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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


PAULO SCOTT

Fonte da foto: www.ranchocarne.org

PAULO SCOTT

Nasceu em Porto Alegre (8 de dezembro de 1966). Radicado no Rio de Janeiro desde 2008. Colunista do Portal de Literatura e Arte Cronópios e da revista eletrônica Terra Magazine.

Obra poética: A timidez do monstro, Editora Objetiva, 2006; Senhor escuridão, Editora Bertrand Brasil - Grupo Editorial Record, 2006.

“No texto incomum de Paulo Scott, o duelo das palavras. Uma poética fraturada que não faz concessões. Poemas que dilaceram. Instigam. Transgridem. A timidez do monstro é a poesia de um tempo que exige um novo verbo para se dizer”.  Fabrício Carpinejar

 

SCOTT, PauloA timidez do monstro.  Rio de Janeiro: Objetiva, 2006.  112 p. 13x21 cm.  Ilustrações: Guilherme Pilla.   ISBN 85-7302-758-4   “ Paulo Scott “  Ex. bibl. Antonio Miranda
 

tipologia dos alicates

mais violenta
que as sete letras
da saudade,
sua mão
alongava, fraca,
luz de boate
dentro das
veias azuis


olhos patrícios

parado a riso
emendou sob
má caligrafia
os nomes


receita para se executar nos lavatórios


a beleza incipiente
traz o inesperado,
mas pode ser ainda pior:

sugerir às menininhas
a rapidez das sombras
e jogá-las no irrecuperável


afinal


espirro contra a vidraça
borboletas de asas
opacas


pão com osso duro

avião decola e se inclina em direção ao Uruguai
estendo a ponta do canivete contra a janela
rasgo Porto Alegre ao meio


a hora mais perigosa

me angustiam as predileções de Cláudia,
passear entre sombras do parque pouco antes do anoitecer

ele virá, Cláudia diz enquanto me puxa através dos
arbustos, ele as tomará com jeito, e elas serão dele

aprenda, estúpido, aprenda com o senhor escuridão,
Cláudia elucubra e me deixa ali sentado

me seguro até que para de uma vez, imagino quando
ela me pariu, só então me ponho a chorar


o viaduto

não havia uma mina no recinto
ainda assim
os héteros se achavam
os mais gostosos

 

De

SCOTT, Paulo;      LAERTE. 
O Monstro e o minotauro. 
São Paulo: Dulcinéia Catadora, 2011. 
36 p.  ilus.  Ilustrações de Laerte. 
Capa de papelão comprado de cooperativas de
             reciclagem e pinta a mão.

 

 

você é minha boneca voduzinho,

lavo teus vestidos no mar

e depois o teu cabelo preto

e o seco com a bermuda suja    /

que uso para correr ao redor

da lagoa rodrigo de freitas

sentar nos bancos de concreto

e estagnar como uma dessas

tantas estátuas de escritor

você é minha boneca sem luz,

emolduro tua corcova inventada

com as troças e areias da guarda

e as beiras de colchão salpicado

por tachinhas pretas e vastidão

sem quebrar dos ângulos de cama

o que não pôde ser consumido     '

sob o engano de bastarem gentileza

 

na resistência plena dos domingos

 


****

 

 

espero o dia que me levará á você

ao gosto que esteve em sua boca

e não houve tempo de sentarmos

e você me contar - minhas almas

aguardam a etiqueta de viagem que

veio em teu nome - e na televisão

de certo devem passar programas

a que você assistiu distraído e apesar

da sua normalidade sem devolução

rios de propaganda e eu ainda não

 

 

Vejam mais:

http://pauloscott.wordpress.com/
http://www.laerte.com.br/

 

Página publicada em dezembro de 2008;ampliada em julho de 2011




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