PEDRO AMARAL
(Rio de Janeiro, 1974 - )
AMARAL, Pedro. Vívido. 3ª. ed. 14x21 cm. Rio de Janeiro: 7Letras, 1997. 105 p. ISBN 85-7388-053-8 Col. A.M.
“Pedro Amaral é uma das mais animadoras novidades na poesia brasileira no fim do século 20: ele começou, ainda muito jovem, de um patamar que a maioria não alcançou ainda.” ANTONIO MIRANDA
Inventário
É a mesma lição
De novo ecoando
Da qual sempre me escapa
O enunciado.
E, dele esquecido,
Me vejo obrigado
A refazer novamente o inventário
Do que pensava já haver aprendido.
Turismo
Aonde quer que se vá,
Levar o quanto se é;
Seja qual for o modo
De andar: se ligeiro
Ou pé-ante-pé.
(Aonde quer que se vá,
Decidido ou como-quem-não-quer,
impossível será não levar
Na bagagem o quanto houver.
Mais que isso:
Levar consigo,
Indo determinado ou a esmo,
O que há que faz ser possível
No andar, o andar mesmo.
Vívido
(living)
Não senhores não se importunem
com essa indisfarçável tristeza,
tristeza por nada, repentina,
que nada aplaca ou anima.
Não é amarga, não tem ranço,
não empresta o ar nem arrasa,
é como um pássaro batendo asas
pela casa
adentro, já passa.
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