janeiro, 27 de dezembro de 1905) foi um jornalista, contista e poeta brasileiro, membro fundador da Academia Brasileira de Letras.
Desde jovem colaborava na imprensa e firmou seu nome como jornalista, participando, antes dos vinte anos, da campanha abolicionista. Estava presente nas rodas boêmias de então e seus amigos mais próximos eram Pardal Mallet, Olavo Bilac e Guimarães Passos. Como todos os do grupo, colaborou em inúmeros jornais. Faleceu com apenas 37 anos, tendo poucas obras publicadas.
Obras: Opera lyrica, poesia (1894); Alma alheia, contos (1895); Filhotadas, versos humorísticos (1898).
PÁGINA 101
A Alcindo Guanabara
Mágoa horrenda, ânsia horrenda, ciúme horrendo
Esta mísera página continha.
E Ela, por lê-la, dos seus olhos vinha,
Vinha um fio de lágrimas descendo...
Esta os seus olhos que choravam lendo,
Mais do que as outras páginas detinha,
E aquele pranto pela angústia minha
Iam-me os versos desaparecendo...
A sua última lágrima desfê-los...
Hoje estes mesmos pobres versos choram,
O lugar dos antigos ocupando,
E estes, como os primeiros, que os seus belos,
Seus tristes olhos apagando foram,
Vão-se agora aos poucos apagando.
(De Ópera Lírica. Rio de Janeiro: Imprensa
Nacional, 1894)
OLIVEIRA, Alberto de. Páginas de ouro da poesia brasileira. Rio de Janeiro: Livrria Garnier, 1929? 419 p. 11,5x18 cm. capa dura. Impresso em Paris por Imp. P. Dupont. “ Alberto de Oliveira “ Ex. bibl. Antonio Miranda
(com atualização ortográfica:)
MANGUEIRA VELHA
Foi aqui. Neste tronco hirsuto, certo dia,
Viemos a data abrir das primeiras promessas...
Para nol-as dourar, sobre nossas cabeças,
Do alto o sol através das arvores descia.
Contemplarão-nos. Tu, cujo rosto sorria,
«Não me esqueças », disseste, e eu disse;« não me esqueças !»
E afastamo-nos, pois que de tua casa, ás pressas,
Vinham todos os teus procurar-te, Maria.
Esqueceste-me. O sol que as nuvens avermelha,
Não nos viu nunca mais namorados e ufanos...
Breves anos o nosso eterno amor findaram...
Seja sempre abençoada esta mangueira velha!
Esta que inda o conserva através de dez anos,
Mais do que nossos dois corações o guardaram.
Página publicada em julho de 2015
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