MÔNICA MONTONE
É poeta e psicóloga. É autora do livro "Mulher de Minutos”. Coordena e edita o link de poesia no site www.culturall.corm.br. Participa ativamente nos eventos de poesia do Rio de Janeiro e escreve crônicas e artigos para jornais alternativos de público dirigido. É paulista, mas escolheu a cidade maravilhosa para morar há cinco anos. Atualmente está produzindo o primeiro programa de poesia da TV brasileira, "Palavrão”.
Estátuas
As estátuas me comovem!
Do alto de seus bustos de cobre
Jamais cobram atenção
E seus ouvidos petrificados
Desconhecem a palavra "não"
Me intrigam as estátuas!
Encantadas por seus próprios feitiços
Esquecidas nas ruas
Observadas por todos que passam
Sem serem tocadas
Estátua não mente
Não fica triste
Nem se sente contente
Estátua não come
Não goza
Não precisa
Não teme
Não geme
Tremo diante delas
Cinderelas da Era moderna
Mulheres feitas de silicone
Chapinha e desilusão
Mulheres petrificadas
Pelo medo da rejeição
Flor Violeta
Abandonei minhas culpas
Na sepultura vazia dos que julgam
Me despi de todas as mágoas
Anéis, medos e anáguas
Entreguei aos ignorantes -
que tudo sabem. sem nada ver
A última armadura
Deixei para eles
O oficio de condenar-me
O vício de derrotar minhas virtudes
A praga da sonhada perfeição
Hoje colho amoras na pé
Lambuzo a boca de vermelho
Brinco com meu grelo
persigo borboletas nos canteiros
E passo dias inteiros sentindo a brisa tocar
o bico dos meus seios
Todas as falhas que tive
Agora eu sei
Foram somente adubo
Para a flor violeta que me tomei
(Extraído de República dos Poetas; antologia poética. Rio de Janeiro: Museu da República Editora, 2005)
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