Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: http://comonasceumaobraprima.blogspot.com

PEDRO PAULO DE SENA MADUREIRA


Pedro Paulo de Sena Madureira. Tem exercido influência importante na cultura brasileira desde os anos 1960, sobretudo no meio editorial. Trabalhou com Antonio Houaiss e também com Carlos Lacerda, na Editora Nova Fronteira. Criou, com a família Siciliano, o grupo editorial do mesmo nome. Publicou dois livros de poesia (Devastação, Imago, 1976; Rumor de Facas, Companhia das Letras, 1989).

 

De
Pedro Paulo de Sena Madureira
RUMOR DE FACAS
Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 1989

 

As palavras querem romper

as amarras do poema.

Recusam-se a guardar o silencio

que entre o meu e o teu olhar

se lê.

 

Nada a fazer.

 

As palavras se anulam

 

na memoria.

 

Poesia:

 

luz que não se vê.

 

Mas o amor,

ei-lo: é o sonho

de urna página

entre nós

para sempre vazia.

 

 

Voz da treva

foz sem rio

praias amordaçadas

espumas imóveis

ferrugem nas pálpebras

 

Clausuras no ar

gritos desmantelados

corpos atónitos

línguas turvas

cavalos — nuvens? —

palavras e dúvidas

 

Armaduras

espectros condecorados

espadas atarefadas

 

O resto —

                   ferro e ossos

 

 

 

 

OUTROS POEMAS:

 

 

 Assim esqueço

 

Assim esqueço

e me renego.

Assim me abro

me aperto

e renasço ou desespero.

 

Assim me ergo

no cume deste lume

que não enxergo.

 

Assim me entrego

me prendo

reaprendo o que sonego.

 

Assim me transpasso

e integro o aço que me caça

com a brasa de sua acha.

 

Assim a hora e sua mora

assim do tempo os juros

que pago e não reclamo.

 

Assim — que não se apaga

— este fogo, cresce e lastra

o laivo túrgido

 

de um astro que me castra

e no chão fúlgido de minha queda

(urtiga que medra e me exaspera)

 

de era em era

de pedra em pedra

caído em meu mistério

 

assim de raiva

e sonho recomeço.

 

 

O Olhar Branco

 

O olhar branco

preso ao vazio

depois que as coisas ficaram por ser vistas.

 

O silêncio branco

despido de harmonia

depois que as palavras ficaram por ser ditas.

 

A morte branca

sem grito

sem cruz

sem glória

no avesso da história

depois que a agonia toda ficou por ser escrita.

 

 

 

MADUREIRA, Pedro Paulo de Sena.   DevastaçãoMordaçãs e revelações.  Rio de Janeiro: Imago Editora, 1976.   129 p.  (Série Poesia Imago)   14x21 cm.  Capa: Mauro Kleiman.  Col. A.M. 

 

EXÍLIO

 

Dentro de cada rosto vai-se

e perde o passo antes certo

que não se quisera passo, mas silêncio.

 

Se em vão caminha e nada encontra,

um rosto e cada ruga, cada cancro

conferem o périplo e o decretam

desde sempre, nas frias manhãs do tempo, nulo.

 

Mármores, fátua memória de um crime,

ou qualquer música degredada em pranto,

nada falta, mas fasta, imóvel, sucessiva

uma lua basta e sua lousa, desterro.

 

Letras, pedras, fomes, por entre grades paisagem

          ou rosto informe no fundo de uma página,

          vai a viagem ontem e esquece, urro ou
                                                                       simples erro.

 

 

LAUTRÉAMONT, QUASE FÁBULA

 

Se o lodo e sua lama fíngidoramente

lavam em grama curta como fero arame -

uma lua lívida, quando a cravar-lhe agulhas tenras,

qual vegetal esponja, uma aranha louca a passeia

e no passeio destila hábil o teor de sua negra fama,,

o ácido branco, a gosma de seu veneno, enquanto,

atarantada pelo ouro macio do precioso terreno,

não se decide a matar em êxtase, cumprindo seu pecado,

ou a furtar um simples raio, e seus meneios»

com que espante menos o horrível pelo,

 

de fato lodo e lama em pântano de água dura

secam ramas (grades) em raro adorno,

tal que o covarde astro,

obedecendo a equívoco doloroso e certo,

afoga seu desenho na poça amarga,

mas não apaga sobre si em luz tão magra

o ônix único do escandaloso inseto.

 

 

 

Página publicada em abril de 2011, ampliada e republicada em janeiro de 2013.

 


 
 
Voltar para a  página do Rio de Janeiro Voltar ao topo da página

 

 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar