NORBERTO DE SOUSA
(1820-1891)
Joaquim Norberto de Sousa e Silva, nasceu no Rio de Janeiro e morreu em Niterói, RJ. Poeta, romancista, teatrólogo, biógrafo, sua atividade literária foi intensa embora de pouca instrução. Seus romances situados na primeira fase do Romantismo são considerados iniciadores da ficção brasileira e têm valor histórico. É na crítica e história literária que está a sua melhor contribuição.
Obras: Balatas (poesia, 1841), Modulações poéticas (poesia, 1841), O Chapim do Rei (teatro, 1851), Romance e Novelas (ficção, 1852), Romances e Lendas (romance, 1869), etc.
BALATA
Nasci, como ave marinha,
Sobre estas ondas do mar;
Na triste minha barquinha
Cresci da onda ao embalar.
Na minha infância inocente
Por terras nuvens tomei,
E d´essa ilusão contente
Mil vezes - Terra! - gritei.
Ao silvo da tempestade
As ondas via dançar,
Cheio de temeridade
Punha-me logo a rezar.
Amei a brisa, que asinha
Foi-me tormenta cruel;
Amei a onda marinha,
Foi-me qual onda infiel.
Amei depois uma estrela
Que no céu via brilhar,
Eu, inda mais grata e bela,
Sobre as águas cintilar,
Na terra um dia encontrando
De meu amor lhe falei.
Porém à terra voltando
Em vão por ela busquei.
Mas ainda como estrela
No céu a vejo brilhar,
Ou inda mais grata e bela,
Sobre as águas cintilar.
Na minha pátria inconstante,
No oceano, vou morrer,
Onde pousa a minha amante
Sobre as águas vir me ver!...
(Transcrito de Minerva Bmsiliense, p. 397, por AD, pp. 277-278.)
Extraído da ANTOLOGIA DE ANTOLOGIAS – 101 poetas brasileiros “revisitados”. Comp. Por Magaly Trindade Gonçalves, Zélia Thomaz de Aquino e Zina Bellodi Silva. Prefácio de Alfredo Bosi. São Paulo: Musa Editora, 1995. ISBNN85-85653-05-1
Página publicada em abril de 2009.
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