presente
tento conter a espessura
do momento
anates da memória
depois do desejo
instante
que por um fio
impõe-se ao movimento
perpassa o espaço
inteiro do tempo
*
vivo o mistério grudado na carne
a dimensão da liberdade
meu único continente
renovado ao primeiro jato
lançado às veias
pela manhã
aceito o espanto como morada
avanço pela casas posta
como quem trilha o labirinto
e sabe que carrega a própria chave
quanto mais frágil
se teu rosto reconhecesse beleza
na palavra se recolhendo
para dar passagem ao medo|
entre
o que ainda virá
e este presente implacável
teu corpo seria um oceano pacífico
e meus olhos nos teus
um tribunal sem juízo
insone
a confusão entre sono e vigília
vara a noite feito caldo em mar grande
por trás das pálpebras o filme passa
incontornável
nem passado nem futuro
tempo suspenso que brota do pulso