Foto extraída de http://umbrindeapoesia.blogspot.com/
MOZART CARVALHO
Professor de Língua Portuguesa/Produção
Textual/Literatura/Inglês/Literaturas Americana e Inglesa. Especialista em Língua Latina. Membro do Grupo de Estudo de Línguas Clássicas e Orientais (LECO)/UERJ. Poeta carioca, ensaísta, ilustrador, tradutor. Atual vice-presidente da APPERJ.
“O escritor MOZART CARVALHO, em seu primeiro livro de poemas, “PELOAVESSO” (Oficina Editores, RJ/2013), já carrega a segurança do verso, como poucos que escrevem há mais tempo. Belo e estranho o livro. A beleza consiste no bom uso dos recursos estilísticos e de linguagem, como nos tropos da metáfora, da ironia, da metonímia e, principalmente, da imagem. Versos carregados de assonâncias e aliterações, onde a força da melopeia fornece enorme expressividade sonora à construção da ideia, nos envolvendo em laços auditivos, quase musicais, tornando, agradavelmente fluidos, os poemas, muitas vezes, suaves e delicados; outras vezes, ferozes; tantas vezes, sentimentais, pungentes, harmoniosos; em especial, em alguns temas recorrentes, como os da morte, do amor, da infância ou do erotismo, onde há sempre sutileza, brilho, talento, lirismo, tesão e prazer.”
TANUSSI CARDOSO in http://culturaalternativa.com.br/
Poemas extraídos de
http://poetasamigosdonaldovelho.blogspot.com/
:
AINDA
o sono atravessa o sonho
num sutil movimento
vontades – pontes na imaginação
ruínas infinitas
prelúdio de imagens – unção
como construir a vida
unindo na amarga argamassa
cacos, fracassos, desejos (?)
nem que seja
ainda
AMANTES
Sei que a vida ilumina
alguns amores e futuros...
recuo –me ao ninho
preenchendo de carinho
foi assim tua presença:
meu olhar sozinho
o alvo, o desejo, o prazer
sempre companheiros...
mas tu, amado, dispões
da urna sobre o sol e mar
um retorno silencioso
ao nascer, viver, morrer.
OLIANI, Luiz Otávio, org. entre-textos. Porto Alegre: Vidráguas, 2013. 104 p. 14 x 21 ISBN 978-85-62077-16-6
Ex. bibl. Antonio Miranda
MEIO-FIO
Mozart Carvalho
passantes
ainda que perdidos
nos bueiros
vozes ressoam no ar
janelas fechadas dos carros
portas trancadas a ferrolhos
luzes confusas dos faróis
cegam o mundo inteiro
desfalecem nas alamedas do asco
a urbe
ainda que maravilhosa
exala dióxido líquido
de pânico e horror
surpreende as noites em
nevoeiros
desfigurando rostos e pessoas
ainda que majestosa
espalha o cio
um vazio
sem um só medo
(In: Urbanosemcausa, RJ, Oficina, 2012)
TURBULÊNCIA
Luiz Otávio Oliani
pelas esquinas da cidade
o caos
o cimento o asfalto
o escarro dos dias
na turbulência a descoberta: a vida
tem sete faces
In: Fora de órbita, RJ, Editora da Palavra, 2007.
Página publicada em setembro de 2020
|